Não deu pra escrever algo legal. Então vamos beber! – Crônica de Elton Tavares – *(Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”)

Crônica de Elton Tavares

Mesmo que minha vontade grite em meus ouvidos: “escreva, escreva”, a força criativa não estava muito inventiva na sexta-feira. Mesmo assim, resolvi tentar atender tais sussurros.

Você, meu caro leitor, sabe que gosto de devanear/ “cronicar” sobre tudo. Escrevo sobre o que dá na telha e tals. Só que hoje não. Pensei em escrever uma lista de clássicos do Rock and Roll, shows das grandes bandas que assisti, uma lista de meus filmes preferidos; quem sabe redigir sobre futebol (pênalti perdido pelo Roberto Baggio em 1994, que me fez beber pra cacete), carnaval, amor ou política, mas apesar da inquietação, nada flui. É, tudo pareceu tão óbvio, repetitivo e desinteressante este momento. Foda!

Quem dera ser um grande contista ou cronista. Ser escritor, de verdade, deve ser legal. Não falo de “pitacos” e devaneios em um site – sem nenhum tipo de ironia barata. E sim de caras que possuem livros publicados, bibliotecas na cabeça, bagagem cultural e não pseudo-enciclopédias, que só leram passagens ou escutaram fulanos contarem sobre obras literárias lidas. Talvez, um dia, eu chegue lá. Quem sabe?

Mesmo que seja sobre uma bobagem, precisa-se de merda engraçada, porreta de se ler. Às vezes escrevo assim, de qualquer jeito. Por que? Dá muito trabalho contar uma história ou estória de forma bem escrita, oras. Quem dera pensar: agora vou me “Drummonizar” e voilà: escrever um “textaço”. Não, não é assim. Já ri muito de alguns velhos posts pirentos por conta disso.

Por fim, vos digo: textos ruins parecem cerveja quente em copo de plástico, ou seja, não rola. Já uma boa crônica parece mais uma daquelas cervas véu de noiva de garrafas enevoadas, na taça, claro.

E já que não deu pra escrever algo caralhento, vamos beber, pois é sexta! Bom final de semana pra todos nós!

Acho que a gente devia encher a cara hoje, depois a gente fala mal dos inúteis que se acham super importantes” – Charles Bukowski.

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em 2020.

O breve relato sobre a Little Big, a saudosa banda de skatistas de Macapá – Crônica de Elton Tavares

As lembranças do Facebook me trouxeram uma foto da saudosa banda Little Big. Na postagem, os componentes do grupo e brothers das antigas contavam causos e marcavam um reencontro. Aí bateu a nostalgia e resolvi republicar este texto. Saquem:

A primeira formação da Little Big foi com Antônio Malária, no vocal, Ronaldo Macarrão, no contrabaixo, Tibúrcio, na guitarra, e Paulo Neive, na bateria. Todos skatistas.

A banda quase acabou com a saída de Tibúrcio. Patrick Oliveira (hoje líder da stereovitrola) assumiu este posto de forma brilhante. Houve um rodízio na cozinha da Little. A bateria contou com participações do Zico, Ricardo Kokada e Kookimoto, mas quem emplacou mesmo foi o Mário (não lembro o sobrenome do Mário e nem sei por onde ele anda, mas o cara tocava muito).

Eles tocaram juntos da segunda metade dos anos 90 até meados de 2002. Era a banda que mais agitava o rock and roll em Macapá.

A Little foi a banda de garagem mais duradoura e badalada daquela época (certeza de casa cheia onde os caras tocavam). No repertório, tinha punk, indie, hardcore e manguebeat. Chegaram a desenvolver um som próprio, com composições do Antônio Malária, um flerte com o batuque e marabaixo, misturados ao rock.

A banda ganhou força com a percussão de Guiga e Marlon Bulhosa. Inspirados, chegaram ao topo do underground amapaense com as canções autorais “Baseados em si”, “São Jose”, “Beira mar” e “Lamento do Rio”. Quem viveu aqueles dias loucaços lembra bem do refrão: “Eu sou do Norte, por isso camarada, não vem forte”.

 

A banda embalou festas marcantes do nosso rock, teve seus anos de sucesso pelas quadras de escolas, praças, pista de skate, bares (principalmente o Mosaico) e residências de Macapá. Quando os caras executavam “Killing In The Name“, do Rage Against The Machine, a casa vinha abaixo. Era PHODA!

