Uma crônica para juntar pedaços – (Por Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena)

Crônica de Lorena Queiroz

O fim de qualquer coisa é sempre algo realmente curioso, triste e curioso. O fim de um ano é sempre instigante. O fim de uma vida é sempre inexplicável. O fim de um amor é sempre triste. O amor é sentimento complexo que todo ser humano, ao menos, deveria ter seu lugar de fala, mas infelizmente, tem gente que passa por essa vida sem se deparar com os benefícios e as pragas trazidas pelo amor.

Nós sabemos que o amor nada mais é que um complexo fenômeno neurobiólogo baseado em atividades cerebrais que vem pra foder a tua vida, mas calma, também tem muita coisa boa em se apaixonar. A ressaca é grande, mas o porre é bom. É muito mais fácil pensar que somos vítimas de um processo químico e que uma boa reprogramação mental e terapia podem levar embora. Mas dentro dessa crueldade terrena que usamos para nos defender de nós mesmos, o que seria da literatura, da música, da poesia, das artes em geral e, principalmente, dos bares, se não fosse essa dor uma constante comum entre nós, o desassossego.

Quem não lembra da busca desesperada de Horácio Oliveira por Maga em O jogo da Amarelinha, de Cortázar, ou de Heathcliff enlouquecendo em O morro dos ventos Uivantes. O fato é que essa dor é e sempre será a mola que produzirá da sua carcaça o melhor em todas as artes. Salvo no sertanejo, nesse setor eu retiro tudo que eu disse. Mas bem sabiam o que diziam Baden Powell e Vinícius no Canto de Ossanha ; ‘’pergunte pr’o seu Orixá, o amor só é bom se doer. Vai amar, sofrer, chorar, dizer’.

O fato é que o fim sempre gera muito mais assunto interno, esse mistério que circunda nossa total incompetência em entender como funciona um jogo em que, nem sempre, temos talento, mas desajeitadamente vamos trilhando os caminhos, furando os pés em alguns espinhos, mas caminhando sempre. Esse, que é o maior dos sentimentos humanos e que nos proporciona tantas dores e delicias, faz de nós melhores escritores, melhores músicos, melhores pessoas.

Tudo nessa realidade será um dia acabado, silenciado, mas o amor sempre continuará lá, seja em uma recordação ou em uma fotografia que registrou a felicidade daquele dia, estará como diz Chico ; ‘’… Num fundo de armário, na posta-restante milênios, milênios no ar”. E como disse acertadamente Javier Velaza ; “Se nada nos salva da morte, pelo menos que o amor nos salve da vida”.

* Lorena Queiroz é advogada, amante de literatura, devoradora compulsiva de livros e crítica literária oficial deste site, além de prima/irmã amada deste editor.

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