Programação homenageia São José, padroeiro da Diocese, de Macapá e do Amapá

A programação em homenagem a São José chega ao seu momento mais importante nesta terça-feira, 19 de março, com a celebração da Solenidade em honra ao santo padroeiro da Diocese, da cidade de Macapá e do Estado do Amapá. Missas, procissão, carreata e festa social marcam o dia do padroeiro.

A missa solene presidida por dom Pedro José Conti e concelebrada pelo clero diocesano acontece às 7h30 na Catedral. Em seguida, os fiéis saem procissão pelas ruas do centro da capital com o andor do santo sendo conduzido pelos devotos até a Igreja Jesus de Nazaré. Na chegada, os participantes da procissão recebem a bênção solene e participam da festa social, onde haverá venda de comidas típicas, shows e sorteio de prêmios durante o dia na quadra da Igreja.

A Programação da Festividade de São José 2024 teve início em 19 de fevereiro e durante este período peregrinações, encontros em famílias, romarias e celebrações foram realizadas para preparar os devotos e homenagear o padroeiro.
A festa este ano tem como o tema: “Com São José procuramos Jesus, para encontrá-lo nos irmãos e irmãs” e o lema: “Filho… Olha teu pai e eu andávamos a tua procura” (Lc 2,48), inspirados na Campanha da Fraternidade 2024.

Programação do Dia do Padroeiro

7h30 – Missa Solene – Catedral São José
9h – Procissão até a Igreja Jesus de Nazaré – Percurso: Rua General Rondon, Av. Mãe Luzia e Rua Leopoldo Machado.
10h – Festa Social – Sorteio de prêmios, shows, bingo.
17h30 – Carreata até a Catedral São José
19h – Missa de encerramento da festividade

Texto: Jefferson Souza
Pastoral da Comunicação
Diocese de Macapá

Governo do Estado celebra 242 anos da Fortaleza de São José de Macapá com valorização da cultura popular amapaense

A Fortaleza de São José, maior fortificação do Brasil, completa 242 anos de existência nesta terça-feira, 19. Localizado às margens do Rio Amazonas, o monumento histórico é um dos cartões postais mais importantes do Amapá. Para celebrar a data, o Governo do Amapá preparou uma programação especial que valoriza a cultura popular.

O evento começa na segunda-feira, 18, com programação aberta ao público. Haverá missa, exposição de artesanatos indígenas, de plantas ornamentais e medicinais, e de obras da Galeria de Artes Samaúma. Construída para proteger as fronteiras do ‘Cabo Norte’, como era conhecido o Amapá no período colonial, a Fortaleza de São José de Macapá é a única do seu tipo no Brasil e representa um importante símbolo da formação territorial do país.

Para a secretária de Estado da Cultura, Clicia Vieira di Miceli, a programação com foco na cultura popular é um reconhecimento à trajetória da miscigenação amapaense e à necessidade da manutenção de espaços culturais.

“Nesta fortificação estão gravados momentos históricos, episódios singulares que fazem parte da nossa memória e identidade. Atualmente, este patrimônio passa por um processo de requalificação que visa tanto à preservação, quanto a sua aproximação com a população. Isso contribui para o desenvolvimento da nossa cultura e para a construção de um futuro mais próspero para o Amapá, onde este espaço também se tornará abrigo seguro para a convivência e para o fazer cultural”, destaca a secretária de Estado da Cultura, Clicia Vieira di Miceli.

A gerente do Museu da Fortaleza, Flávia Souza, explica que a programação busca dar visibilidade aos povos originários e afro-brasileiros, reconhecendo sua importância na história e na cultura do Amapá, remarcando assim a representatividade e novos significados deste patrimônio.

“Precisamos assegurar a visibilidade dos povos indígenas e afro-brasileiros em um monumento histórico, principalmente nesta data tão significativa. Reconhecemos que nossa cultura é majoritariamente composta por esses povos, que simbolizam resistência e luta. É crucial desenvolver ações de preservação da história e da cultura contextualizadas pela memória associada à formação do povo amapaense e à construção desta fortaleza. Hoje, ela também é um espaço de convivência ressignificado por novos usos e pelo pertencimento à identidade do nosso estado”, ressaltou Flávia.

Fortaleza de São José de Macapá

Inaugurada no dia 19 de março de 1782, a Fortaleza de São José ocupa uma área extensa de quase 30 mil metros quadrados, sendo um dos mais antigos pontos turísticos da capital amapaense. A fortificação foi tombada pelo Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) em 22 de março de 1950, em um ato de reconhecimento a sua importância histórica e arquitetônica.

Em 2007, o local se tornou um museu. Nos dias atuais, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) é o órgão público responsável pelo monumento.

Confira a programação do aniversário de 242 anos da Fortaleza de São José de Macapá:

Segunda, 18

15h às 18h: Feira de Artesanato Indígena
16h: missa em celebração aos 242 anos da Fortaleza de São José de Macapá

Terça-feira, 19

Hora: das 10h às 18h:

Exposição da Galeria de Artes Samaúma
Feira de Artesanato Indígena
Exposição de plantas ornamentais e medicinais
16h: roda de capoeira
16h30: apresentação do grupo Banzeiro Brilho de Fogo

Texto: Eduardo Belfort
Foto: Arquivo/GEA
Secretaria de Estado da Comunicação

PAC Patrimônio Histórico: Governo do Amapá obtém aprovação do projeto de requalificação do Museu Joaquim Caetano da Silva, em Macapá

O Governo do Amapá obteve do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a aprovação do projeto de requalicação do Museu Joaquim Caetano da Silva, um dos mais importantes patrimônios históricos, culturais e arquitetônicos do estado. A ação faz parte do compromisso estabelecido no Plano de Governo do atual gestão para fortalecer o turismo e a cultura.

