Richarlyson, um tapa na cara do conservadorismo dentro do futebol – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Ao ser assumir bissexual o ex -jogador quebra barreiras, chama para o debate e da um verdadeiro tapa na cara de toda uma estrutura machista , homofóbica e conservadora no futebol brasileiro.

Richarlyson é um ex futebolista brasileiro, que brilhou nos campos sua carreira teve muito destaque no São Paulo, pelo tricolor paulista foram três títulos brasileiros, um Mundial de clubes, pelo Galo Mineiro veio a Libertadores da América, além de estaduais (dois), o Paulistão pelo Ituano, fora os prêmios individuais, vestiu a Canarinho. Currículo invejável dentro das quatro linhas.

Sua força, rigidez, categoria o faziam ser sempre demostrado como acima da média para um volante, a evolução para “meiuca” foi natural, Richarlyson o filho do Lela Careta ( Campeão brasileiro de 1985) era de certo um jogador fora de série, daqueles que não precisaríamos de muito para concordar que o cara era foda.

O cidadão Richalyson, agora um ex- futebolista deu uma verdadeira aula de coragem, ao se assumir bissexual, talvez o maior premio que o mesmo já tenha ganho, o apoio de muitos clubes e de muitas pessoas já era esperado, a evolução que a nossa sociedade vem passando já permite que o assunto venha a tona, sim a sexualidade do atleta não o impediu de exercer seu talento de forma alguma. Seria natural, mas estamos falando do futebol.

Futebol, esporte mais popular do mundo, onde vemos torcidas apaixonadas vivendo o dia a dia do clube, transformando vidas, sendo democrático, futebol é jogo, nada é certo, nada é exato, o futebol é bem diferente da realidade.

A realidade é que vivemos em um país extremamente homofóbico, onde os crimes de ódio contra a comunidade LGBTQI+ ainda tem índices alarmantes e absurdos, onde a segregação social destes seres humanos é clara e parece não incomodar, é preciso ser muito homem para ser gay no Brasil.

O futebol, ou melhor, o preconceito já vitimou Justhi Fashanu, inglês , atacante o primeiro a se assumir, tirou a própria vida ao ver a carreira degringolar e a depressão tomarem conta depois de um grito de liberdade. Eram outros tempos, mas já sabíamos que machucávamos quem era diferente. Richarlyson, mesmo um vencedor, conviveu com gritos homofóbicos das torcidas adversárias e muitas vezes da própria torcida, mas isso não o fez baixar a cabeça. Um exemplo.

O ex jogador, apenas sendo natural, com uma declaração entrou de carrinho na hipocrisia, deu um drible seco na homofobia e marcou um verdadeiro golaço contra a caretice, se fez presente, chamou para as críticas e recebeu todo apoio merecido, o futebol que mais de uma vez se demonstrou a válvula de mudança em muitas ocasiões vai ter mais essa missão.

O cara foi homem pra caralho em mostrar a cara e dar esse verdadeiro tapa na cara do conservadorismo dentro do futebol.

Que muitos outros sigam o exemplo, não só futebol ou nos esportes, que as famílias sejam mais receptivas e aprendam a lidar com essas questões, que mercado de trabalho também abra suas portas e que o melhor que ninguém seja julgado por seus gostos e afins.

Que todos possam conviver bem e que cada um cuide da sua própria vida, que com isso possamos melhorar como pessoas e construir assim um mundo melhor.

Que venha um tempo que podemos falar “Richalyson é bissexual e dai ? O cara era foda em campo e é ídolo do futebol”.

Parabéns Richarlyson, que tua coragem sirva de exemplo, e que muitos como tu possam surgir e que daqui a um tempo essa pauta não cause estranheza, susto ou o que quer que seja.

Tu foi campeão dentro e fora de campo.

Tu é foda.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

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