Por Rostan Martins
Percorrendo a Avenida Ivaldo Alves Veras, nos deparamos com o Sambódromo, com a Avenida do Samba e com a Cidade do Samba. Complexo do samba; palco de caqueados; cenário de histórias vividas, de emoções, de alegrias e de amores.
Mas, atualmente, tudo num completo abatimento. Topamos com as lágrimas do Sambódromo. Sem as agitações dos dias que antecedem os desfiles; sem os desfiles das escolas de samba. Este cenário declina para a melancolia. Vamos chegar, há exatos, quatro anos sem as alegrias e as emoções do Sambódromo. A mesma situação que dar vontade de chorar.
Nosso carnaval é grandioso! Alcançamos um nível de mega espetáculos; exportávamos carnavalescos; fomos enredo na Sapucaí, enredo campeão.
Temos a Liesap – Liga Independente das Escolas de Samba, onde abriga um Conselho de Representantes das agremiações, entidade que tem a competência de organizar os desfiles. 10 escolas de samba; 11 blocos carnavalescos; 5 barracões destinados às confecções das alegorias e das fantasias (Cidade do Samba). Ainda temos o Sambódromo, com camarotes, arquibancadas e infraestrutura necessária par os desfiles.
Somos uma comunidade apaixonada pelo samba, pelo carnaval. Além disso, temos o suporte governamental: iluminação, segurança pública, sistema de saúde, limpeza, etc.
Então por que a não realização dos desfiles, com toda essa trajetória e história?
O som dos surdos não mais ecoara lá pelos campos do Complexo do Marco Zero; os sambas de enredo não mais cantaram as nossas culturas, nem as nossas memórias. Os sambistas não vão bazofiar o breque na pista. Não veremos as emoções das mulatas, nem das rainhas. E nem as disputas, nem as notas 10. O rei Momo está desolado. Estamos sem majestade. A sua fantasia está sem o brilho da felicidade.
A culpabilidade pelas lágrimas do Sambódromo recai a quem? Aos líderes das agremiações? Ao presidente da Liesap? Aos governos (municipal e estadual)? Aos brincantes? Aos sambistas? Ao rei Momo? De quem é essa responsabilidade?
Ao final de tudo, o motivo da passarela do samba, local de demonstração de emoção e alegria, estar desamparada, é culpa de todos nós que adoramos carnaval.
Mas, não vamos desistir, mesmo com o rosto em lágrimas, com o Sambódromo às lagrimas, vamos no “Pererê”, no “Aqui nós bebe, aqui nós cai”, ou, nos arrastões de algumas escolas de samba. Ou seja, carnaval vai ter. Preparamos nossa fantasia e vamos na “Banda”. E, no ano que vem, nós nos encontraremos com o Sambódromo, enxugaremos as suas lágrimas, e sambaremos.
Esta situação daria um belo Ladrão de Marabaixo, concordam?