A iniciativa vai garantir a ampliação do museu e conta com um investimento de mais de R$660 mil, do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para preservação e revitalização do espaço crucial para a proteção de acervos e da memória do estado.

“A aprovação do projeto representa uma grande conquista para o Amapá. A revitalização deste importante patrimônio cultural permitirá sua preservação para as futuras gerações, além de fortalecer a identidade cultural do estado, promover a educação patrimonial, a pesquisa e estimular o desenvolvimento local. A comunidade amapaense pode esperar um museu modernizado, acessível e acolhedor, pronto para ser um centro de memória e difusão da cultura e da história do Amapá”, reforça a secretária de Estado da Cultura, Clicia Vieira Di Miceli.

Nas próximas fases do programa, serão celebrados os Termos de Compromisso, com cada uma das propostas e, posteriormente, formalizados, juntamente com o Iphan, os planos de trabalho com as definições de prazos, recursos e formas de contratação para execução do projeto.

Para a coordenadora de Preservação do Patrimônio Histórico da Secult, Simone de Jesus, a aprovação reforça o reconhecimento à região Norte e o potencial para o desenvolvimento do Sistema de Museus do Estado do Amapá.

“O Museu Joaquim Caetano é o terceiro prédio mais antigo do estado e é responsável por nosso patrimônio arqueológico, a identidade cultural de nossos ancestrais. A valorização deste conteúdo é essencial, e com o apoio do programa federal, podemos reforçar políticas públicas para a valorização de sua estrutura”, afirma Simone.

Museu Joaquim Caetano da Silva

O Museu Joaquim Caetano da Silva, instalado em um prédio histórico no Centro de Macapá, é um verdadeiro guardião da história e da cultura amapaense. O acervo é composto por centenas de peças, abrange desde artefatos indígenas até documentos históricos e obras de arte, oferecendo ao público uma rica viagem pela trajetória do estado.

Além de sua função museológica, o local também serve como espaço para diversas atividades culturais, como exposições, palestras, oficinas e eventos educativos, promovendo a difusão do conhecimento e a integração da comunidade.

PAC Patrimônio Histórico

O Novo PAC Patrimônio Histórico representa um esforço do Governo Federal para preservar e promover a riqueza cultural do Brasil, com investimento significativo de aproximadamente R$ 712 milhões até 2026. O PAC está realizando obras em 139 locais, distribuídos em 35 municípios de 17 estados, em parceria com diversas instituições e órgãos governamentais.

Além disso, o programa está impulsionando 105 projetos de recuperação de patrimônios culturais em 83 municípios por todo o país. Esses esforços visam fortalecer a identidade e memória cultural, promovendo um vínculo ainda mais forte entre as comunidades e seus patrimônios.

Texto: Eduardo Belfort
Foto: Arquivo/GEA
Secretaria de Estado da Comunicação

Saudades do Quiosque Norte Nordeste, o saudoso “Bar da Floriano” – Crônica de Elton Tavares – Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”

Fotos: Chico Terra (esquerda) – A poeta Patrícia Andrade no Quiosque – Foto: Aog Rocha (direita)

Crônica de Elton Tavares

Quem vive a boemia de Macapá há mais de 25 anos, certamente frequentou o Quiosque Norte Nordeste da Praça Floriano Peixoto. O “Bar da Floriano” era o ponto de encontro de poetas, artistas, músicos e malucos em geral. Os proprietários do boteco eram dona Neide e seu Alceu. Aliás, duas figuras queridas por todos que por ali curtiram na companhia de amigos.

O seu Alceu era sempre cara carismático e caladão. Quando descobriu que eu era filho do Penha, virei brother na hora, pois meu pai tinha sido seu amigo.

No Bar da Floriano rolou de tudo: Rock (lá, eu e um grupo de amigos inventamos o “Lago do Rock”, em 2004), Reggae, Samba, MPB, MPA, Clube do Vinil, saraus temáticos, declamação de poesia, lançamento de livros (como o Vanguarda), exibição de filmes, lançamento de fanzines (como os do Ronaldo Rony), venda de artesanato, entre outras tantas manifestações culturais.

Era fácil ver por lá figuras como o poeta Dinho Araújo, os músicos Nivito Guedes, Dylan Rocha, Sérgio Salles, Rebecca Braga, Chico Terra, a Patrícia Andrade, o Wedson Castro, o Ronaldo Rodrigues, o saudoso Gino Flex, etc. Enfim, uma porrada de gente legal.

Ilustração de Ronaldo Rony

O Bar foi fechado pela Prefeitura de Macapá em 2011 (acho eu, pois não lembro da data exata) e deixou a galera sem rumo, sem ninho, sem point. Pode soar como nostalgia, mas o boteco de banheiro sujo, goteiras e instalações rústicas deixou saudade numa moçada que conheço bem.

