Um gol inesquecível (crônica de Ronaldo Rodrigues)

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Começo parafraseando Paulinho da Viola: tinha eu 12 anos de idade (e não 14, como no samba) quando meu pai me chamou para assistir, pela TV, a um jogo sem interesse para a torcida brasileira, que só admite disputa pelo primeiro lugar. A data: 24 de junho de 1978. O local: Estádio Monumental de Nuñez, Buenos Aires. O evento: decisão do terceiro lugar da Copa do Mundo, entre Brasil e Itália.

A conquista da Argentina foi embalada por muitas polêmicas. Sua classificação para a final veio através de uma suspeitíssima goleada de 6 a 0 sobre o Peru.

A seleção argentina, bastante forte, contava com craques como Fillol, Passarella, Ardilles e o artilheiro Kempes. A força da equipe ganhou um reforço de fora das quatro linhas: a pressão do governo argentino. O título mundial cairia como uma luva para a glorificação do regime do general Videla. E foi o que ocorreu.

Mas voltando ao jogo: a Itália abre o marcador com Causio, no primeiro tempo. O próximo gol da partida é uma obra-prima que ficará marcada para sempre na minha memória de torcedor.

Aos 19 minutos do segundo tempo, o lateral direito Nelinho pega uma bola pela direita, próxima ao bico da grande área, e chuta com sua potência característica. A bola descreve uma curva muito acentuada, sai do alcance do goleiro Zoff e estufa o canto direito da rede. Depois, com o gol de Dirceu aos 25 minutos, o Brasil conquistava o terceiro lugar daquela Copa do Mundo.

A minha revolta de garoto recusou o título de “campeão moral”, expressão cunhada pelo técnico Cláudio Coutinho e aceita por muita gente, mas o gol de Nelinho fez meu jovem coração vibrar como o de um campeão.

Quer ver o gol? Assistam o vídeo abaixo:

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