Era rock em estado bruto, sem muitos recursos tecnológicos ou pedaleiras sofisticadas. Os caras agitavam qualquer festa. Quem foi ao Mosaico, African Bar, Expofeiras, Bar Lokau, festas no Trem Desportivo Clube e Sede dos Escoteiros, sabe do que falo.

Vários fatores deram fim à Little Big, como desentendimentos internos e intervenção familiar. Eles não estouraram como banda autoral porque não tiraram os pés da garagem.

Em 2012, os caras se reuniram e tocaram em uma festa, mas eu perdi a oportunidade de vê-los, pois estava indo para Laranjal do Jari a trabalho. A Little Big agitou as noites quentes de Macapá e embalou os piseiros de uma geração. Uma banda que faz parte da memória afetiva de muitos amapaenses roqueiros e já quarentões. E foi assim.

De um tempo que fomos para sermos o que somos” – Fernando Canto.

Elton Tavares

Sobre a saudosa Drop’s Heroína (primeira banda de Rock formada somente por mulheres do Amapá) – Crônica de Elton Tavares – *Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”

 

 

Ilustração de Ronaldo Rony

 

Crônica de Elton Tavares

A Drop’s Heroína surgiu do desejo das, então adolescentes, Rebecca Braga (vocal) e Aline Castro (guitarra). A proposta foi a de formar uma banda diferente, com uma agressividade teenage. Logo depois se juntaram à Lenilda (bateria) Cristiane no contrabaixo e Sabrina (guitarra base). Depois, a formação mudou várias vezes. Entraram Suellen no teclado e a última formação contou com Débora nos vocais e Dauci no baixo. A banda lutou contra o preconceito, já que era formada apenas por mulheres, algo nada convencional no Amapá, na década de 90.

A banda foi pioneira no feminismo do rock amapaense. Suas apresentações eram sempre porretas, dignas de um público fiel que seguia a Drop’s aonde quer que as heroínas fossem tocar.

A Drop’s não resistiu à saída da vocalista Rebecca Braga, tentou seguir em frente com uma substituta, mas a coisa não vingou. Apesar disto, a banda inspirou outras meninas e escreveu uma página importante do nosso rock. Ao primeiro grupo roquenrou formado por mulheres de Macapá, nossas saudosas palmas.

Em 2012, no extinto bar Biroska, rolou a festa “Noventinha”, com shows das bandas Little Big (eles não tocaram, mas isso é outra história), Drop’s Heroína e Os Franzinos – todas da mesma época. Infelizmente não fui, pois estava no município de Laranjal do Jari, a trabalho. Uma pena.

Enfim, essa foi uma história vivida por muitos que viveram o rock amapaense há mais de duas décadas. Aqueles anos ficaram guardados na memória e no coração de todos.

É, vez ou outra “mascamos o chiclete Ploc da nostalgia”, como diz Xico Sá.

Falando em citações, existe uma que define a amizade que os integrantes das Little e Drop’s têm até hoje: “bandas são mais que ajuntamentos de músicos, são reuniões de alma” – Jimmy Page.

*Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, de minha autoria, lançado em novembro de 2021.

Finéias Nelluty e Enrico Di Miceli estão em Senegal participando do Dialaw Festival

A música amapaense mais uma vez atravessa o atlântico e chega ao continente Africano, representada por Fineias Nelluty e Enrico Di Miceli, únicos brasileiros que participam do Dialaw Festival-Rythmes et Formes du Monde – Festival Ritmos e Formas do Mundo, que está acontecendo em Senegal, na vila Toubab Dialaw, na beira do oceano Atlântico. Os artistas foram convidados pela produção do evento, que está em sua 12ª edição. As apresentações serão individuais e acontecerão no mesmo palco nesta sexta-feira, 26, acompanhados por músicos do Amapá e Senegal.

O festival teve inicio no dia 24, em Toubab Dialaw, com uma série de atrações artísticas africanas, com música, dança e teatro.

Além dessas apresentações, foram produzidos três videoclipes: um de Enrico Di Miceli com a participação da cantora senegalesa Citha, da música “Dançando com a Sereia”, de Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes; outro de Fineias Nelluty, da música Brasil-Senegal, com participação do cantor Senegales Dao Maximum e de crianças e jovens, sendo esses vídeos gravados em Dakar. O terceiro vídeo é da música chamada Teranga, com referência a Ilha de Gorrée, uma parceria de Fineias Nelluty, Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes.