A cereja do bolo era o Antônio, garçom mais folgado e bruto como poucos, sempre com sua camiseta verde. Eu gostava daquele figura.

O comentário do amigo Chico Terra sobre o fechamento do Bar pelo poder público foi perfeito. Eu aqui reproduzo e assino embaixo:

Marlonzinho, eu, Fausto, Patrick e Ronaldo Macarrão – 2004.

“Era lugar de reunião de artistas e que varava madrugadas em paz. Mas o poder público mandou derrubar o quiosque que abrigava a poesia , tudo em nome da intolerância, inclusive religiosa do gestor municipal de plantão (na época)”. É isso!

É, nós, os malucos da cidade politicamente incorretos, contávamos moedas para a coleta da birita no local, pois amávamos a crueza e falta de sofisticação do boteco. Bons tempos aqueles do Bar da Floriano, apesar de, às vezes sórdidos, mas sempre divertidos. Com toda certeza, uma lembrança feliz. É isso.

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em 2020.

Hoje é o Dia do Guitarrista (minha crônica sobre a data e homenagem aos Guitar Heroes)

Hoje, 10 de março, é o Dia do Guitarrista, aquele cara ou menina que nos emociona com solos, riffs e acordes do instrumento mais legal do Rock and Roll. Músicos que nos alegram os ouvidos, coração, alma e mente. Não encontrei a origem da data, mas tá valendo!

A guitarra é o instrumento mais popular e influente na história da música e, é claro, do rock´n roll. O conceito diz: “guitarrista é um músico que toca guitarra. Sejam elas acústicas ou elétricas, solo, em orquestras ou com bandas, em uma variedade de gêneros. Mas a gente gosta mesmo é dos roqueiros doidos, né não?

Tenho uma inveja branca de quem toca, compõe ou canta. Quem faz música é foda! É, são pessoas que fazem a trilha sonora da vida, sejam nas madrugadas em bares enfumaçados, teatros, boates ou palcos ao ar livre que precisam ser festejadas.

Eu poderia falar do espetacular John Frusciante, o performático Slash, Angus Young e sua dancinha muito foda, dos lendários Jimmy Page, Carlos Santana, Stanley Jordan, Body Guy,Robert Cray, David Guilmour, Pepeu Gomes, Bruin May, Eric Clapton, B.B. King e suas Lucis, Eddie Van Halen ou Jimi Hendrix, o “Pelé da Guitarra”, ou até de Robert Johnson, que, segundo a lenda, vendeu a alma para o diabo para ser um guitarrista extraordinário, entre tantos outros guitar heroes históricos, mas prefiro homenagear os bateras amigos. Portanto, meus parabéns músicos:

O Régis, o “Beck” ou “Anjo Galahell”, um dos melhores guitarristas que vi tocar; Alexandre Avelar (o Cabelo); Ruan Patrick (stereo); Ronilson Mendes (Manoblues); Wendril Ferreira da Psychocandy (ex Godzilla); Adriano Joacy; Irlan Guido; Ozy Rodrigues; Geison Castro; Wedson Castro; Sandro Malk; Finéias Nelluty; Fabinho; Alan Gomes; Israelzinho; Zé Miguel; Edivan Santos (Ito); Ricardo Pereira; “Zezinho”, “O Sósia”; Rulan Leão, entre outros. Enfim (acho que esqueci alguns), todos os meus queridos amigos que tocam o sublime instrumento. “Parabéns!

Ziggy tocava guitarra…”.

Elton Tavares

Assista ao vídeo 100 Riffs (A Brief History of Rock N’ Roll) :

30 anos da morte de Charles Bukowski, o genial velho safado! – Por Elton Tavares

O saudoso escritor marginal, bebum e pervertido em tempo integral, também conhecido como “velho safado”, Charles Bukowski, subiu há exatos 30 anos. Ele morreu em 9 de março de 1994, em decorrência do excesso de goró, vítima de pneumonia, na cidade de San Pedro. O genial poeta sacana tinha 74 anos e é considerado o último escritor “maldito” da literatura norte-americana.

Henry Charles Bukowski Jr. nasceu em 16 de agosto de 1920, na cidade de Andernach, na Alemanha, filho de um soldado americano e de uma jovem alemã. Ele foi levado, aos três anos de idade, para morar nos Estados Unidos. Espancado pelo pai, viciado em birita desde adolescente e formado na marginalidade de Los Angeles, onde morou por mais de 50 anos, Buk escreveu sobre sua própria e longa vida (boemia e desgraça).

Obsceno como poucos, Buk fez a alegria de muita gente, pois possui milhões de fãs ao redor do mundo. Seus livros são cheios de situações inusitadas e chocantes, sempre com muita birita, aflições, jogos de azar, sexo e putaria. Vários devaneios e realidade do dia-a-dia dos malucos.

Há anos, minha prima Lorena me apresentou ao poeta e romancista americano. Sua obra tarada, anticonvencional e ofensiva a moral e bons costumes é genial. Sobretudo para fãs da literatura sacana e escrachada como eu. Li somente quatro livros do velho Buk, “Numa Fria”, “Misto-quente”, “Hollywood” (1989) e “Pulp”. Mas me deleitei com vários artigos e crônicas do cara.

