Tu a minha espera – Por Fernando Canto

Por Fernando Canto

Tu não sabes o que a açucena é além de flor? Ela é a cena do amor que eu ainda trago em mim ao te ver num palco de sonhos, dourado de luz com efeitos especiais.

Dia desses, rompido em flor de dança, quebrado de partidas e cheganças, de odores e suores, aportei neste porto que zelas a me esperar, que eu sei. Não adianta me dizer que desconheces o destino, posto que ele já estava traçado em tuas mãos de cigana desconfiada.

Grunhi um desabafo quase silencioso sobre os camburões de ferro que flutuavam no trapiche, agradeci a Deus e me encolhi diante da tua figura de mulher. Foi então que me dei conta que o coração batia duplamente: tocava um ritmo caribenho por ter te encontrado como a flor que és e, num sentido contrário, o velho Tum Tum Tum desritmado se extasiava, pleno, na quintessência que só a paixão traz, desordenada e incompreensível, quando bombeava excessivamente o líquido vital.

Foi assim que eu me fiz de peixe, e com as mãos se transformando em nadadeiras, coloquei teu anzol na minha boca.

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