Sabem aquela frase dentro da letra da canção oitentista “Como eu te quero quero”: “não aguento esses malucos todos fantasiados, dançando de pescoço duro em cima do muro”. Pois é.
Há alguns anos, fui ao bar Vitruviano (que ficava no centro de Macapá, mas o local já fechou), assistir ao show da banda The Hides (extinta), que era bem legal.
Aquele não era só mais um boteco-de-luxo-sofisticado. Bar era legal, bem decorado e o som da The Hides era muito firme. Logo que cheguei, me senti um cachorro dentro de um aquário.
Bom, vamos por partes. O termo “baladas” não casa com “rock”, é como “guerra-santa”, uma contradição total.
Primeiro, o local era frequentado por playboys e patricinhas (daqueles sustentados pelos pais), com algumas boas exceções, claro. Tudo bem, é um tipo de preconceito as avessas, mas vou explicar.
Os play’s têm uma sincronia única no modo de dançar e gesticular, é quase um balé. As paty’s seguem a risca a padronização que lhes cabem: vestido colado, maquiagem pesada, chapinha e dancinha da tchutchuca. Ah, e claro, com uma Ice na mão.
Quando os play’s vibram com alguma música, que tocou expressivamente nas rádios, é como se conhecessem o som com propriedade. Para sacar esse mundo, acho que é preciso algum tipo senha, que não quero saber qual é. Parece que eles tem um código de conduta. (risos).
Resumo da ópera, me diverti muitão. Afinal, eu sou um apreciador do bom rock, uma “pedra rolando”. Voltei lá muitas vezes.
Durante aquela noite, além de rir da futilidade alheia, colei no balcão, curti o som, bebi cervas e vodkas.
Isso foi em 2010 e passados seis anos, nada mudou. Frequento barzinhos sujos e arrumadinhos, gosto de variedade de bebidas, de bom tira-gosto e de música legal, mas com esse modismo enlatado e comportamento padrão fresco e besta de ser, nunca me acostumarei.
Elton Tavares