Tenemos papa (crônica de Ronaldo Rodrigues)

Pois é, torcida brasileira! Não é que deu Argentina na Copa do Mundo do Vaticano! Quem vai ocupar o trono de tio Pedro é um deles! Los hermanos devem estar muy contentes, regalados com esto inolvidável acontecimiento (será que derrapei muito no portunhol?).

Agora é que os vizinhos vão se achar! Vão dar um brilho no sapato de salto alto e proclamar o tango como ritmo universal.

O título foi conquistado com o cardeal argentino correndo por fora, jogando apenas para cumprir tabela. Fazendo essa catimba, tipicamente argentina, ele driblou todas as expectativas e ainda botou pra escanteio um brasileiro favorito ao posto de campeão. Não deu outra, levou a taça. Isso é que é campanha!

Pausa para um trocadilho infame, porque eu também tenho direito: o cardeal brasileiro entrou pelo Vaticano. Ui!

Prosseguindo. Vamos ao segundo tempo desta crônica:

Os argentinos recusam a opinião pública mundial, que aponta como zebra a vitória do cardeal nascido na pátria de Maradona. A Torcida Organizada Che Guevara Sin Perder la Ternura já organiza passeatas de protesto e promete fazer um estrondoso panelaço en la Plaza de Mayo.

Por falar em Maradona, a igreja formada por fãs que cultuam o gorducho se rendeu à emoção de ter um papa argentino e admite o novo Sumo Pontífice como o próximo ídolo. Maradona passará ao modesto posto de Deus, o que, convenhamos, tem tudo a ver com seu estilo e ego.

Pausa para fofoca de bastidores: dizem que Maradona cheirou muito (opa!), chorou muito ao tomar conhecimento da notícia.

Fito Paez foi convocado para compor o hino de louvor ao novo papa, que já deu entrada nos papéis para a beatificação de Messi.

Os especialistas arriscam suas opiniões sobre a atuação do novo papa. Qual será o esquema? Será um jogo aberto, como João XXIII? Vai pra galera e correr pro abraço, como João Paulo II? Ou será retrancado, como o papa-reserva, Bento XVI?

Agora não adianta chorar, torcida brazuca! Vamos ter que aturar o sarro dos argentinos quando o papa campeão der a volta olímpica na Praça de São Pedro.

Escolha de papa é assim mesmo: é uma caixinha de surpresa, são 115 cardeais contra 115 cardeais, crássico é crássico, eu venho de uma contusão, mas o professô acreditô em mim, me escalô, eu vô dá tudo de si, respeitando o adversário, o importante é competí e, se Deus quisé, saí daqui com os três pontos etc. blá-blá-blá e tal…

Ronaldo Rodrigues

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