Transguianense: estudos de Fronteira da UNIFAP segue na Expedição à Região das Guianas (parte II)

Depois de percorrerem cidades de 5 países em 20 dias, os expedicionários da região das Guianas Brenda Farias, Clícia Vieira Di Miceli, Gutemberg Silva e o documentarista Gabriel Flores fecharam o eixo da Transguianense, percorrendo – após os países já mencionados em matéria anterior (ver https://www.blogderocha.com.br/estudos-de-fronteira-da-unifap-conclui-metade-da-expedicao-regiao-das-guianas/ ), os dois últimos planejados na rota, a República Cooperativa da Guiana, país economicamente mais pobre na América do Sul) e a Venezuela (país marcado atualmente por crise econômica que se reflete na sistemática emigração da população, principalmente para o Brasil e Colômbia).

Agora, após o fechamento do arco da Transguianense com a passagem pelos dois países acima mencionados e pelos estados de Roraima e Amazonas, no Brasil, é possível fazer um balanço amplo e abrangente de tudo que se passou na primeira etapa do trabalho.

A colonização das Guianas foi assentada em torno das grandes potências expansionistas entre os séculos XVI e XVIII e isto resultou em uma história de migrações intermitentes, cuja base central se deu com a escravização da mão de obra africana, além dos povos originários das Américas, os indígenas. Posteriormente, foram trazidos os indianos, javaneses e chineses. Este caldo de etnias fundou a base geral da composição étnica das Guianas, salienta Gutemberg. Esta questão é central para compreender a grande região cortada pela Transguianense. Em razão disso, completa Clicia, tudo se reflete na música que se produz e que ali circula.

A partir das diversas interações se faz necessário afinar os olhares e ouvidos para uma música singular que nasce no entrecruzamento da Amazônia com o Caribe, como se percebeu no trajeto. Outra marca central na composição étnica e econômica atual das Guianas é a forte presença brasileira, especialmente nos garimpos, seja onde tal atividade é legalizada (Guiana), aceita (Suriname) ou ilegal (Guiana Francesa), destaca Brenda Farias, que está atenta às informações sobre vulnerabilidade humana no trajeto da expedição.

Em geral, os desafios foram muitos até agora: a barreira das línguas; o trato relacional com culturas tão diferentes e de matrizes religiosas variadas; e as dificuldades com transporte para cruzar as tão distintas fronteiras, seja nas mais porosas (Oiapoque, entre Brasil/Guiana Francesa e Maroni, entre Guiana Francesa/Suriname), seja na de pouco cruzamento (Corantyne, entre Suriname/República da Guiana) ou mesmo nas que a circulação pela ponte (Tacutu entre República da Guiana/ Brasil) ou na linha seca ( Brasil/Venezuela). Toda esta plêiade de situações e convergências se destacaram no fechamento deste ciclo, completa o grupo.

Hoje, 20 de dezembro, inicia o circuito fluvial em território brasileiro, seguindo a rota Manaus-Santana descendo o rio Amazonas. O grupo ressalta que este novo trajeto, com mudança de perspectiva de análise, trará novos desafios para o fechamento da missão.

Texto da equipe que compõe a expedição. 

Fotos: Gabriel Flores
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