Saudades do Quiosque Norte Nordeste, o saudoso “Bar da Floriano”

Fotos: Chico Terra.

Quem vive a boemia de Macapá há mais de 20 anos, certamente frequentou o Quiosque Norte Nordeste da Praça Floriano Peixoto. O “Bar da Floriano” era o ponto de encontro de poetas, artistas, músicos e malucos em geral. Os proprietários do boteco eram dona Neide e seu Alceu. Aliás, duas figuras queridas por todos que por ali curtiram na companhia de amigos.

O seu Alceu era sempre cara carismático e caladão. Quando descobriu que eu era filho do Penha, virei brother na hora, pois meu pai tinha sido seu amigo.

Ilustração de Ronaldo Rony

No Bar da Floriano rolou de tudo: Rock (lá, eu e um grupo de amigos inventamos o “Lago do Rock”, em 2004), Reggae, Samba, MPB, MPA, Clube do Vinil, saraus temáticos, declamação de poesia, lançamento de livros (como o Vanguarda), exibição de filmes, lançamento de fanzines (como os do Ronaldo Rony), venda de artesanato, entre outras tantas manifestações culturais.

Era fácil ver por lá figuras como o poeta Dinho Araújo, os músicos Nivito Guedes, Dylan Rocha, Sérgio Salles, Rebecca Braga, Chico Terra, a Patrícia Andrade, o Wedson Castro, o Ronaldo Rodrigues, o saudoso Gino Flex, etc. Enfim, uma porrada de gente legal.

A poeta Patrícia Andrade no Quiosque – Foto: Aog Rocha

O Bar foi fechado pela Prefeitura de Macapá em 2011 (acho eu, pois não lembro da data exata) e deixou a galera sem rumo, sem ninho, sem point. Pode soar como nostalgia, mas o boteco de banheiro sujo, goteiras e instalações rústicas deixou saudade numa moçada que conheço bem.

A cereja do bolo era o Antônio, garçom mais folgado e bruto como poucos, sempre com sua camiseta verde. Eu gostava daquele figura.

O comentário do amigo Chico Terra sobre o fechamento do Bar pelo poder público foi perfeito. Eu aqui reproduzo e assino embaixo:

“Era lugar de reunião de artistas e que varava madrugadas em paz. Mas o poder público mandou derrubar o quiosque que abrigava a poesia para dar lugar a uns ridículos pedalinhos que estão desativados agora, tudo em nome da intolerância, inclusive religiosa do gestor municipal de plantão (na época)”. É isso!

Marlonzinho, eu, Fausto, Patrick e Ronaldo Macarrão – 2004.

É, nós, os malucos da cidade politicamente incorretos, contávamos moedas para a coleta da birita no local, pois amávamos a crueza e falta de sofisticação do boteco. Bons tempos aqueles do Bar da Floriano, apesar de, às vezes sórdidos, mas sempre divertidos. Com toda certeza, uma lembrança feliz. É isso.

Foto: Flávio Cavalcante

Elton Tavares
*Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”. 

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