O que se pode dizer? Citar Bukowski é trazer todos aqueles bares pelos quais passou, seus bêbados e seus problemas que eles afundam no copo. Como ele mesmo gosta de se vangloriar em suas histórias, um médico disse que, se ele não parasse de beber, morreria em trinta dias: nada aconteceu. Depois desse episódio, Bukowski deu a guinada na sua vida literária, começando a escrever poesia. Dizer Bukowski invoca ao leitor o sabor de cerveja, vinho e outras coisas; citá-lo nesta lista não é uma obrigação, é uma honra.

Claro que o goró estimula a criatividade, é só lembrar dos fascinantes papos que batemos durante uma simples reunião etílica. Sou escritor r biriteiro assumido. Ejá que beber e escrever tem tudo a ver, sigo na esperança de publicar mais livros além dos meus dois já lançados. Um brinde ao velho safado, esteja ele onde estiver!

A gente devia encher a cara hoje, depois a gente fala mal dos inúteis que se acham super importantes” – Charles Bukowski

Elton Tavares

Hoje é o Dia Internacional da Mulher – Minha crônica/homenagem

Eu, meu irmão Emerson e nossa mãe, Maria Lúcia.

Hoje (8) é o Dia Internacional da Mulher. Nesta sexta-feira, rendo homenagens à minha mãe , Maria Lúcia (rainha e mulher mais importante na vida), avó Peró (in memoriam), namorada, Bruna Cereja, cunhada, sobrinha, algumas tias e primas, colegas de trabalho e muitas amigas queridas.

Eu não seria ninguém sem a insistência, amor e zelo das mulheres. Sobretudo da minha mãe, a amorosa e batalhadora Lúcia, o maior exemplo de amor e luta por direitos feministas que conheço (como diz o Veríssimo: “as mães são a comunicação direta com Deus”). A nossa “Lucinha” é uma mulher espetacular e admirável. Ela personifica os amores que tem e realmente faz valer seus dias por cada um de nós. Ela é meu anjo da guarda, minha conselheira e benzedeira, inteligente e sábia. Além de melhor cozinheira do mundo. Ela sempre foi e sempre será minha melhor amiga.

Com minha saudosa avô Peró.

Agradeço pelos anos de dedicação da vó Peró e tia Maria (as duas são uma espécie de mãe para mim). Com titia, são 47 anos e meio de cuidados e amor para comigo. Maria sempre foi um dos faróis (assim como mamãe e vovó) na tempestade que sou, sempre foi umas das luzes do meu caminho.

Já vovó, que virou saudades em março de 2021, foi uma mulher admirável. Somos gratos pela longa e feliz vida que ela teve e do quanto desfrutamos de seus ensinamentos e companhia incrível, sensacional, maravilhosa, entre outros tantos sinônimos do que a Peró foi e é para nós, sua/nossa família.

Com minha Maria, minha tia preferida.

Ah, a Maitê Ferreira Tavares, a pequena grande mulher-amor-da-minha-vida. Minha sobrinha de nove anos é uma bênção. Uma mistura de bom humor, gaiatice, doçura, inocência (claro), desconfiança (quando não manja das pessoas e lugares), inteligência, sapequice e ternura. Já disse e repito: ela é amada e reflete isso – com aquela luz que só o amor sabe dar.

Minha gratidão pela amizade de tantas mulheres que é difícil nomeá-las aqui. Se assim o fizesse, cometeria algumas injustiças. Mas minhas amigas (que são mais numerosas que amigos) sabem quem são.

Eu, minha namorada Bruna Cereja e nossa princesa Maitê.

Sou grato ainda àquelas que foram minhas amigas e por conta das curvas na estrada da vida, deixaram de ser, mas que tiveram papéis fundamentais em algum momento desta caminhada.

Deixo aqui também registrado meu amor e gratidão à Bruna Cereja, a publicitária mais competente e genial que conheço. E minha companheira de vida, amiga e parceira de todas as horas. Gratidão e amor definem.

Com Bruna Cereja, a mulher que manda em mim, o meu amor.

As mulheres são símbolo de força. São lutadoras por natureza, pois a sociedade machista às força a sempre provarem ser melhores que os homens. E são. Por tudo isso e muito mais, que não cabe em um texto e um só dia do ano, agradeço às mulheres por seus papéis fundamentais.

“Ah, as mulheres!!! Mulheres!!! Sem vocês seríamos apenas um espermatozoide vagando a esmo; como um barco bêbado rumo ao infinito imprevisível” – Régis Sanches (jornalista).

A origem da data

A data foi marcada por uma greve em uma fábrica de tecidos em New York, no dia 8 de março de 1857. As operárias protestaram e só queriam melhores condições de trabalho. Como acontece até hoje, a manifestação foi reprimida violência. Mas lá foi mais desumano que o “habitual”. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Ao todo, 130 tecelãs morreram carbonizadas. Triste, fatídico e histórico.

Só em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, por conta da barbárie de 1857 e em homenagem as vítimas. Como tudo para os seres humanos do sexo feminino é difícil, somente em 1975, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Enfim, agradeço a todas vocês, mulheres da minha vida, por tudo. Muito obrigado e meus parabéns pela data!

Elton Tavares

Arquiteto Antônio Fernandes gira a roda da vida. Feliz aniversário, Malária!

Anderson The Clash, eu e Antônio Malária – 2014

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Também sempre digo que aprendi a ter amigos longevos, pois sou sortudo por ter bons companheiros há muito tempo. E me gabo de ser amigo de muita gente Phoda! É o caso de Antônio Fernandes, que é um brother das antigas, além de amigo querido, que gira a roda da vida neste quarto dia de março. Fico feliz pelo seu ano novo particular, pois ele é porreta!

Antônio é marido da Aline, pai de três (ou quatro?) lindos moleques, dedicado consultor técnico, talentoso arquiteto, experiente skatista e brother consideradão “das antigas” da galera. O popular “Malária”. Um figura do bem, trabalhador e gente fina.

Eu e Malária – 1998

Antônio é um cara importante para a cultura underground amapaense. Ele fez história quando foi vocalista de uma das melhores bandas que tivemos em Macapá, a Little Big. Eles tocaram juntos da segunda metade dos anos 90 até meados de 2002. Os caras agitavam qualquer festa. Quem foi ao Mosaico, African Bar, Expofeiras, Bar Lokau, festas no Trem Desportivo Clube e Sede dos Escoteiros sabe do que falo.

Malária é um daqueles amigos que fazem parte da minha história de uma maneira única e marcante. Toda vez que encontro Antônio, é como abrir um baú repleto de memórias dos “tempos de violência”, quando vivemos o underground da Macapá dos anos 90. Éramos jovens e ousados, sempre ao som do Rock’n’Roll nas ruas, becos e bares da cidade. Isso sempre com as melhores e piores companhias (risos).

Antônio Malária, eu, Ronaldo Macarrão, Marlonzinho (DJ Sinapse) e Marcelo Vampiro. Égua-moleque-tu-é-doido! – 2015

Antônio virou pai de família e dá conta do recado de forma sublime. Gosto de ver sua evolução profissional e estou feliz pelo seu sucesso, pois ele batalhou para ser o excelente profissional que é hoje.

Hoje em dia, a gente pouco se encontra, mas quando rola, é festa, pois eu e Antônio Malária nos gostamos muito, coisas assim que o tempo não destoa. Só fico puto pelo motivo do sacana não envelhecer. Engordei pra caralho e tô cheio de cabelos brancos. Malária completa 50 invernos com a mesma cara de 1994 (risos).

Com o mano Malária, em 2022

Antônio, mano velho, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa sabedoria e coragem. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo. Saúde e sucesso sempre. Parabéns pelo teu dia, brother. Feliz aniversário!

Elton Tavares

A Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) completa 34 anos de história

São pouco mais de três décadas de avanços e conquistas. Somos a primeira instituição de ensino superior amapaense.

Nossa história transformou em realidade o sonho de acesso à universidade pública e de qualidade para todos, nos orgulhando em contribuir para a formação de gerações de profissionais e cientistas qualificados, que ofertam serviços à comunidade e contribuem para o desenvolvimento da região amazônica.

A reitoria sente-se honrada em compartilhar esse momento com seus professores, alunos, técnicos-administrativos, terceirizados e todos aqueles que fazem da nossa universidade a maior instituição de ensino superior público do Amapá.

Parabéns UNIFAP, pelos seus 34 anos de bons serviços prestados ao nosso Estado, formando gerações para o mercado de trabalho, para a cidadania e para uma sociedade melhor.

Ascom Unifap

O trajeto da A Banda através do tempo e antigos pontos de referência (minha crônica saudosista)

Crônica de Elton Tavares

Há 28 anos, saio na Banda pelas ruas de Macapá. Eu e meus amigos esperamos a terça-feira gorda o ano todo (mas em 2024, será hoje domingo (3), por conta do adiamento após fortes chuvas na terça-feira gorda, último 13 de fevereiro) , pois a marcha louca e feliz sempre foi um dos dias mais felizes. Como disse minha amiga Rejane: “o coração batuca na esperança de ver a Banda voltar a passar”. Republico essa crônica por motivos de HOJE TER A BANDA mais uma vez.

A Banda, maior bloco de sujos do Norte do Brasil, tem o mesmo trajeto nestes 59 anos de existência, mas o que ficou pelo caminho do tempo nestas mesmas ruas de Macapá? Fiz uma espécie de resgate (um tanto desordenado) de vários locais que povoam a memória afetiva do macapaense. Deixa suas lembranças agirem e vamos lá:

O ponto de partida do bloco, o mais popular dos festejos de Momo no Amapá, é na esquina da lanchonete Gato Azul e a loja Clark. Os foliões seguirão pela frente da loja A Pernambucana, dobrarão na esquina do Banco Bamerindus (pois “o tempo passa, o tempo voa…); Farmácia São Benedito; Moderninha e da Banca do Dorimar. As pessoas se trombam ao redor dos trios e carros de som. Todos molhados de suor, ou chuva.

A folia desce a Rua Cândido Mendes e o trajeto passa em frente também da Irmãos Zagury – Concessionária da Ford; Farmácia Modelo; do Banap; lojas São Paulo Saldo; Esplanada; Cruzeiro; Hotel Mercúrio; Casa Estrela; Casa Marcelo; Setalar; Tecidos do povo; Tecidos do Sul; A Acreditar; Casa Estrela; Beirute na América, ponte do Canal; Banco Econômico e Farmácia Serrano. Pelo caminho, muitos se juntarão a multidão.

Rainha Mona, Alice Gorda, em A Banda

Os foliões passarão em frente a Fortaleza de São José de Macapá, dobrarão na esquina da Yamada, subindo pela lateral da Feira do Caranguejo, em frente a boate Freedom e subirão a ladeira até o supermercado Romana, na esquina, a curva do Santa Maria. Sempre com os ritmos levantam nosso astral.

A marcha alegre seguirá pela Feliciano Coelho, onde a maioria já estará possuído pela cerveja, passará pelo Urca Bar; Leão das Peças; Cine Veneza e Farmatrem. A Banda chegará à Esquina do Barrigudo, na Leopoldo Machado. Continuará a passar em frente a Acredilar, lanchonete Chaparral, Casa Nabil, Hotel Glória e Baby Doll. Na brincadeira terá folião de toda idade, a maioria na maior curtição, sempre driblando os poucos que querem confusão.

Hoje tem de novo e com a mesma magia. Bora pra A Banda!!

Sobre quando encontrei o velho professor Edésio na Banda, uma história de Carnaval – Crônica de Elton Tavares

Eu e o querido professor Edésio – Foto: Patrick Bitencourt

Crônica de Elton Tavares

Em fevereiro de 2015, em uma Terça-Feira Gorda, nós seguíamos na A Banda, a rua cheia de gente, milhares fantasiados… E o Patrick Bitencurt, meu velho amigo e companheiro no bloco de sujos há 27 anos, diz: olha quem tá ali.

Olhei para a calçada do antigo “Urca Bar” e… Égua! Avistei Edésio Lobato de Souza. Sim, o lendário professor Edésio. Fiquei feliz de vê-lo, pois o cara sempre foi porreta. Quem, como eu, estudou no Colégio Amapaense (CA) na primeira metade dos anos 90 entende o motivo de “lendário”.

Edésio foi um professor de matemática brilhante e diretor do velho CA por anos. Mesmo com as aulas particulares que frequentei na casa dele, no bairro do Trem, em meados de 1990, odeio matemática. Sempre odiei. Aliás, fui reprovado algumas vezes e nas outras passei raspando, isso na recuperação.

De tão engraçado e caricato, Edésio multiplicou amigos, adicionou admiradores, subtraiu tristezas e dividiu alegrias. Sim, ele era e é um cara pai d’égua. Apesar de irreverente, todos os seus alunos e colegas professores o respeitavam.

Edésio foi um diretor que apoiava as atividades esportivas, gincanas, feiras de ciências ou qualquer programação que envolvia os alunos do CA. Além disso, era chapa de todos, quem ia pra diretoria levava uma senhora escrotiada, mas nada além disso. A não ser que fosse um caso grave e tals.

Em novembro daquele mesmo ano, Edésio fez sua subida tridimensional, como diz o Fernando Canto sobre o desencarne. Foi a última Banda dele, o seu último Carnaval. Pelo menos nesse plano.

A gente sente saudades de vê-lo fantasiado de homem das cavernas (naquele dia, o cara ainda fez um barulhinho tipo grunhido do personagem de sua fantasia). Ele sempre foi uma figuraça. Essa foi mais uma história de Carnaval e memória afetiva deste folião incorrigível.

Valeu, Edésio!

The Doors: O filme – Resenha (hoje completam 33 anos do longa)

Há 33 anos, era lançado o filme “The Doors”, dirigido por Oliver Stone. A cinebiografia foca no vocalista Jim Morrison, interpretado por Val Kilmer. Dividiu opiniões em relação aos acontecimentos reais envolvendo o grupo. Leia a resenha abaixo, escrita há mais de 10 anos: 

Gostamos de cinema e rock, quando essas duas coisas estão juntas então, nem se fala. Hoje falaremos um pouco do filme “The Doors”, que contou a história da banda, homônima ao longa-metragem. Tudo bem que a película exalta muito mais a figura doideira do Jim Morrison (Val Kilmer) que dos outros componentes do grupo, ou a intelectualidade do vocalista (que lançou alguns livros nos EUA).

O filme é de 1991. Foi dirigido pelo renomado diretor Oliver Stone, que ganhou o MTV Movie Awards 1992 (EUA). Stone arrebentou, escolheu o ator Val Kilmer para o papel do lendário Jim Morrison, retratou os shows com ótimos efeitos e adicionou cenas reais ao filme.

O ator mais cotado para o papel era John Travolta, mas Kilmer enviou a Oliver um vídeo onde canta músicas da banda. Isso e o fato de ser muito parecido com o “Rei Lagarto” (como Morrison era conhecido) fez com que ele ganhasse o papel. E ele foi foda naquele filme, para mim, sua melhor atuação.

Para aqueles que não sabem (que devem ter vindo de Marte), o The Doors foi, na segunda metade dos anos 60 e início de 70, uma banda de rock norte-americana. O grupo era composto por Jim Morrison (voz), Ray Manzarek (teclados), Robby Krieger (guitarra) e John Densmore (bateria). A banda tinha influências de Blues, Jazz, Flamenco e Bossa Nova. Foi uma das maiores da história do rock mundial.

