Quem vive a boemia de Macapá há mais de 16 anos, certamente frequentou o Quiosque Norte Nordeste da Praça Floriano Peixoto. O “Bar da Floriano” era o ponto de encontro de poetas, artistas, músicos e malucos em geral. Os proprietários do boteco eram dona Neide e seu Alceu. Aliás, duas figuras queridas por todos que por ali curtiram na companhia de amigos.
O seu Alceu era sempre cara carismático e caladão. Quando descobriu que eu era filho do Penha, virei brother na hora, pois meu pai tinha sido seu amigo.
No Bar da Floriano rolou de tudo: Rock (lá, eu e um grupo de amigos inventamos o “Lago do Rock”, em 2004), Reggae, Samba, MPB, MPA, Clube do Vinil, saraus temáticos, declamação de poesia, lançamento de livros (como o Vanguarda), exibição de filmes, lançamento de fanzines (como os do Ronaldo Rony), venda de artesanato, entre outras tantas manifestações culturais.
Era fácil ver por lá figuras como o poeta Dinho Araújo, os músicos Nivito Guedes, Dylan Rocha, Sérgio Salles, Rebecca Braga, Chico Terra, a Patrícia Andrade, o Wedson Castro, o Ronaldo Rodrigues, o saudoso Gino Flex, etc. Enfim, uma porrada de gente legal.
O Bar foi fechado pela Prefeitura de Macapá em 2011 (acho eu, pois não lembro da data exata) e deixou a galera sem rumo, sem ninho, sem point. Pode soar como nostalgia, mas o boteco de banheiro sujo, goteiras e instalações rústicas deixou saudade numa moçada que conheço bem.
A cereja do bolo era o Antonio, garçom mais folgado e bruto como poucos, sempre com sua camiseta verde. Eu gostava daquele figura.
O comentário do amigo Chico Terra sobre o fechamento do Bar pelo poder público foi perfeito. Eu aqui reproduzo e assino embaixo:
“Era lugar de reunião de artistas e que varava madrugadas em paz. Mas o poder público mandou derrubar o quiosque que abrigava a poesia para dar lugar a uns ridículos pedalinhos que estão desativados agora, tudo em nome da intolerância, inclusive religiosa do gestor municipal de plantão (na época)”. É isso!
É, nós, os malucos da cidade politicamente incorretos, contávamos moedas para a coleta da birita no local, pois amávamos a crueza e falta de sofisticação do boteco. Bons tempos aqueles do Bar da Floriano, apesar de, às vezes sórdidos, mas sempre divertidos. Com toda certeza, uma lembrança feliz. É isso.
Elton Tavares, com a colaboração de Patrícia Andrade e Aog Rocha.
Fotos: Chico Terra.
7 Comentários para "Saudades do Quiosque Norte Nordeste, o saudoso “Bar da Floriano”"
Saudades de tantos momentos.Felizes que convivemos. Aesperança nunca morre.Somos uma Equipe abraços Alceu Rocha
Grande Seu Alceu… Abraço!
Frequentei muito aquele ambiente. Era saudável, de gente amiga e de boas gargalhadas!
Verdade, João. Abraço, amigo!
Quando entra a lógica …inlógica…a cultura emudece!
Adoro seus textos e maneira como reproduz as histórias, me fazem revisitar o passado em um “piscar de linhas”.
Abraço Elton, continue nos presenteando com seu blog, aqui o meu muito obrigado!
Valeu, Roger. Obrigado por nos ler. Abraço!