Crônica de Ronaldo Rodrigues
Estou só no deserto.
Nu, com fome, sede e frio.
Mas sei que, se levantar os braços e invocar a santidade dos caminhos escuros, a luz virá ao meu encontro.
Estive em todos os momentos difíceis da história e nenhum conseguiu me aniquilar.
Vou medindo meus passos, conferindo-os um a um.
Sei que, se pisar no chão com a força que tenho, posso causar um terremoto.
Um sopro meu pode desencadear um furacão.
Estou na noite, no cais, e o navio que vem me livrar do naufrágio está a caminho.
A manhã virá. O sol virá. E depois a lua e todos os sonhos e todas as fantasias e todas as realidades.
A esperança é um sentimento bonito, um tanto deturpado, distorcido por quem acha que esperança é simplesmente… esperar.
Vim para mudar o mundo ao meu redor.
Vim para libertar um povo.
Vim para ouvir música e cantar, enquanto pedalo minha bicicleta pelo labirinto da cidade.
A cidade que me acolhe e, de repente, me vira a cara.
Eu não nasci para ser triste, me disse o horóscopo, e não vou contrariar isso.
Podem contar comigo.
A grande revolução está em marcha.