Por Ugor Feio
A Secretaria de Estado da Cultura (Secult) confirmou nesta segunda-feira (1°) que o Museu Joaquim Caetano, em Macapá, deve ser reaberto até setembro. Fechado há quase 5 anos, o local já passou por duas reformas, em 2016 e 2017, mas após as melhorias outros problemas foram identificados.
Segundo o titular da Secult, Evandro Milhomen, o museu foi fechado por conta dos constantes alagamentos, causados por problemas estruturais no telhado e na rede hidráulica. Ele explica que, desta vez, o projeto de reformas foi concluído e está prestes a passar por licitação.
“Tivemos uma revitalização em 2016 e não foi concluído o processo, sendo retomado em 2017. Mesmo assim tem alguns problemas graves que não foram identificados na época e que podem por acervo em risco. Vamos reformar também a parte elétrica, para fazer instalação das novas centrais de ar”, explicou.
De acordo com o secretário, o telhado do prédio acumulava muita água, especialmente no período de fortes chuvas, e as calhas instaladas não eram suficientes para dar vazão ao grande volume e acabavam empoçando e invadindo o teto do museu.
“O problema do telhado causava os alagamentos por cima e o problema hidráulico por baixo. Novas instalações serão feitas para redirecionar essa água para as linhas pluviais. Em 60 dias entregamos o museu para a sociedade, mas queremos fazer tudo dentro das normas”, reiterou.
Devido aos reparos, o prédio ficou fechado todo esse tempo. Turistas que visitam a região reclamam que, apesar da riqueza patrimonial, o centro histórico da cidade não é explorado como deveria, comprometendo o turismo.
O historiador, professor e integrante da equipe de pesquisa do museu, José Farias, conta que após os alagamentos algumas peças precisaram ser retiradas da exposição e guardadas no acervo.
Ele detalha que o prédio é o terceiro mais antigo da capital, atrás apenas da Igreja de São José e a Fortaleza de São José.
“Este edifício é repleto de história, quando os colonizadores chegavam a novas terras, a primeira coisa que faziam era instalar uma igreja e depois as fortificações. Após isso, eles construíram esse prédio onde funcionava a sede da intendência, na época do Império, que futuramente viria a ser a prefeitura da cidade, mas já sediou até mesmo uma delegacia”, diz.
O professor descreve também que a exposição atual conta com simulações de como era a vida dos ribeirinhos.
Da época da fundação da cidade, estão à mostra um filtro de água feito de pedra vulcânica, datado de 1895, com material encontrado na Fortaleza de São José, além de urnas funerárias encontradas em escavações por todo o estado e uma bandeira francesa encontrada no período de conflito territorial.
Além disso o acervo conta ainda com as doações dos familiares de personalidades históricas, que forneceram itens como o uniforme militar de Francisco Veiga Cabral, o “Cabralzinho”, documentos históricos que contam a história do Amapá, assim como uma grande doação de obras de arte e mobiliário feita pela família Sarney.
Histórico do Museu Joaquim Caetano
O loca foi fundado no século 19 e o nome dado é um tributo ao médico e diplomata gaúcho que escreveu a obra “L’Oyapoc et L’Amazone” (1861), usada na elaboração da defesa apresentada por Barão do Rio Branco, ao definir os direitos do Brasil na questão de limites com a França em 1900.
No acervo encontram-se urnas funerárias dos povos indígenas Maracá e Cunani, encontradas nas escavações arqueológicas; objetos pessoais do primeiro governador do Amapá, Janary Gentil Nunes e também de Francisco Veiga Cabral, que ganhou destaque na luta pela defesa da fronteira.
Fonte: G1 Amapá