Um relato firmeza e engraçado sobre o primeiro dia do Lollapalooza Brasil 2015 (textaço) – Por Mentor Neto

Enquanto você está aí, no conforto do seu combo wifi+ar condicionado, estou aqui no Lollapalooza, em Interlagos.

Trouxe minhas filhas.

Devia chamar Longeapalloza.

Tudo aqui é longe.

Interlagos é longe. Os palcos são longe. A água, a comida, os banheiros são longe.

O que esperavam, afinal?

O lugar foi feito para se ir de um ponto ao outro num fórmula um.

Como podem exigir que eu vá caminhando?

O público se divide em 2 grandes grupos: meninas de shortezinho jeans e barbudos de gel no cabelo. Alguns barbudos também usam shortezinho.

Estou sentado na grama.

Sinto que a última vez que sentei na grama o continente ainda se chamava Pangeia.

Um garoto de uns 15 anos ameaçou me ajudar a sentar.

Humilhante.

Agora começou o show de uma banda cujo nome só tem consoantes.

Tentei pronunciar e minha filha achou que eu tinha engasgado.

Sou o único num raio de 30km que nunca ouviu falar deles.

Dele na verdade.

Fica o sujeito lá sozinho, pulando e fingindo que mexe nuns botões.

Se estivesse fazendo um risoto ninguém notaria a diferença.

Martela os graves e esfrega os agudos na minha orelha. As vozes eletrônicas.

Uma moça, aqui na minha frente, dança fora de controle.

Me escapa o que leva alguém a dançar assim.

Estou hipnotizado olhando para a moça dançando.

Perco a noção do tempo.

Então percebo que foi a maconha que bateu.

Não.

Claro que eu não fumei.

Em que ano vocês acham que eu vivo? 1974?

Mesmo sendo 2015 a brisa ardida e doce da maconha cobre o lugar desde as 3 da tarde.

Uma bruma alucinógena.
Demais essa música.
O telão psicodélico.
O cara pulando.

Ainda bem que sou imune aos efeitos da marijuana.

Agora estou dançando com o vendedor de cachorro-quentes.

A música alta, o laser, fumaça, o chão que vibra.

Amanhã acho que venho de shortinho de jeans.

Mentor Neto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *