Resenha do filme “A Esperança”- Parte 1 (Por @igorrealequatro – via blog da @alcinea)

Por Igor Reale

O filme A Esperança- Parte 1 mostra uma parte da conclusão da saga da rebelde heróina Katniss (Jennifer Lawrence) e seu oprimido país Panem. A história do longa ocorre logo após acontecimentos do segundo filme, onde a moça teve um de seus interesses românticos (são dois) capturado e o distrito, em que nasceu, completamente destruído em um bombardeio. A dinâmica do filme ocorre agora em um refúgio subterrâneo, onde os rebeldes conspiram para a derrubada do tirano Presidente Snow( Donald Sutherland).

Os dois primeiros filmes tinham como base, uma crítica ao autoritarismo do Estado, a privação de liberdade e, também ao controle que os meios de comunicação exercem sobre a sociedade. Katniss fazia parte de um massacre de jovens que era maquiado pela mídia em programas de auditório, figurinos extravagantes e, claro, uma espetacularização totalmente deturpada da violência. A crítica social casava, perfeitamente, com as cenas de ação do filme. O conjunto desses elementos tornou…

os dois primeiros filmes da saga Jogos Vorazes, um diferencial nos filme direcionados ao público juvenil.filme3

Em “A esperança”, a crítica se inverte. Katniss agora é a garota propaganda da resistência. Os opositores ao governo não tem medo de usar afilme3 ousadia, o suor, as palavras e as (muitas) lágrimas da protagonista como gasolina para incendiar os conflitos nos 12 distritos que compõem o país fictício da história. É interessante essa desconstrução. A propaganda do governo mostra um país próspero, belicamente organizado sob a tutela do austero presidente Snow. Por outro lado, as transmissões piratas dos rebeldes se valem da figura da heroína nos destroços do lugar em que nasceu ou se acabando em (muitas) lágrimas ao visitar os feridos da revolução. São dois lados distintos, mas com a mesma estratégia.

O maior defeito no filme reside na sua divisão. O livro A esperança é um volume do mesmo tamanho que o seus antecessores Jogos Vorazes e Em Chama. O filme que você vai ver no cinema é a primeira parte do livro e interrompe os arcos narrativos na metade. É um produto mutilado. Para preencher as duas horas de projeções, alguns momentos são alongados e a narrativa é comprometida. Apesar de ser o capítulo final, este é o filme mais cansativo e arrastado de todos. O desenvolvimento dos personagens também é comprometido. Apesar das duras consequências que os seus amigos sofrem pelos seus atos, a protagonista Katniss continua patinando em meio a sentimentos confusos em relação a causa que defende e aos seus dois pretendentes.

A ironia é que apesar de criticar a manipulação midiática, A Esperança não deixa de ser uma vítima em potencial desta. Uma vez que precisou ser dividido, mutilado e esticado para atender as exigências do falido cinema hollywoodiano que, hoje, só sobrevive apenas de continuações, remakes, adaptações de outras midias como as histórias em quadrinhos e a literatura. A história da heroína pode ser um discurso de liberdade, mas seu filme ainda é prisioneiro de estratégias mercadológicas sujas que privilegiam o lucro em detrimento de uma boa história.

Fonte: Blog da Alcinéa Cavalcante (coluna Clube do Filme)

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