Nesta sexta-feira, 26, Enrico Di Miceli estreia no palco do Dialaw Festival, na companhia de Ian Moreira, percussionista amapaense, e dos músicos senegalenses Cisse (baixo); Abdou Ngom (percussão); Cissokho (teclado); El Hadji (harpa africana). Em seguida, Fineias Nelluty faz seu show com a mesma formação musical. No repertório, composições que já são sucesso de público no Brasil, autorais ou de parceiros musicais, e que já são conhecidas internacionalmente. Para coroar a participação no festival, Fineias Nelluty e Enrico Di Miceli sobem juntos no palco para uma homenagem à Senegal, com a música Teranga.

O intercâmbio cultural entre o Brasil e África começou a ser construído no Amapá Jazz Festival, que tem como característica a apresentação de músicos estrangeiros e brasileiros, uma interação entre nações que acontece nos palcos, nas oficinas e jam session, que fazem parte do evento. O entrelaçamento musical que Fineias estimula com a mistura de canções com ritmos caribenhos e guianeses, com os sons da Amazônia, levou o artista para o estrelato internacional. O álbum Africaribe Amazon e a turnê em Cabo Verde, são alguns dos exemplos dessa afinidade, que agora tem continuidade no Dialaw Festival.

Esta experiência positiva em intercâmbio cultural deu uma nova modelagem para o Amapá Jazz Festival, evento patrocinado pelo Governo do Estado do Amapá (GEA), que dá a largada com a presença dos artistas no Dialaw Festival. A segunda etapa da 17ª edição é o Jazz na Calçada, e o ápice, no segundo semestre de 2024, é o festival.

Enrico Di Miceli, que também já iniciou os passos na carreira internacional com uma turnê na Guiana Francesa, percorreu diversos estados brasileiros através de projetos e editais nacionais. No Dialaw Festival, Enrico leva na bagagem três álbuns gravados, prontos para mostrar a sua versatilidade enquanto melodicista que vive com um pé na sua aldeia e antenado para o mundo.

Mariléia Maciel

A ARCA DE NÃO É – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Depois do temporal fiquei olhando aquele mar sem fim que a chuvarada tinha plantado.

Eu tinha ficado só no mundo, depois do dilúvio.

Minha preguiça não me permitiu concluir o grande barco que a voz tinha dito para eu construir.

Era um sonho louco que eu tinha toda vez que chovia muito.

Uma voz me dizia para eu construir um barco imenso, onde coubessem muitas espécies de animais.

Uma dessas chuvas poderia demorar muito a passar, alagar e afogar todos os que não estivessem no barco.

Até comecei.

Pedi a um amigo construtor de barcos para desenhar um esquema que eu pudesse executar.

Ele esboçou uma arquitetura naval impressionante, bem mais avançada que as loucuras de Da Vinci e sem aquelas frescuras que Niemeyer adorava inventar.

Julio Verne não teria conseguido imaginar algo tão engenhoso.

Desenhou um barco que, se estivéssemos num filme, poderíamos batizá-lo de Titanic, tal sua imponência e capacidade de navegação.

Eu fiquei de comprar o material e construir o bruto do barco, do jeito que a voz mandou.

Mas dava uma preguiça danada pensar naquilo, aliada ao fato de que a inflação crescia e o dinheiro diminuía.

Sei que se tivesse me empenhado teria conseguido juntar a grana.
E não estaria agora só, no meio do mar.

Vou dormir e tentar sonhar com a voz. Quem sabe ela me diz o que fazer.

A rock girl do Liverpool – Crônica de Marco Antônio P. Costa

Crônica de Marco P. Antônio Costa

Cheguei mais cedo e o Seu Nelson ainda estava arrumando as meses. Naquela noite iriam tocar a Stereo e a Banda Base. Em pouco tempo a moçada começou a chegar. Patrickinho, Marinho e os demais chegaram e os ajudei a carregar qualquer coisa por ali. Com pouco chegaram Cabelo, Tássio e Careca.

A entrada era um real e a cerva barata. Peguei uma e fiquei ali no canto, perto do banheiro. O olhar de estudante de sociologia-fofoqueiro fazia-me analisar as tribos que chegavam. Tinham os rockeiros mais velhos, gente bacana que fala com menos pressa e iam lá pra curtir um som.

Editor deste site no velho Liver

Tinham os malucos, que de vez em quando saíam pra dar uma volta de carro. Tinha a galerinha libertária, uma moçada com roupas mais diferentes e papos interessantes, tipo o Fausto. Tinha a galera da universidade, a galera do DCE que, aliás, era a minha galera. Ah, dava playba e patyzinha estilo rock girl. Eu curtia. Ainda tinha a galera que não entrava e ficava ali pela frente do Podium. Coisas de Macapá. Aqui tem gente que não vai para os lugares, vai pra ficar na frente deles. HAHAHAHAHHAHAH. Muita onda.

