Um “espírito” Vilhena que se foi…Nerci Pinheiro de VILHENA

Mamãe e eu em uma das mais belas visões da Catedral de Notre Dame.

Por Gutemberg de Vilhena

Essa figura maravilhosa estaria fazendo hoje, 16 de fevereiro de 2018, seus 76 anos. Contudo – em razão de complicações em sua saúde, deixou-nos no ano passado. Dona Nerci, Dona Quiquita, Dona Clorismina, Dona Xanxa, Dona Essa-outra eram as várias maneiras pelas quais a chamávamos. Ela tinha um “espírito” Vilhena sempre aceso, vivo. Esse “espírito” alude a alguém sempre alegre, com energia positiva, mesmo diante das intempéries e atropelos que a vida lhe apresenta. E, digo-vos, não foram poucos os apresentados para Dona Nerci!

Na última terça-feira, dia da “Banda”, Yurgel Caldas publicou um textinho neste blog sobre tal evento e o papel que a casa do “tio” Eurico tem na concentração da família Vilhena (Conferir em https://www.blogderocha.com.br/a-banda-e-a-casa-do-eurico-textinho-porreta-e-verdadeiro-de-yurgel-caldas/). A mamãe, Dona Nerci, lá estava estampada no centro da foto “de capa” e eu estava ao seu lado, como mostra a foto replicada da matéria abaixo.

Família Vilhena reunida para ver a “Banda” passar

Existem muitas maneiras de homenagear as pessoas que tanto amamos certo? Claro que sim! E outra verdade – tácita ou não – é que em vida tal expressão de carinho e afeto se eleva à enésima potência! Então, dedicarei as palavras seguintes a uma viagem-homenagem feita para Dona Essa-outra em outubro de 2015.

O momento mágico. A torre e a mamãe.

Em meados de 2015, mais ou menos fevereiro, tive uma ideia que se concretizou, para minha alegria, em outubro do mesmo ano: levar Dona Quiquita para me visitar em Paris, cidade que eu já morava há mais de um ano em razão de estudos (pós-doutoramento). Mamãe há tempos nem saia de Macapá e conhecia malmente um pedacinho da Amazônia. A tarefa pode até parecer que foi fácil, mas não se enganem. Dona Nerci relutou por meses, mas quando soube da companhia de suas belas e maravilhosas irmãs, Tia Rosa e Tia Ana, mudou de ideia – mas não rapidamente. A presença de Paula Gabriele, à época minha esposa, também lhe tranquilizou. Foram maravilhosos 15 dias que fiquei em sua companhia naquela cidade. Imaginem o orgulho de um filho em ter sua mãe em uma das cidades mais legais do mundo para se conhecer.

Mamãe na Praça da Concórdia

Dia após dia eu mostrava as maravilhas da cidade e tanto mamãe quanto suas irmãs ficavam maravilhadas com tamanha beleza. O “espírito” Vilhena contagiou a cidade de Paris e também a meus amigos. Sim, eu já tinha vários amigos e fiz questão de organizar um encontro para que todos se conhecessem. Foi muito bom. Até açaí, cuidadosamente levado por elas, foi servido neste dia. Nos dias que antecederam a viagem, criamos um grupo de Zap zap intitulado “Cajazeiras em Paris” e por este meio vários outros familiares puderam acompanhar nossa trajetória. Eu preparei um roteiro pensando exatamente no perfil daquelas que – encantadas – se extasiaram ao poder aproveitar e curtir com a “pegada” que elas tinham. Restaurantes maravilhosos, uma arquitetura que poucos lugares têm em quantidade e qualidade, e os vários sorrisos emplacados a cada momento de descontração foram nossos inebriantes momentos. Nada de muito caminhar! Qual estratégia, então? Metro! Bom, barato e com qualidade. Quantas e quantas vezes entramos e saímos das várias estações de metro. Até perdi as contas.

As cajazeiras na frente do Museu do Louvre

Bom, acho que não preciso contar cada detalhe de três figuras maravilhosas – as Cajazeiras – na cidade de Paris, correto? Foi simplesmente a melhor das viagens e já tínhamos combinado fazer tantas outras. Mamãe despertou para conhecer novos lugares, tal como hoje Rosa e há muito tempo Ana fazem.

Mamãe contemplando obra de Rodin no Museu d’Orsay

Neste primeiro ano sem sua presença no dia que tanto brincávamos, dia do seu aniversário e de sua irmã Rosa, eu gostaria de registrar aqui um pouco das tantas lembranças que tenho desse “espírito” Vilhena que se foi. Eu poderia narrar muitos outros momentos, mas este, em especial, causa-me tamanho orgulho, porque foi o momento que mais vi minha mãe uma “criança”, brincando como se não existissem problemas no mundo, tal como nossas crianças pensam e agem.

Essa foto não é da viagem. Mas eu não poderia deixar de coloca-la.

Beijo, mãe!

Gutemberg de Vilhena Silva. Professor na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) e, o mais importante, filho de Nerci Pinheiro de Vilhena.

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