Uns rápidos, outros mais demorados: Assim são os amores (por @SharlotSandim)

Por Sharlot Tavares

Apenas uma parcela muito seleta consegue ser eleita para viver o amor que dure o bastante pra dividir a vida inteira.

Comigo eles chegaram e partiram. Cada um tem seu lugar cativo no meu coração e na minha loucura (que é, diga-se de passagem, um buraco sem fim). Em todos eles deixei um pedaço de mim, cada pedaço único, com mérito de ser lembrado sempre com um sorriso saudoso, sem os rancores de brigas tempestuosas.
Cada briga leva consigo uma parte do amor que nutrimos por outra pessoa. Mas não leva tudo, sempre sobra uma parte, mesmo que pequena (e é verdade). Aquela parte onde o cara ou a moça pode ser um “escroto”, mas naquele momento que ele(a) te fez sorrir ou te emocionou com um gesto de humanidade, momento esse que quando você lembra, consegue respirar fundo que chega a ficar até aliviado.
Nossa mente consegue armazenar momentos, horas, dias, anos e mais detalhes que a gente nem sabia que seria capaz de lembrar. São sorrisos, choros, palavras e músicas que quando nos vêm na lembrança, é batata!, não há como não reviver na memória os acontecimentos.
Com o tempo, as lembranças ficam empoeiradas. E nós não iniciamos mais as frases, na roda de amigos, que comecem com “uma vez o fulano me deu uma caneca…”. Isso passa, vai perdendo a cor a cada dia; e essa pequena parábola fica em uma estante de madeira velha, lá dentro da gente.
Depois que um amor passa, a gente fica, vai viver outros amores, outras histórias, outras pessoas. Faz planos, vive o presente, viaja, vai pro boteco, faz outra faculdade, aprende a dançar, a dizer não, a ouvir outros estilos, se veste diferente, olha o mundo diferente. Levamos junto o pacotinho das lembranças daquela estante velha, e que no fundo faz parte, sempre fará, e é isso que nos constrói.  
Meus poucos “amores” falam comigo ainda hoje, sem revivê-los, mas de maneira descontraída, e não, não vamos ao cinema, teatro, barzinho ou igreja. Nós nos falamos em situações ocasionais, como na fila do banco, numa esquina de trânsito. É nesse momento que eu tenho certeza que tudo passa e o que fica são os momentos. Esses sim, são eternos.

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