Todo mundo se juntava ali e a forma circular, como que num teatro de arena, parecia sempre ajudar as meia luzes amarelas para que grandes histórias acontecessem. Amigo, acredite, se você gostasse de rock em Macapá no início dos anos 2000, era no Liverpool que você estaria.

Selado que a primeira música da Banda Base era Pain Lies on the Riverside, da Live. O set variava pra cima, mas tinha sempre a hora de Black, a maior rocker sofrência da história. Nunca ocorreu, mas na minha cabeça Cabelo and Company fechavam tocando Atomic, só pra nos levar aos ares escoceses de Mark Renton e Sick Boy.

Acho que foi mais ou menos por aí que a vi. De cabelos curtos, ela dançava o rock dando pulinhos engraçados e mexendo a cabeça com um cigarro na mão direita. As vezes fechava os olhos quando sentia o sim e cantava. Ela era incrivelmente linda.

Daí que, acreditem ou não, she look at me! Mais que isso: ela pediu pra me conhecer através de um amigo. Fui, mas bem nervoso. Ela era um pouco mais velha e, sem dúvidas, mais interessante e inteligente. Convenhamos, eu sabia não passar de um mediano.

Mas ela falava tão bem que falou por nós dois. Eu ria e ela via que eu estava nervoso. Numa hora, igualzinho acontece no Chaves, ela falou que era legal estar me conhecendo. Como o som estava alto, eu perguntei meio perto “como está sendo me conhecer? Hã? Aí mais perto ainda: COMO ESTÁ SENDO ME CONHECER? Na hora exata em que a banda parou de tocar e todos olharam. Ela sorriu tão feliz e sincera, olhou pra trás até se voltar pra mim e dizer: INCRÍVEL! Nos beijamos!

Aí o rock que já era bom, flutuou. Cantamos Last Nite e The modern age a plenos pulmões, mas não mais do que lugar do caralho.

Liverpamos a noite inteira, com novos e velhos amigos. Com beijos, muitos beijos e cheiros e vontades e sacanagens faladas ou apenas pensadas nas orelhas e pescoços.

A rock girl foi uma intensa paixão, daquelas que duram as semanas que podem existir e, se pensarmos bem, ainda continua existindo entre as mesas do seu Nelson, com a nossa galera lá no bom e velho Liverpool.

E como diria Antônio Callado, em “Bar Don Juan”:

“Quando o processo histórico se interrompe… quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para se abrir um bar”.

Fotos: Blog De Rocha.

Governo do Amapá realiza Concurso de Redação para estimular o conhecimento da cultura afro-amapaense

Com o tema “Educação, Cidadania e Sustentabilidade; Identidade negra amapaense, sob o olhar do meu lugar”, o Governo do Amapá anunciou na segunda-feira, 22, o lançamento do edital para o Concurso de Redação que comemora o Dia Internacional da África e a III Semana da África. Podem participar estudantes regularmente matriculados no ensino médio das escolas públicas estaduais.

CONFIRA O EDITAL

O envio das redações para a comissão avaliadora acontece até 4 de maio. A iniciativa, coordenada em parceria com a Academia Amapaense de Batuque e Marabaixo (AABM) e Secretaria de Estado da Educação (Seed), busca estimular a reflexão, o conhecimento e o reconhecimento da identidade e cultura afro-amapaense entre os estudantes do estado.

Durante a primeira etapa do concurso, cada escola deverá enviar a redação mais bem avaliada para os organizadores. Na segunda fase, uma comissão composta por cinco membros indicados pela Academia de Batuque e Marabaixo e pela Seed, será responsável pela avaliação das redações enviadas pelas instituições.