O filme conta a vida anárquica de Jim, todo tipo de loucura, paixão e sexo. Algumas amigas minhas detestaram a postura de Morrison, que faz muitas cagadas com sua namorada Pamela Courson (Meg Ryan), mas isso não é nenhuma peculiaridade dos rockstars (risos). O que queremos dizer aqui é: poucas películas fazem jus ao jargão “sexo, drogas e rock and roll” como esta obra de Stone.

Ouvimos dizer que Val Kilmer teve problemas para sair do personagem, andou meio doido, por ter vivido Jim. A atuação dele foi extraordinária, até Ray Manzarek e John Densmore elogiaram publicamente o desempenho de Kilmer.

O filme tem cada “liga torta” (mas muito bacana), como a influência xamânica de Morrison (que ele absorveu depois de presenciar um acidente de carro na estrada, onde um índio teria morrido e espírito do figura virou um “encosto” no rockstar (risos). O filme retrata até o envolvimento amoroso de Jim e a jornalista Patricia Kennealy.

Jim Morrison morreu em 1971, foi cedo demais, assim como muitos, antes e depois dele. Jim influenciou, definitivamente, uma geração que, posteriormente, influenciou outras. Por exemplo, Iggy Pop que decidiu fundar sua banda (Stooges) depois de ver Jim Morrison. Apesar de não gostar do som e da poesia dos Doors, Iggy admirava a postura sensual e misteriosa de Morrison.

Assim, juntando a vontade de criar uma nova sonoridade para o rock, a preocupação com o visual da banda nas apresentações ao vivo, os Stooges marcaram o início de um movimento que culminaria com o punk rock. Mas essa é outra história.

Voltando ao filme, Ray Manzarek (tecladista do Doors) lançou, anos depois, um livro falando de algumas “potocas” de Oliver Stone no filme e que a película conta “de forma horrível” a história da banda. Mas o diretor fez vários pedidos para que Manzarek trabalhasse como consultor no filme. Entretanto, Robbie Krieger (guitarrista dos Doors) foi o consultor, então tá valendo.

Enfim, este site aconselha a todos que não assistiram a fazê-lo. Os que já assistiram e gostam muito de rock e cinema, o assistem de vez em quando. Abraços na geral!

Ficha técnica:

Gênero: Biografia, Drama.
Direção: Oliver Stone.
Elenco: Billy Idol; Val Kilmer; Meg Ryan; Kyle MacLachlan, Frank Whaley, Kevin Dillon e Kathleen Quinlan.
Duração: 140 minutos.
Ano de produção: 1991.
Classificação indicativa: 18 anos.

Assista ao trailer do filme:


Elton Tavares e André Mont’Alverne
*Republicado.

Conheça o amapazeiro, árvore que deu origem ao nome do Estado do Amapá

Foto: Divulgação/IEF Amapá

O amapazeiro (Parahancornia amapa) é uma árvore nativa da região amazônica que estampa a bandeira oficial do Estado do Amapá e é, também, responsável pelo seu nome.

Várias são as espécies vegetais conhecidas popularmente como “amapá”, algumas pertencendo, inclusive, a famílias diferentes. Essas árvores, entretanto, acumulam uma série de similaridades, seu tronco chega até 35 metros de altura e delas é coletado um látex, chamado de “seiva-do-Amapá”.

Cada espécie da árvore produz seiva de coloração e sabor diferente, sendo mais procurada a que tem uma seiva branca de coloração amarga, muito utilizada para o preparo de medicamentos naturais.

O leite-do-Amapá é o medicamento natural amazônico mais utilizado pela população do Amapá, principalmente no tratamento de doenças respiratórias, gastrite, anemia, problemas musculares e no processo de cicatrização.

A extração da seiva do Amapazeiro, se assemelha muito com o processo de extração do látex da seringueira, no qual um corte é aberto na casca da árvore, permitindo o escoamento da seiva para algum recipiente. Esse processo, entretanto, tem tornado os Amapazeiros cada vez mais difíceis de serem encontrados no Estado, já que a quantidade de árvores mortas por conta de ferimentos em seu tronco vem aumentando exponencialmente, principalmente por conta do manejo irregular e da utilização de ferramentas inadequadas na retirada do leite.

O amapazeiro é uma das plantas que representa a Amazônia Legal, tendo grande valor simbólico, principalmente no estado que teve seu nome inspirado por ele. Sua importância para a população da região é inestimável, e sua preservação contribui com a preservação deste símbolo ambiental.

*Com informações do ABC Amazônia e da Embrapa
Fonte: Portal Amazônia

Flip não dá outro (crônica) – Por Ruben Bemerguy – Contribuição de Fernando Canto

“TEXTINHO?

Recebi do amigo Ruben Bemerguy o texto abaixo que ele chama modestamente de “Textinho”. Vejam só a riqueza da sua escritura e o desenho de sua memória em relação a pessoas que viveram a velha e romântica Macapá. E o Flip? Quem, como eu, não provou desse refrigerante genuinamente amapaense na década de 1960 e início dos anos 70? Provem, então, desse sabor borbulhante do Ruben” – Fernando Canto.

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa” – Chico Buarque de Hollanda.

Moisés Zagury

Flip não dá outro

Muito embora se possa pensar, e não sem alguma razão, que me decidi por uma literatura lúgubre, digo sempre que não. Também digo não ser essa uma expressão de meu luto. Não. Não escrevo sobre os mortos porque morreram simplesmente. O faço como quem ora, sempre ao nascer e ao pôr-do-sol, em uma sinagoga feita à mão, desenhada n’alma da mais imensa saudade. Escrevo também para que os meus mortos permaneçam vivos em mim. Morreria mais apressadamente sem a memória dos que amei tanto. É só por isso que escrevo. Porque os amei e ainda os amo.

E quando esses meus amores partem e com eles já não posso mais falar, passo, insistentemente, a dialogar comigo. É um diálogo franco e, de fato, inexistente. Sempre que tento assumir a função de meu próprio interlocutor, uma súbita impressão de escárnio de mim mesmo me faz parar, e aí calo. Toco a metade de meu dedo indicador direito, verticalmente fixo, na metade de meus lábios, como a pedir silêncio a minha insensatez. Taciturno, faço vir à memória de um tudo.

É por isso, e tanto mais, que ando sempre atrasado. Demoro a escrever e quando decido o faço tão pausadamente que chego a aprender de cor todo o texto. Por exemplo, se medido o amor que tinha por meu tio Moisés Zagury, há muito me obrigava a ter escrito. Mas minha inércia não é voluntária e, por isso, não a criminalizo. Não há relação entre o tempo da morte e o tempo de escrever. A relação é de amor e é eterna. A morte e a palavra, ao contrário de mim, não se atrasam. Além disso, em minha vida andam juntas, nem que seja só em minha vida. Isso já aprendi, porque as sinto frequentemente, desde criança, tanto a morte quanto a palavra.

E é desde criança que lembro do tio Moisés. Lá, estive muitas vezes no colo. Pensei que adulto isso não mais aconteceria, mas aconteceu até a última vez que o vi. No aeroporto, quieto em uma cadeira de rodas, ele ia. Tinha um olhar paciente, de contemplação, de reverência a Macapá e, sem que ele percebesse, eu em seu colo observava obcecadamente cada movimento dos olhos, queria traduzir e imortalizar aquele momento. Não consegui e até hoje tento imaginar o que o tio Moisés dizia pra cidade. Acho que tudo, menos adeus. Macapá e o tio eram inseparáveis. Essa era a terra dele e ele o homem dela. Isso é inegável. Por baixo das anáguas de Macapá ainda velejam o líquido de ambos: do tio e da cidade.

O tio conheceu a cidade cedo. Ele, moço. Ela, moça. Daí, foi um passo para ser o abre-alas dela. Tinha dom. Rascunhavam-se incessantemente um ao outro. Eu os vi várias vezes passeando, trocando carícias. Ela costumava cantar para ele, enquanto ele fabricava um xarope de guaraná. O Flip. Flip guaraná. Dentro de cada garrafa havia um arco-íris. A fórmula era segredo do tio e da cidade, e até hoje o é. Por isso, só o tio conseguia pôr arco-íris em uma garrafa de guaraná. Acho mesmo que o Flip era feito da seiva da cidade. Eu o Tomava gut gut.

O Flip não foi só o primeiro guaraná produzido aqui. Não foi também só a primeira indústria. O Flip, me conta a memória, foi o cenário auditivo mais preciso de minha lembrança. Era a propaganda que anunciava promoção de prêmios a quem encontrasse no guaraná, além do arco-íris, o desenho de um copo no interior da tampinha da garrafa. O copo, sinceramente, não era minha grande ambição. O sabor estava mesmo na propaganda que vinha pelas ondas das rádios Difusora e Educadora, se bem lembro. Era o som de um copo quebrando, esquadrinhado por uma indagação seguida da solução: “Quebrou?. Flip dá outro”. E dava mesmo.

Não sei se por ingenuidade da infância ou ignorância, o que aquele sorteio me fixou é que tudo era substituível. Se o copo quebra, Flip dá outro. Se a bola fura, Flip dá outra. Se a moda não pega, Flip dá outra. Se o tempo passa, Flip dá outro. Se o ar falta, Flip dá outro. Se o amor acaba, Flip dá outro.

Não me cabe agora eleger um culpado pela singeleza de minha compreensão da vida. Fico cá a suspeitar do arco-íris, e nem por isso me zango. Se me fosse permitido optar entre a idade madura e o arco-íris, escolheria o arco-íris sem piscar. Mas isso não é possível, agora eu sei. A bola fura, a moda pega, o tempo passa, o ar falta e o amor acaba. Tudo, é claro, por falta do Flip.

É um desconforto viver sem Flip. Todas as vezes que a vida me recusa, eu lembro do Flip. Mesmo assim, não digo nada a ninguém. Chamo num canto os arco-íris que conservo desde tanto, faço mimos, beijo os olhos, o rosto, e sossego. Vem sempre uma chuva fina. Eu me molho e a guardo. Guardo muitas chuvas. Quando se guarda bem guardadinha, a chuva não dói. Só dói é saber que Flip não dá outro. Poxa, quanta saudade do meu tio.

Ruben Bemerguy