Terceira Carta – Por May Sousa

Faz um tempo que todas as coisas são desconhecidas, desconexas e descabidas. Parece que no relógio houve uma inversão de tempo, eu parei, você continuou. Eu me perdi. Cadê o ponteiro disso tudo? Do jeito que se adianta as coisas e nada acontece, quando o que eu mais quero é que simplesmente se faça. E eu nem sei o quê que eu quero. Ta amontoando vários espaços pra você aqui, na casa, no quarto, no terraço e no meu corpo. Na quentura do meu corpo. Onde há suor e tudo em ebulição.

Tu vem? A minha cabeça ta fazendo um jogo de esconde, tem dia que eu nem acho. Tô jogando. Tô perdendo. O ponteiro parado, que ora parece adiantado, ora atrasado, só me traz a dúvida estúpida de arriscar no vento a melhor hora pra te encontrar… espera!? Tu ta jogando o jogo do esconde? Mas… eu não tava sozinha? Ah, já nem sei. As coisas estão sem calço correto e vão pendendo para o lado que querem, desisti de ter controle sobre elas, combinando essa bagunça ao que tu me dedicas: dúvida, pedaços de ‘para sempre’, tiras enormes de ‘porquês’ e saliva rala de quem quer tentar segurar o tempo no intervalo de um beijo.

Esse experimento de querer ta me condenando à fórmula absoluta de provar e somente provar… um gosto provisório daquilo que não pertence ao meu ficar, e, assim sendo não sei que horas chega ou que se um dia nunca irá.

Uma roda gigante de mim mesma que se desfaz em pequenas coisas, e eu vou me recompondo aos poucos em um esboço tímido de alegria reclusa.

May Sousa

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