As redações devem seguir os seguintes critérios, de acordo com o edital:

Ser realizadas em sala de aula
Ser redigidas à mão, de forma legível, no formulário padrão disponibilizado
Ter no mínimo 20 e no máximo 30 linhas
Obedecer ao gênero textual dissertativo-argumentativo e abordar o tema proposto
Ser realizadas individualmente
Ser inéditas e originais

Confira o cronograma completo:

22 de abril – Lançamento do edital
22 de abril a 3 de maio – Período de construção e avaliação das redações nas escolas
29 de abril a 4 de maio – Envio das redações para a comissão avaliadora
6 a 15 de maio – Avaliação das redações
17 de maio – Resultado preliminar das redações classificadas
21 de maio – Resultado final e premiação

Texto: Marcio Bezerra
Foto: Lidiane Lima/Seed
Secretaria de Estado da Comunicação

Rock and Roll: banda Toxodonte apresenta Especial Sistem of Down no Pub On, na terça-feira (30)

Na próxima terça-feira (30), véspera do Dia do Trabalhador (1º de maio), a partir das 23h, vai rolar Rock And Roll no Pub On. A casa recebe o público a partir das 20h e a abertura fica por conta da turma do Club do Rock AP. Na sequência, a banda Toxodonte apresentará o Especial Sistem of Down.

Sim, roquenrou gringo cover que é sucesso de público e crítica. A noite contará ainda com som da banda Club do Rock AP, que abrirá o evento e ainda vai rolar o som do DJ Pablo Sales, com muita música eletrônica até às 4h da manhã.

A Toxodonte é formada pelo multi-instrumentista Sousa Singer (vocal), José Rafael (contrabaixo), Alex Soares (guitarra) e Ivan Dias (batera). A banda está bem ensaiada e promete uma apresentação em alto nível. Tá aí uma boa pedida. Só não irei porque estarei fora do Amapá, mas recomendo!

Serviço:

Especial Sistem of Down, com a banda Toxodonte
Data: 30/04/2024
Hora: 23h (mas o bar abre às 20h)
Local: Pub on, na Rua General Rondon, Nª 1816 – Centro de Macapá.
Os ingressos do primeiro lote custam R$ 10,00 e podem ser adquiridos via Sympla: https://www.sympla.com.br/evento/rock-mod-on-5/2428934?share_id=whatsapp

Elton Tavares, com informações de Sousa Singer

Poema de agora: Um dia chamado hoje…um momento chamado agora – Luiz Jorge Ferreira

Um dia chamado hoje…um momento chamado agora

Meu coração é uma Melodia com asas.
Muda o ritmo das suas incursões aladas…mas termina quase sempre no chão.
Meu coração é um desenho fosco.
Sem detalhes coloridos,
Cheio de entalhes mal definidos.
Que apenas ocupa a meia metade do esquerdo peito…que carrego comigo a um tempão.
Há dentro de mim e perto dele um espelho para que ele se veja, e não se sinta só.
Ele se reflete a si mesmo.
Quando o encontro vermelho, é sinal que chorou.
Aí, eu declamo Pessoa, ele imagina que sou eu, e zomba.
É quando saio para chorar tristonho , junto aos Anjos da terceira esquina.

Luiz Jorge Ferreira

Poema de agora: Tatuagens do tempo – Fernando Canto – @fernando__canto

Tatuagens do tempo

Quando minha pele for caindo pela força da gravidade
Quando o tempo abrir avenidas corporais
E o brilho das rugas inevitáveis,
Minhas tatuagens ficarão flácidas e ilegíveis
Pois não terão mais o desenho esticado na epiderme
Contudo, amor, o teu nome gravado permanecerá legível sob meus olhos lassos do uso de lentes,
Eles que são observadores da linha do tempo
E do tempo que as linhas costuram minhas memórias
Em cirurgias perdidas nas cerrações
Da paisagem.

Fernando Canto

Hoje é o Dia Internacional do Livro #diainternacionaldolivro

Hoje, 23 de abril, é o Dia Internacional do Livro. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), no ano de 1995, em Paris (FRA), durante o XXVIII Congresso Geral. O objetivo é encorajar as pessoas – especialmente os jovens – a descobrirem os prazeres da leitura, disseminar a cultura e fazer com que o maior número de pessoas conheçam a contribuição dos autores de livros através dos séculos. Hoje também é celebrado o Dia dos Direitos de Autor.

Origem do Dia Internacional do Livro

A Unesco escolheu a data do Dia Internacional do Livro, por ser o dia da morte de três grandes escritores da história: William Shakespeare, Miguel de Cervantes, e Inca Garcilaso de la Vega. Essa é também a data de nascimento ou morte de outros autores famosos, como Maurice Druon, Haldor K.Laxness, Vladimir Nabokov, Josep Pla e Manuel Mejía Vallejo.

Uma tradição catalã ligada aos livros já existia no dia 23 de abril, e parece ter influenciado a escolha da Unesco, pois tradicionalmente, no dia de São Jorge (23 de abril), é costume dar uma rosa para quem comprar um livro. Trocar flores por livros já se tornou costume em outros países também.

Há alguns anos, quando perguntavam qual a minha profissão, dizia que era jornalista, assessor de comunicação e editor de um site. Mas que, um dia, gostaria de ser escritor. Então me tornei escritor. Tenho dois livros impressos publicados, “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias” e “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”. Também participo de duas antologias on-line e já penso em uma terceira obra.

É a velha máxima: “ler para ser”. Pois sei que é fundamental para fertilizar as ideias, principalmente na minha profissão. Que tal começar ou terminar um livro hoje?

Elton Tavares
Fonte: Calendar Brasil

Há exatos 48 anos, a banda Ramones lançava “Ramones”, seu disco de estreia – Por Marcelo Guido – @Guidohardcore

Há 48 anos, os Ramones lançavam “Ramones”, seu disco de estreia. Um dos mais importantes da história do punk e do rock em geral, o álbum de “Blitzkrieg Bop” e outros clássicos foi gravado em sete dias, com orçamento de 6,4 mil dólares. Por conta da data, republico aqui a crônica rocker do jornalista Marcelo Guido, maios fã da banda que conheço:

Discos que formaram meu caráter (parte 11) – Ramones – Ramones (1976)

Por Marcelo Guido

E ai amiguinhos, como vão vocês? Espero que bem.

Bom sem muitas delongas, vamos ao que interessa, de forma crua, visceral e como pede a rapidez e a simplicidade dos três acordes lhes apresento: RAMONES, disco homônimo da grande banda de New York, percursora do punk que foi gravado em 1976.

Na corrida desde 1974, fazendo shows pelo underground nova-yorkino, mas precisamente no histórico “pub” CBGB, não demoraria muito para os Ramones começarem a chamar atenção da indústria fonográfica. Os caras assinam em 1975 com a obscura Syre Records e já em 76 nos brindam com o primeiro registro do punk rock.

Com 29 minutos de duração e um orçamento pífio algo em torno de U$ 6.400 (naquela época as grandes bandas gastavam milhões de dólares nas produções de seus álbuns), é um dos discos mais influentes da história do rock em todos os tempos.

Dado como uma incerteza comercial por não ter feito sucesso nenhum nos EUA, o disco tem como principal particularidade mostrar, que o rock é cru, e não erudito. O rock estava chato, com muitos solos intermináveis de guitarra, o caminho poderia ser tenebroso, é como costumo dizer, “Progressivo falhou, graças ao Ramones, em seu nefasto objetivo de acabar com o rock”. Graças a esse Lp (saudosismo por minha conta) os caras foram parar em Londres. E bandas como The Clash e Sex Pistons chegaram à conclusão que não estavam sozinhas e puderam dar a cara tapa.

Uma simplicidade básica caracteriza o disco do começo ao fim, coisa difícil em uma época onde histórias de dragões solos intermináveis de guitarra (oh, coisinha chata) e epopeias épicas eram uma constante no cenário (Chupa Led Zeppelin). Os caras simplesmente desmontaram tudo e deixaram somente oque realmente interessava. Ou seja, atitude e bom som. Apesar da curta duração das musicas, a lembrança tocante que nos faz lembrar o rock dos anos 50 dão certo ar polido e saudosista e por que não uma dose de “doçura” nas melodias. As letras falam de coisas banais, que poderiam acontecer comigo ou com qualquer um de vocês, por isso é tão mágico, que chega ate a ser comum.

Dissecando a bolacha:

O calhamaço ferrenho é agressivo começa com Joey berrando na sensacional “Blitzkrieg Bop”, que fala dos ataques nazistas na segunda grande guerra, nos apresenta ao velho e bom “Hey ho, lest go” grito de chamada para batalha, vai para insanidade juvenil de “Beat On The Brat”, quem nunca quis bater em um moleque com um taco?

Chega em “Judy is Punk”, história de amor deveras bizarra, de um punk e uma anã, trava tudo e um relaxada em “I Wanna Be Your Boyfriend”, baladinha de amor, o cara só queria uma namorada, nos leva a “Chain Saw”, o que o tédio e uma serra elétrica não podem produzir no Texas? Fala sobre o prazer de cheirar cola (ops) em “Now I Wanna Snif Some Glue”, avisa que existe algo obscuro em porões na singela “I Don`t Wanna Go Down To The Basement”.

Segue com Babacas e mais babacas em “Loudmouth”, esculhambando com CIA (temida central de inteligência americana) em “Havana Affair”. “ Listen to My Heart”, nos apresenta ao velho e bom 1,2,3,4… (Dee Dee, berrando), “53rd And 3rd”, biográfica, fala dos tempos que Dee Dee Ramone teve que se virar como michê nas ruas de Nova York, “Let`s Dance”, um clássico de David Bowie nas voz de Joey. Joey grita oque não quer em “I Don`t Wanna Walk Around With You”, e chega ao final com “Today Your Love, Tomorrow The Word”, como podemos dizer, uma coisa de cada vez.

Com todo esse universo, juvenil e caseiro, os caras abriram as portas para muita gente. Confesso que o Punk Rock me atrai nisso, na simplicidade. Bom para os que se atrevem a entender de rock, tem que passar por isso.

Os magrelos de Nova York tem que ter um espaço relativo em sua estante ou em seu computador (tempos modernos esses).

Com capa em preto e branco, simplicidade a risca, conteúdo altamente inflamável, “Ramones” (1976) é o documento oficial do punk.

E aprendam, sem querer ser repetitivo: “Toda vez que o Rock ficar chato, vai recorrer ao punk para se salvar”. RAMONES FOREVER!

Marcelo Guido é punk, pai da Lanna e Bento, jornalista e radialista.

Preâmbulo da Horas – Conto porreta de Lulih Rojanski

Conto porreta de Lulih Rojanski

Havia um moço triste que passeava todas as noites na sala de um apartamento do edifício em frente ao meu. Era angustiante a sua solidão no oitavo andar. Eu havia me habituado a trazer para casa o trabalho do escritório e ficava até altas horas ruminando documentos, trocando ideias com xícaras de café e um maço de cigarros, na companhia das badaladas do velho relógio de parede. Pensava que minha solidão era a maior de todas, até a noite em que o vi pela primeira vez, a passear incansável pela sala à meia luz. Observei que também fumava um cigarro atrás do outro.

Todas as noites ele chegava às 23 horas, tirava, ainda na porta, a camiseta, e a jogava num canto qualquer, depois apagava as lâmpadas no interruptor próximo à porta de entrada, deixando acesa apenas uma luminária de luz opaca, que lhe permitia mover-se sem tropeços. Então começava a andar de um lado para o outro, sem descanso. Às vezes debruçava-se à janela. Outras, desaparecia por outros cômodos. Depois voltava a fumar pela sala, impaciente. À uma hora da madrugada, indefectivelmente, atendia ao telefone, e só então tinha descanso.

De meu apartamento, eu não podia ouvir o toque de seu telefone, mas todas as madrugadas, quando meu relógio de parede soava uma nostálgica badalada, o moço atendia ao telefone. Falava por alguns instantes e tornava a sair, vestindo a mesma camiseta que deixara abandonada num canto qualquer. Algumas vezes deixava o aposento às escuras e só era possível localizá-lo pela brasa pequenina do cigarro, que se acendia como um vagalume na janela.

Nunca o vi durante o dia e creio que ele nunca chegou a me ver, nem de dia nem à noite. À tarde havia um velho cachorro sonolento, um dálmata, que dormia na sacada do quarto de um apartamento ao lado do seu. Por diversas vezes, tive a absurda impressão de que o cachorro morava sozinho, pois jamais presenciei ali qualquer outro sinal de vida. Algum tempo depois, percebi que durante a noite também o dálmata dormia na sacada.

Durante meses nossas noites foram iguais: eu trabalhava até a madrugada, observando o rapaz solitário, suas lâmpadas obsoletas e sua triste pontualidade, o cachorro dormia um sonho de sonhos cansados, e o rapaz andava sem medidas na penumbra da sala, na expectativa inquietante de sua hora marcada. Por muitas vezes, no transcurso dos meses em que o observei, tive o impulso de lhe telefonar. Não sei o que lhe diria. Talvez uma frase piegas sobre o amor e o desamor, ou talvez lhe contasse uma história engraçada, e ele, por um instante, abandonaria o cigarro para gargalhar, para olhar pela janela e ver quanta noite havia no céu cravejado de estrelas. Depois desisti do incômodo desejo de salvar alguém que talvez nem precisasse ser salvo. Continuei a assisti-lo, em sua cronologia obsessiva.

Nas raras vezes em que me deitei mais cedo, continuei a vê-lo, pois quando dormia, ele, iluminado pela brasinha do cigarro, passeava pra lá e pra cá na penumbra dos meus sonhos. Acabei por me irritar com aquela criatura que passara a se intrometer em minha solidão, e por algum tempo deixei de observá-la.

Uma noite, entretanto, vencida pela culpa por ter abandonado o moço à sua própria sorte – como se em algum momento eu tivesse participado dela – tornei à janela. Ele esperava pela ligação. O dálmata dormia. Caía uma chuva de pingos enviesados na noite em que seu telefone não chamou. Ele acendeu todas as lâmpadas da sala, tornou a andar de um lado para o outro, pegou o telefone, conferindo se havia algum defeito, e colocou-o de volta à mesa, devagar, como se não soubesse o que fazer depois disso. Ficou parado diante da mesa, olhando para o telefone. Sob a luz intensa, ele era belo. Tristemente belo.

Acho que odiei a criatura que deixou de lhe telefonar naquela noite chuvosa. Mergulhei em meu trabalho, com a promessa de não me ocupar mais de vidas que não eram minhas, mas quando tornei a olhar para fora, ele estava sentado no parapeito, com as pernas dependuradas no vazio. Nem ao menos fumava. A súbita certeza de que ele ia pular me estremeceu o corpo num calafrio. Ainda hoje, quando recordo, tenho a sensação de vê-lo mergulhando num voo sem volta, libertando-se de sua infinita espera. Acenei-lhe com uma insistência patética, e ele não me viu. Gritei, atribuindo-lhe nomes diversos, talvez nenhum fosse o seu, e ele não ouviu porque havia entre nós o ruído da chuva. Senti um amargo arrependimento por nunca ter procurado o número de seu telefone. Eu beirava o pânico, estava com o telefone na mão para chamar a Defesa Civil e impedir que ele pulasse, quando ele desceu da janela e fechou-a.

Respirei, profundamente aliviada, e fui dormir com a decisão irrevogável de nunca mais me preocupar com o desconhecido. Mas ele estava em meus sonhos, flutuando no ar sob um chuvisco renitente. Quando saí para o trabalho, pela manhã, havia na calçada de seu edifício um ajuntamento de pessoas, homens, mulheres, até crianças, unidos por uma curiosidade mórbida, falando alto, apontando apartamentos. Naquele instante, porém, o mundo para mim ficou mudo. Eu só ouvia meu coração saltando no peito, e talvez ele até me dissesse da culpa que eu teria que carregar por toda a vida por ter dormido indiferente à dor alheia. Abri caminho aos empurrões para ver o que os curiosos viam. No centro do círculo humano, estendido sobre o próprio sangue, e morto, estava o velho dálmata solitário.

*Conto premiado pela Fundação Cultural Cassiano Ricardo – SP. Publicado na IX Antologia de Contos Alberto Renart – 1996.

Nunca fui… – Crônica de Elton Tavares (Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”)

Ilustração de Ronaldo Rony

Crônica megalomaníaca de Elton Tavares

Nunca fui sonhador de só esperar algo acontecer. Sou de fazer acontecer. Não sou e nunca serei um anjo. Não procuro confusão, mas não corro dela, nunca!

Nunca fui de pedir autorização pra nada, nem pra família, nem para amigos. No máximo para chefes, mas só na vida profissional.

Nunca fui estudioso, mas me dei melhor que muitos “super safos” que conheci no colégio. Nunca fui prego, talvez um pouco besta na adolescência.

Nunca fui safado, cagueta ou traíra, mesmo que alguns se esforcem em me pintar com essas cores.

Nunca fui metido a merda, boçal ou elitista, só não gosto de música ruim, pessoas idiotas (sejam elas pobres ou ricas) e reuniões com falsa brodagem.

Nunca fui “pegador”, nem quis. É verdade que tive vários relacionamentos, mas cada um a seu tempo. Nunca fui puxa-saco ou efusivo, somente defendi os trampos por onde passei, com o devido respeito para com colegas e superiores.

Nunca fui exemplo. Também nunca quis ser. Nunca fui sonso, falso ou hipócrita, quem me conhece sabe.

Nunca fui calmo, tranquilo ou sereno. Só que também nunca fui covarde, injusto ou traiçoeiro.

Nunca fui só mais um. Sempre marquei presença e, muitas vezes, fiz a diferença. A verdade é que nunca fui convencional, daqueles que fazem sentido. E quer saber, gosto e me orgulho disso. E quem convive comigo sabe disso.

Elton Tavares

*Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, de minha autoria, lançado em novembro de 2021.