Sobre censura e a praga do politicamente incorreto!

13245360_1801209100114436_3696224045766519723_n

Por Renivaldo Costa

Meu pai, Heráclito, foi professor voluntário no Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral). Estimulado pela contribuição que estava dando à Nação, comprava romances, enciclopédias, obras clássicas e toda sorte de livros que pudessem nos estimular no fascinante mundo da Literatura. Foi dai que nasceu minha paixão pelos livros. Meu primeiro autor preferido foi Monteiro Lobato. Depois engatei nas obras do Vinicius e adentrei nas peças de Nelson Rodrigues.

Em tempos de pós-modernidade, tudo aquilo que cultuei hoje é politicamente incorreto. Primeiro que o Mobral virou piada de botequim. As obras de Monteiro Lobato estão proibidas pelo MEC porque foram classificadas como preconceituosas, a frase de Vinicius onde ele se declara o “branco mais preto do Brasil” é tida como racista e as peças de Nelson Rodrigues foram rotuladas de homofóbicas, chauvinistas e machistas.

Já não há lugar para a boa literatura nem para a boa música. A censura é mais cruel que aquela dos tempos da ditadura e que forçou artistas como Chico Buarque a utilizar pseudônimos para liberar a gravação de suas obras.

Censuraram “atirei o pau no gato”, “samba do crioulo doido”, “nega do cabelo duro” e “morena de Angola”. Comer “nega maluca” nem pensar. A que ponto chegou o patrulhamento?

Há tratados, artigos e estudos nos dizendo o que nossos filhos devem assistir, o que escutar e o que ler. Surpreendentemente, não censuram aquelas músicas imbecis da Xuxa, Angélica, Carla Perez e Ivete Sangalo (Sim, elas também fazem músicas infantis). Preferem implicar com a “arca de Noé”, com “Os Saltimbancos” e até com “Balão Mágico”. Vivemos, parafraseando Chico, num país da delicadeza perdida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *