Representantes religiosos do Amapá fazem ato contra a intolerância

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Por Jéssica Alves

Representantes de religiões de matrizes africanas realizaram nesta quinta-feira (21), em Macapá, um ato contra a intolerância religiosa. Adeptos de diferentes religiões afro-brasileiras, como a umbanda e o candomblé, concentraram-se na praça Barão do Rio Branco, no Centro da cidade, onde exibiram faixas e cartazes, e discutiram o tema. A ação foi em alusão ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

O protesto reuniu cerca de 1 mil pessoas, de acordo com o Instituto Municipal de Políticas para Promoção da Igualdade Racial (Improir). Segundo o presidente da entidade, Adlan Bismark, o ato acontece em todo o Brasil. Ele diz que no Amapá, uma das reivindicações dos representantes é que seja criada uma delegacia especializada para combater casos de intolerância religiosa.

“No ano passado tivemos vários casos de preconceito contra religião registrados no instituto. Muitos aconteceram em ambiente escolar e, por isso, nos preocupamos, pois é inaceitável que casos como esse possam ocorrer em nosso estado. Por isso uma de nossas reivindicações é que seja criada uma delegacia especializada contra atos de preconceito contra a religião”, disse Bismark.

Segundo a ‘mãe’ Nina Souza, coordenadora do ato em Macapá, os líderes e membros de casas religiosas querem chamar a atenção da sociedade amapaense pedindo paz e respeito em qualquer manifestação de crença.

“Nossa luta é por respeito, embora tenham ocorrido alguns avanços nos últimos anos. O maior desafio ainda é o de esclarecimento. O que pregamos é o amor e não o ódio. Muitas ações contra nossas casas e a nossa gente estão ligadas ao racismo. As pessoas precisam de mais informação, de saber mais a respeito, e, acima de tudo, respeitar a opção religiosa de cada um. Você pode não aceitar, não compartilhar dos meus preceitos, mas o respeito às diferenças é essencial para a convivência saudável de uma sociedade”, falou Nina Souza.

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Participaram da ação pessoas que afirmam já terem sofrido algum tipo de agressão. O integrante do movimento de matriz africano candomblé Humberto de Moraes, de 42 anos, é adepto da religião há 26 anos. Ele disse que ele e a família dele sofrem com a intolerância religiosa, inclusive manifestada em uma empresa onde ele trabalhou.

“Há alguns anos fui impedido de ir trabalhar com adereços relacionados à religião que sigo. À época até fui ameaçado de demissão e tive que cumprir a ordem. Hoje não passo mais por isso, mas quero garantir que meus filhos e amigos tenham orgulho da nossa manifestação”, ressaltou.

A comunidade participou da celebração, que reuniu apresentações culturais e rituais místicos, como roda de capoeira e marabaixo. No fim da programação uma caminhada foi percorreu ruas do Centro da cidade até o trapiche Eliezer Levy, na orla.

Fonte: G1 Amapá

*Fotos Henrique Silveira

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