Resenha do livro “O sol é para todos”, de Happer Lee – (Por Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena)

Por Lorena Queiroz

Não tem como você não refletir sobre o mundo quando escuta o título “O sol é para todos”. A não ser que você seja um sujeito muito alheio, você não consegue ignorar o significado do que este título diz. Esse foi o título dado a esta obra que é um clássico da literatura mundial, e que, apesar de impactante, eu discordo que seria a tradução de título mais fiel. Pois se tem uma coisa que eu entendi, é que, o sol não é para todos.

O livro se passa em plena depressão na década de 30 em Maycomb, uma cidade fictícia no sul do Alabama. Tudo nos é contado através dos olhos de Jean Louise Finch, a Scout. Ela e seu irmão, Jem, desfrutam da infância juntos. Cuidados por Calpúrnia, uma empregada preta que já estava neste lar antes deles nascerem.Eram arteiros mas com inteligência superior a de outras crianças. Tudo lhes tinha sido ensinado pelo pai. Tendo essa a superioridade intelectual incomodado a professora de Scout, que ao perceber que a menina já sabia ler, ordena-lhe que o pai pare de lhe ensinar “errado”. O pai era Atticus Finch, um advogado de personalidade cativante e justo, que assume a defesa de um preto acusado de estuprar uma mulher branca.O racismo é um dos temas centrais do livro. Atticus compra uma briga com sua comunidade. O que não é surpresa quando lembramos que nesta época ocorria a segregação racial nos EUA, e era o Alabama.

Ocorre que a narrativa não limita -se as questões raciais, e sim, abrange as diferenças como um todo. Desde o vizinho que Scout, Jem e seu amigo de férias, Dill, atazanavam com uma curiosidade infantil e mórbida, pelo fato do mencionado vizinho nunca sair de casa.

Atticus assume a causa mesmo sabendo que estava perdida. Assume o risco e a hostilidade de uma cidade porque acredita na inocência daquele homem, e alguém teria que fazer isso.

A beleza do livro, na minha opinião, está na visão que a criança têm sobre as diferenças. As crianças que são os seres mais brutalmente sinceros com suas reações e julgamentos, mas que ainda não foram corrompidas pelo resto da sociedade. Julgar despido das amarras que a sociedade e os costumes nos impõe é coisa que fica para os inocentes e os corajosos. E nada melhor do que a frase de Charles Lamb encontrada ao abrir o livro: “Os advogados, suponho, um dia foram crianças “.

* Lorena Queiroz é advogada, amante de Literatura e devoradora compulsiva de livros.

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