Dona Natalina partiu para continuar sua caminhada em outro plano, após uma vida contribuindo com o enriquecimento de nossa cultura, mantendo viva as nossas tradições afrodescendentes. Foi de um desejo dela, de ter um filho, que foi incorporado ao Ciclo do Marabaixo da Favela, o Almoço dos Inocentes, e a bênção ainda hoje é paga pelos familiares e amigos.
Joãozinho Gomes e Val Milhomem se inspiraram nesta negra de valor para criar uma das canções mais conhecidas de nossa cultura, é por pessoas como ela que ainda vive o marabaixo, e em sua memória irá se perpetuar, mesmo agora, quando nos despedimos dela.
Era lindo vê-la dançando ao som dos tambores, eram os momentos em que a memória antiga vinha a tona, e ela dançava lucidamente, com cadência, rodava a saia, mesmo com o pensamento distante.
Meus sentimentos aos familiares e amigos da Favela.
“Natalina falou, gengibirra não é mole não, se o nego beber demais, vai fazer zoeira, se perde pelo salão e adeus brincadeira….”
Mariléia Maciel – Jornalista e militante da cultura amapaense.