Sobre aprendizado, trabalho, amizade e gratidão: valeu, Vales!


Quem lê este site, desde que ele era um blog há 8 anos, sabe: independente se são figurões ou não, falo dos meus amigos. Hoje contarei um pouco da experiência porreta que foi trabalhar com um deles.

Era março de 2013. Eu era assessor do prefeito Clécio, eram os meses iniciais do primeiro mandato dele à frente da Prefeitura de Macapá. A gente tava trabalhando mais que garçom de formatura. Tocou o meu celular e a Marilene (assessora do desembargador Raimundo Vales, mas eu não sabia quem era ela) disse: “Elton Tavares?”. Eu: “sim, em que posso ajudar?”. Ela prosseguiu: “aqui é do Gabinete do desembargador Raimundo Vales, você pode vir aqui”. Meio confuso, disse que iria.

Ao chegar lá, tive uma breve conversa com o desembargador, que de cara mostrou logo seu perfil direto e alegre. Bom, aí começou um capítulo importante da minha carreira como jornalista e assessor de comunicação.

Vales, além de desembargador no Tribunal de Justiça do Amapá, era à época presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP). Naquele encontro, após entrevistar outros colegas jornalistas e aceitar a sugestão da querida Bernadeth Farias (jornalista chefe da comunicação do TJ Amapá e querida amiga deste gordo) me convidou para assumir a comunicação do TRE. Topei na hora.

Trabalhar com ele e sua equipe foi um aprendizado e tanto. Justo, bem humorado e coerente, Vales sempre soube cobrar, mas dava condições para o trabalho ser feito. Além disso, escutava técnicos e especialistas entes de tomar decisões, assim como deve ser. Nunca dado a floreios ou coisas não práticas. Sempre fazia o que era necessário para resolver, dentro do possível e legal. Às vezes, ele botava pra quebrar, quando necessário, mas na maioria das situações, seguia pela via mais contemporizadora. Trampar dois anos com ele foi muito legal. Um aprendizado e tanto.

No alto dos seus 63 anos, destes 26 de magistratura (17 de desembargo), Vales presidiu o TJ e o TRE do Estado. Também foi professor de Direito na Universidade Federal do Amapá (Unifap).

Em seu perfil na rede social Twitter, ele disse: “sempre admirei quem soube sair: a circunstância certa, o momento adequado, o motivo correto. Afinal, sair é verdadeiramente uma arte!”. Aliás, ele sempre disse isso. Falava sobre “a roda” da vida, uma analogia sobre a importância das mudanças.

Fazendeiro e homem que curte agricultura e pecuária, Vales vai curtir a família, sua fazenda e seus cavalos. Enfim, descansar.

Nunca tinha escrito um texto sobre o Vales. Nem nas passagens de seu aniversário, pois tinha medo de ser jogado pelos idiotas de plantão na vala comum dos puxa-sacos, mas deixei de bobagem.

De acordo com o Tratado sobre Gratidão de São Tomás de Aquino, existem três níveis de gratidão: superficial, intermediário e profundo. O primeiro pelo o reconhecimento. O segundo do agradecimento, do dar graças a alguém por aquilo que esse alguém fez por nós. E o terceiro e mais poderoso é o do vínculo, é o nível do sentirmos vinculados e comprometidos com essas pessoas.

Agradeço ao Vales no segundo nível, pela oportunidade do aprendizado e pelo crescimento profissional que aquele momento significou.

Ele é um cara porreta mesmo e este breve depoimento é pra registrar meu apreço e satisfação que foi trabalhar com ele. Valeu, Raimundo, tu és um baita cara porreta!

Elton Tavares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *