Não deu pra escrever algo legal. Então vamos beber! – Crônica de Elton Tavares – *(Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”)

Crônica de Elton Tavares

Mesmo que minha vontade grite em meus ouvidos: “escreva, escreva”, a força criativa não estava muito inventiva na sexta-feira. Mesmo assim, resolvi tentar atender tais sussurros.

Você, meu caro leitor, sabe que gosto de devanear/ “cronicar” sobre tudo. Escrevo sobre o que dá na telha e tals. Só que hoje não. Pensei em escrever uma lista de clássicos do Rock and Roll, shows das grandes bandas que assisti, uma lista de meus filmes preferidos; quem sabe redigir sobre futebol (pênalti perdido pelo Roberto Baggio em 1994, que me fez beber pra cacete), carnaval, amor ou política, mas apesar da inquietação, nada flui. É, tudo pareceu tão óbvio, repetitivo e desinteressante este momento. Foda!

Quem dera ser um grande contista ou cronista. Ser escritor, de verdade, deve ser legal. Não falo de “pitacos” e devaneios em um site – sem nenhum tipo de ironia barata. E sim de caras que possuem livros publicados, bibliotecas na cabeça, bagagem cultural e não pseudo-enciclopédias, que só leram passagens ou escutaram fulanos contarem sobre obras literárias lidas. Talvez, um dia, eu chegue lá. Quem sabe?

Mesmo que seja sobre uma bobagem, precisa-se de merda engraçada, porreta de se ler. Às vezes escrevo assim, de qualquer jeito. Por que? Dá muito trabalho contar uma história ou estória de forma bem escrita, oras. Quem dera pensar: agora vou me “Drummonizar” e voilà: escrever um “textaço”. Não, não é assim. Já ri muito de alguns velhos posts pirentos por conta disso.

Por fim, vos digo: textos ruins parecem cerveja quente em copo de plástico, ou seja, não rola. Já uma boa crônica parece mais uma daquelas cervas véu de noiva de garrafas enevoadas, na taça, claro.

E já que não deu pra escrever algo caralhento, vamos beber, pois é sexta! Bom final de semana pra todos nós!

Acho que a gente devia encher a cara hoje, depois a gente fala mal dos inúteis que se acham super importantes” – Charles Bukowski.

*Texto do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em 2020.

O breve relato sobre a Little Big, a saudosa banda de skatistas de Macapá – Crônica de Elton Tavares

As lembranças do Facebook me trouxeram uma foto da saudosa banda Little Big. Na postagem, os componentes do grupo e brothers das antigas contavam causos e marcavam um reencontro. Aí bateu a nostalgia e resolvi republicar este texto. Saquem:

A primeira formação da Little Big foi com Antônio Malária, no vocal, Ronaldo Macarrão, no contrabaixo, Tibúrcio, na guitarra, e Paulo Neive, na bateria. Todos skatistas.

A banda quase acabou com a saída de Tibúrcio. Patrick Oliveira (hoje líder da stereovitrola) assumiu este posto de forma brilhante. Houve um rodízio na cozinha da Little. A bateria contou com participações do Zico, Ricardo Kokada e Kookimoto, mas quem emplacou mesmo foi o Mário (não lembro o sobrenome do Mário e nem sei por onde ele anda, mas o cara tocava muito).

Eles tocaram juntos da segunda metade dos anos 90 até meados de 2002. Era a banda que mais agitava o rock and roll em Macapá.

A Little foi a banda de garagem mais duradoura e badalada daquela época (certeza de casa cheia onde os caras tocavam). No repertório, tinha punk, indie, hardcore e manguebeat. Chegaram a desenvolver um som próprio, com composições do Antônio Malária, um flerte com o batuque e marabaixo, misturados ao rock.

A banda ganhou força com a percussão de Guiga e Marlon Bulhosa. Inspirados, chegaram ao topo do underground amapaense com as canções autorais “Baseados em si”, “São Jose”, “Beira mar” e “Lamento do Rio”. Quem viveu aqueles dias loucaços lembra bem do refrão: “Eu sou do Norte, por isso camarada, não vem forte”.

 

A banda embalou festas marcantes do nosso rock, teve seus anos de sucesso pelas quadras de escolas, praças, pista de skate, bares (principalmente o Mosaico) e residências de Macapá. Quando os caras executavam “Killing In The Name“, do Rage Against The Machine, a casa vinha abaixo. Era PHODA!

Era rock em estado bruto, sem muitos recursos tecnológicos ou pedaleiras sofisticadas. Os caras agitavam qualquer festa. Quem foi ao Mosaico, African Bar, Expofeiras, Bar Lokau, festas no Trem Desportivo Clube e Sede dos Escoteiros, sabe do que falo.

Vários fatores deram fim à Little Big, como desentendimentos internos e intervenção familiar. Eles não estouraram como banda autoral porque não tiraram os pés da garagem.

Em 2012, os caras se reuniram e tocaram em uma festa, mas eu perdi a oportunidade de vê-los, pois estava indo para Laranjal do Jari a trabalho. A Little Big agitou as noites quentes de Macapá e embalou os piseiros de uma geração. Uma banda que faz parte da memória afetiva de muitos amapaenses roqueiros e já quarentões. E foi assim.

De um tempo que fomos para sermos o que somos” – Fernando Canto.

Elton Tavares

Sobre a saudosa Drop’s Heroína (primeira banda de Rock formada somente por mulheres do Amapá) – Crônica de Elton Tavares – *Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”

 

 

Ilustração de Ronaldo Rony

 

Crônica de Elton Tavares

A Drop’s Heroína surgiu do desejo das, então adolescentes, Rebecca Braga (vocal) e Aline Castro (guitarra). A proposta foi a de formar uma banda diferente, com uma agressividade teenage. Logo depois se juntaram à Lenilda (bateria) Cristiane no contrabaixo e Sabrina (guitarra base). Depois, a formação mudou várias vezes. Entraram Suellen no teclado e a última formação contou com Débora nos vocais e Dauci no baixo. A banda lutou contra o preconceito, já que era formada apenas por mulheres, algo nada convencional no Amapá, na década de 90.

A banda foi pioneira no feminismo do rock amapaense. Suas apresentações eram sempre porretas, dignas de um público fiel que seguia a Drop’s aonde quer que as heroínas fossem tocar.

A Drop’s não resistiu à saída da vocalista Rebecca Braga, tentou seguir em frente com uma substituta, mas a coisa não vingou. Apesar disto, a banda inspirou outras meninas e escreveu uma página importante do nosso rock. Ao primeiro grupo roquenrou formado por mulheres de Macapá, nossas saudosas palmas.

Em 2012, no extinto bar Biroska, rolou a festa “Noventinha”, com shows das bandas Little Big (eles não tocaram, mas isso é outra história), Drop’s Heroína e Os Franzinos – todas da mesma época. Infelizmente não fui, pois estava no município de Laranjal do Jari, a trabalho. Uma pena.

Enfim, essa foi uma história vivida por muitos que viveram o rock amapaense há mais de duas décadas. Aqueles anos ficaram guardados na memória e no coração de todos.

É, vez ou outra “mascamos o chiclete Ploc da nostalgia”, como diz Xico Sá.

Falando em citações, existe uma que define a amizade que os integrantes das Little e Drop’s têm até hoje: “bandas são mais que ajuntamentos de músicos, são reuniões de alma” – Jimmy Page.

*Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, de minha autoria, lançado em novembro de 2021.

Finéias Nelluty e Enrico Di Miceli estão em Senegal participando do Dialaw Festival

A música amapaense mais uma vez atravessa o atlântico e chega ao continente Africano, representada por Fineias Nelluty e Enrico Di Miceli, únicos brasileiros que participam do Dialaw Festival-Rythmes et Formes du Monde – Festival Ritmos e Formas do Mundo, que está acontecendo em Senegal, na vila Toubab Dialaw, na beira do oceano Atlântico. Os artistas foram convidados pela produção do evento, que está em sua 12ª edição. As apresentações serão individuais e acontecerão no mesmo palco nesta sexta-feira, 26, acompanhados por músicos do Amapá e Senegal.

O festival teve inicio no dia 24, em Toubab Dialaw, com uma série de atrações artísticas africanas, com música, dança e teatro.

Além dessas apresentações, foram produzidos três videoclipes: um de Enrico Di Miceli com a participação da cantora senegalesa Citha, da música “Dançando com a Sereia”, de Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes; outro de Fineias Nelluty, da música Brasil-Senegal, com participação do cantor Senegales Dao Maximum e de crianças e jovens, sendo esses vídeos gravados em Dakar. O terceiro vídeo é da música chamada Teranga, com referência a Ilha de Gorrée, uma parceria de Fineias Nelluty, Enrico Di Miceli e Joãozinho Gomes.

Nesta sexta-feira, 26, Enrico Di Miceli estreia no palco do Dialaw Festival, na companhia de Ian Moreira, percussionista amapaense, e dos músicos senegalenses Cisse (baixo); Abdou Ngom (percussão); Cissokho (teclado); El Hadji (harpa africana). Em seguida, Fineias Nelluty faz seu show com a mesma formação musical. No repertório, composições que já são sucesso de público no Brasil, autorais ou de parceiros musicais, e que já são conhecidas internacionalmente. Para coroar a participação no festival, Fineias Nelluty e Enrico Di Miceli sobem juntos no palco para uma homenagem à Senegal, com a música Teranga.

O intercâmbio cultural entre o Brasil e África começou a ser construído no Amapá Jazz Festival, que tem como característica a apresentação de músicos estrangeiros e brasileiros, uma interação entre nações que acontece nos palcos, nas oficinas e jam session, que fazem parte do evento. O entrelaçamento musical que Fineias estimula com a mistura de canções com ritmos caribenhos e guianeses, com os sons da Amazônia, levou o artista para o estrelato internacional. O álbum Africaribe Amazon e a turnê em Cabo Verde, são alguns dos exemplos dessa afinidade, que agora tem continuidade no Dialaw Festival.

Esta experiência positiva em intercâmbio cultural deu uma nova modelagem para o Amapá Jazz Festival, evento patrocinado pelo Governo do Estado do Amapá (GEA), que dá a largada com a presença dos artistas no Dialaw Festival. A segunda etapa da 17ª edição é o Jazz na Calçada, e o ápice, no segundo semestre de 2024, é o festival.

Enrico Di Miceli, que também já iniciou os passos na carreira internacional com uma turnê na Guiana Francesa, percorreu diversos estados brasileiros através de projetos e editais nacionais. No Dialaw Festival, Enrico leva na bagagem três álbuns gravados, prontos para mostrar a sua versatilidade enquanto melodicista que vive com um pé na sua aldeia e antenado para o mundo.

Mariléia Maciel

Hoje é o Dia do Goleiro – meu saudoso pai foi/é o meu goleiro preferido

No Brasil, em 26 de abril é comemorado como o Dia do Goleiro. A data foi criada há quase 40 anos para fazer uma homenagem para aqueles atletas que por muitas vezes não tem o reconhecimento devido do seu trabalho. A ideia foi do tenente Raul Carlesso e do capitão Reginaldo Pontes Bielinski, que eram professores da Escola de Educação Física do Exército do Rio de Janeiro, e começou a ser comemorada a partir da metade dos anos 70, segundo relata Paulo Guilherme, jornalista que escreveu o livro “Goleiros – Heróis e anti-heróis da camisa 1”.

Como eu já disse aqui, por diversas vezes, amo futebol. Goleiro é posição maldita do esporte bretão (chamado assim por ter sido inventado na Grã-Bretanha). Meu saudoso e maravilhoso pai, José Penha Tavares, era goleiro. Posso afirmar, sem paixão (talvez com um pouquinho dela), que ele foi muito bom.

Papai agarrou pelos times amapaenses (quando o futebol aqui era amador) do São José e Ypiranga Clube. Também foi amigo de um monte de conhecidos boleiros locais. Infelizmente, meu amigo Leonai Garcia (que também já virou saudade), esqueceu-se dele no seu livro “Bola da Seringa”.

Quando moleque, acompanhei papai em centenas de peladas. Torcia e sofria quando ele levava gols, principalmente quando falhava. Aprendi a admirar goleiros com ele. Lembro bem de expressões como: “Olha essa ponte!”, “Que defesa, catou legal!” ou algo assim, bons tempos aqueles.

Bem que tentei jogar em todas as posições, inclusive o gol (sempre era o último a ser escolhido), mas nunca consegui me destacar pela bola, mesmo antes de engordar. Não sei se as crianças de hoje ainda escolhem o pior dos meninos (ou meninas) para agarrar, aquilo é bullying (risos). Digo isso com conhecimento de causa.

Quando me refiro ao goleiro como “posição maldita”, falo de uma série de injustiças que vi goleiros sofrerem ao longo dos meus 44 anos, mas uma é mais marcante: a crucificação do arqueiro Barbosa, da seleção de 1950. Há alguns anos, assisti a um documentário sobre a derrota para o Uruguai na final daquele mundial. Aquele homem foi estigmatizado até o fim de sua vida.

Em 2010, durante uma entrevista, Zico (não preciso dizer quem é, né?) declarou que o Barbosa, no fim da vida, disse a ele: “desculpe, mas gostei de ver você perder aquele pênalti em 1986, pelo menos me esqueceram um pouquinho”. Imaginem como o velho goleiro sofria pela falha de 1950? É a maldição do goleiro.

Vi grandes goleiros jogarem. Raçudos e classudos, voadores, pegadores de pênaltis. Foram tantos que é difícil enumerar, mas lembro bem do Buffon, Gilmar, Taffarel, Raul, Dida, entre tantos outros arqueiros que nos encantaram com a segurança debaixo da trave. Mas para mim, meu pai foi o melhor de todos eles.

Este texto é uma homenagem aos goleiros profissionais e peladeiros, que se machucam em saltos destemidos, levam chutes meteóricos, além de divididas violentas. Em especial ao meu pai, meu goleiro preferido para sempre. Amo-te, Zé Penha. Um beijo pra ti, aí nas estrelas!

Elton Tavares

Abertas inscrições para capacitação em Inteligência Artificial com foco no desenvolvimento sustentável da Amazônia para alunos do ensino médio

Estão abertas as inscrições para o curso de “Capacitação profissional para aperfeiçoamento / desenvolvimento de recursos humanos em Inteligência Artificial com foco no desenvolvimento da Amazônia”, ofertado pelo Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas (Dcet), em parceria com o curso de Engenharia Elétrica, da Universidade Federal do Amapá (Unifap). O público-alvo são estudantes do ensino médio e as inscrições, gratuitas, serão realizadas até 26 de abril de 2024 pelo link https://forms.gle/bqA8msAVyhL9Vs5E6.

CONFIRA O EDITAL DE INSCRIÇÃO

Estão sendo ofertadas 80 vagas de preenchimento imediato, sendo 50% do total de vagas destinadas a candidatas do sexo feminino. As inscrições excedentes até 20% do número de vagas ofertadas formarão cadastro reserva.

Os critérios de seleção para a vaga são:

a) Ordem de inscrição on-line até o preenchimento das vagas ofertadas;
b) Ter matrícula no ensino médio no ano de 2024.

O curso tem como objetivo a capacitação e formação de recursos humanos em Inteligência Artificial (IA) com o intuito de contribuir com o desenvolvimento sustentável na Amazônia e com o fomento e a ampliação, consequentemente, da área de IA na região.

A capacitação terá duração de dois meses (maio e junho), com carga horária de 150h/aula, no período de janeiro a abril de 2024. As aulas ocorrerão presencialmente no campus universitário Marco Zero do Equador, em Macapá (AP), às terças, quintas e sextas-feiras, com uma turma com aulas pelo período da manhã (8h30 às 11h30) e outra pelo período da tarde (14h30 às 17h30). Ao final do curso, o(a) aluno(a) receberá um certificado de conclusão emitido pela Pró-Reitoria de Extensão e Ações Comunitárias (Proeac).

O resultado final da seleção será divulgado no dia 29 de abril e o início das aulas está marcado para 30 de abril de 2024.

A capacitação é financiada com recursos do Centro Internacional de Tecnologia de Software (Cits).

Serviço:

Curso de Capacitação de Recursos Humanos em Inteligência Artificial com Foco no Desenvolvimento Sustentável na Amazônia para alunos do ensino médio
Inscrições gratuitas até o dia 26 de abril de 2024 pelo link https://forms.gle/bqA8msAVyhL9Vs5E6. 80 vagas. Edital de seleção disponível em https://www2.unifap.br/eletrica/capacitacao-ia-ctis/.

Jacqueline Araújo (Jornalista – DRT/PA 2633)
Assessoria Especial da Reitoria – Assesp/Unifap
[email protected]
Contato: (96) 98138-9124

A rock girl do Liverpool – Crônica de Marco Antônio P. Costa

Crônica de Marco P. Antônio Costa

Cheguei mais cedo e o Seu Nelson ainda estava arrumando as meses. Naquela noite iriam tocar a Stereo e a Banda Base. Em pouco tempo a moçada começou a chegar. Patrickinho, Marinho e os demais chegaram e os ajudei a carregar qualquer coisa por ali. Com pouco chegaram Cabelo, Tássio e Careca.

A entrada era um real e a cerva barata. Peguei uma e fiquei ali no canto, perto do banheiro. O olhar de estudante de sociologia-fofoqueiro fazia-me analisar as tribos que chegavam. Tinham os rockeiros mais velhos, gente bacana que fala com menos pressa e iam lá pra curtir um som.

Editor deste site no velho Liver

Tinham os malucos, que de vez em quando saíam pra dar uma volta de carro. Tinha a galerinha libertária, uma moçada com roupas mais diferentes e papos interessantes, tipo o Fausto. Tinha a galera da universidade, a galera do DCE que, aliás, era a minha galera. Ah, dava playba e patyzinha estilo rock girl. Eu curtia. Ainda tinha a galera que não entrava e ficava ali pela frente do Podium. Coisas de Macapá. Aqui tem gente que não vai para os lugares, vai pra ficar na frente deles. HAHAHAHAHHAHAH. Muita onda.

Todo mundo se juntava ali e a forma circular, como que num teatro de arena, parecia sempre ajudar as meia luzes amarelas para que grandes histórias acontecessem. Amigo, acredite, se você gostasse de rock em Macapá no início dos anos 2000, era no Liverpool que você estaria.

Selado que a primeira música da Banda Base era Pain Lies on the Riverside, da Live. O set variava pra cima, mas tinha sempre a hora de Black, a maior rocker sofrência da história. Nunca ocorreu, mas na minha cabeça Cabelo and Company fechavam tocando Atomic, só pra nos levar aos ares escoceses de Mark Renton e Sick Boy.

Acho que foi mais ou menos por aí que a vi. De cabelos curtos, ela dançava o rock dando pulinhos engraçados e mexendo a cabeça com um cigarro na mão direita. As vezes fechava os olhos quando sentia o sim e cantava. Ela era incrivelmente linda.

Daí que, acreditem ou não, she look at me! Mais que isso: ela pediu pra me conhecer através de um amigo. Fui, mas bem nervoso. Ela era um pouco mais velha e, sem dúvidas, mais interessante e inteligente. Convenhamos, eu sabia não passar de um mediano.

Mas ela falava tão bem que falou por nós dois. Eu ria e ela via que eu estava nervoso. Numa hora, igualzinho acontece no Chaves, ela falou que era legal estar me conhecendo. Como o som estava alto, eu perguntei meio perto “como está sendo me conhecer? Hã? Aí mais perto ainda: COMO ESTÁ SENDO ME CONHECER? Na hora exata em que a banda parou de tocar e todos olharam. Ela sorriu tão feliz e sincera, olhou pra trás até se voltar pra mim e dizer: INCRÍVEL! Nos beijamos!

Aí o rock que já era bom, flutuou. Cantamos Last Nite e The modern age a plenos pulmões, mas não mais do que lugar do caralho.

Liverpamos a noite inteira, com novos e velhos amigos. Com beijos, muitos beijos e cheiros e vontades e sacanagens faladas ou apenas pensadas nas orelhas e pescoços.

A rock girl foi uma intensa paixão, daquelas que duram as semanas que podem existir e, se pensarmos bem, ainda continua existindo entre as mesas do seu Nelson, com a nossa galera lá no bom e velho Liverpool.

E como diria Antônio Callado, em “Bar Don Juan”:

“Quando o processo histórico se interrompe… quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para se abrir um bar”.

Fotos: Blog De Rocha.

Incentivo à Cultura: Governo do Amapá anuncia data do resultado preliminar da seleção de projetos da Lei Paulo Gustavo

Alinhado ao Plano de Governo e a política nacional de cultura, o Governo do Amapá anuncia a data do resultado preliminar da seleção de projetos dos editais Latitude Zero e Maré Cheia, da Lei Paulo Gustavo (LPG). A lista com as iniciativas habilitadas e não habilitadas será divulgada no dia 6 de maio. A etapa atual, de avaliação do mérito cultural, se estende até o dia 30 de abril.

CONFIRA O CRONOGRAMA DO EDITAL LATITUDE ZERO

CONFIRA O CRONOGRAMA DO EDITAL MARÉ CHEIA

Foram registrados um total de 4.028 projetos inscritos nos dois editais da LPG, sendo, 1.165 no “Latitude Zero” e 2.863 no “Maré Cheia”. O Amapá foi um dos estados que teve 100% de adesão dos municípios. Ao todo, a lei destina mais de R$ 22,6 milhões em recursos para o segmento cultural do estado.

O edital Latitude Zero destina R$ 15,1 milhões para alcance de 334 projetos, enquanto o edital Maré Cheia distribuirá R$ 5,6 milhões para setores diversos, contemplando diretamente até 835 agentes culturais com iniciativas que serão reconhecidas e fomentadas em todos os 16 municípios amapaenses.

Durante o período de inscrições, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) realizou uma série de ações para divulgar e esclarecer os 2 editais da Lei Paulo Gustavo. Sete equipes com agentes realizadores da busca ativa coordenada pela Secult, percorreram os municípios para divulgar e incentivar os fazedores da cultura popular de seus territórios.

A busca ativa resultou em um aumento significativo no número de inscrições. Ao longo de 32 dias, a equipe realizou 70 atividades formativas e informativas, incluindo 20 encontros, alcançando diretamente 1.056 participantes. As ações tiveram foco em localidades mais distantes dos centros urbanos, comunidades tradicionais e grupos sociais priorizados nas políticas de inclusão e afirmação.

A avaliação das iniciativas e projetos culturais será realizada por pareceristas credenciados nacionalmente, profissionais com ampla experiência em curadoria e reconhecido conhecimento no setor cultural. A equipe de avaliação conta com 25 analistas de 12 estados brasileiros.

Em continuidade ao diálogo com o setor cultural, na última semana a Secult apresentou ao Conselho Estadual de Política Cultural (CEPC) um relatório parcial dos indicadores coletados durante o período de inscrições em editais de fomento à cultura. A explanação destacou ações como apoio técnico à administração pública, plataforma e serviço de tecnologias da informação, busca ativa, seleção de pareceristas, assessoria comunicação, serviços de design, monitoramento e análise de resultados que no final do processo deve apresentar um perfil da aplicação da Lei Paulo Gustavo no estado do Amapá.

Texto: Alexandra Flexa
Foto: Albenir Sousa/GEA
Secretaria de Estado da Comunicação

O Navio dos Cabeludos e a Educação pelo Medo – Crônica porreta de Fernando Canto

Crônica do sociólogo Fernando Canto

O medo de fazer algo errado e ser punido controlava a ação de qualquer moleque da minha idade.

Os mais velhos comentavam com veemência sobre uma tal Ilha de Cutijuba, no Pará, para onde levavam os jovens transgressores das leis, falando misérias sobre ela. Diziam ser um presídio de onde era impossível fugir por causa dos tubarões e pirararas que viviam ao seu redor, perto do oceano; um lugar quase inacessível, que para viver era preciso lavrar a terra na chuva e no sol para produzir seu próprio alimento; uma prisão ao ar livre na qual poucos sobrevivam cumprindo suas penas. Em suma: um inferno.

O controle social bem articulado, posto nas nossas cabeças pelo medo, povoava nossas vidas desde a infância. Para cada situação sempre existia uma história que evitava o fazer errado. Era a educação pelo medo. Até hoje quando vejo uma sandália virada providencio logo que ela fique na posição de calçar, pois me ensinaram a acreditar na superstição de que minha mãe morreria se a sandália não estivesse de cabeça para cima. Espertos esses adultos! Eles inventaram uma forma de fazer as crianças não bagunçarem os espaços da casa e também de não castigá-las com surras e outra correções violentas. Certa vez um dos meus filhos, ainda criança, viu o irmão chutar uma sandália que ficou de cabeça para baixo num canto da sala. Imediatamente ele disse: – A mamãe vai morrer, eu não tô nem aí, eu não tô nem aí! E saiu se isentando da culpa da (im)provável “morte” de sua mãe, causada pela sandália virada.

Situações como essa aprendemos em todos os lugares, seja em casa, na rua ou na escola, onde nossas relações sociais se ampliam e solidificam. E assim a gente vai se educando, variando os conhecimentos, resistindo ou não às novidades, segundo os contextos históricos, sociais, culturais e políticos que se apresentam. Mas dificilmente essas superstições e abusões sairão de nossas memórias, embora entendê-las, hoje, signifique dar boas risadas, porque todas as representações simbólicas produzidas pela consciência coletiva ou individual expressam visões de mundo e de sociedade. É uma visão política de realidade porque as ideologias estão ligadas à compreensão da cultura, que por sua vez é uma percepção ligada às diferenças entre os homens. O controle implícito no gesto de “ajeitar” a sandália é uma experiência de poder.

Bem próximo, na continuação da educação pelo medo, lembro da expressão “- O Navio dos Cabeludos vem te buscar.”, uma forma de coação social e familiar para os que não gostavam de cortar os cabelos, principalmente no tempo da Jovem Guarda, quando era moda usar os cabelos compridos, mesmo se arriscando a ser chamado de “bicha”. Não sei de onde veio a dita expressão, mas desde a Guerra do Paraguai, passando pela Revolução dos Cabanos e pela Segunda Guerra Mundial, muitos jovens se escondiam no mato com medo dos “Pega-pega”, navios que passavam nos rios da Amazônia para alistá-los compulsoriamente e remetê-los aos campos de batalha.

A invenção dessa “pedagogia” não raro ainda se estabelece em muitos lares urbanos e rurais da Amazônia. E funciona com as crianças, porque todas têm medo. Nenhuma delas quer perder a mãe por causa da sandália virada. Ninguém quer viajar a força num desses Navios dos Cabeludos que sempre aparecem na frente da cidade para uma viagem sem destino e sem volta.

O pobre soberbo – Crônica de Elton Tavares (do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”)

Arte de Ronaldo Rony

Sabem, não que eu seja um estudioso da natureza humana, nada disso, escrevo sem propriedade alguma, somente baseado nos meus “achismos” e pontos de vista.

Bom, hoje falarei do “pobre soberbo”. Não, não sou elitista, na verdade, nunca liguei para quem tem grana ou sobrenome. Sempre andei com lisos bacanas e agradáveis desconhecidos, assim como eu. Acredito que gente legal atrai gente legal. Mas enfim, voltemos ao pobre soberbo.

Este tipo de cidadão possui uma renda mensal que está sempre abaixo do orçamento que gostaria de ter, até aí, tudo normal. O pobre soberbo costuma ter bom gosto com roupas, culinária e etecétera e tal. Mas é do tipo que gosta de manter a aparência de bacana, usar vestimentas de marcas famosas, mesmo que isso comprometa suas prioridades (como supermercado, prestações ou algo assim).

O importante para este tipo peculiar de pessoa é manter a capa. Elas costumam frequentar locais “chiques”, sempre conversando sobre futilidades e afins. Ah, os assuntos preferidos do pobre soberbo são carros e pessoas que ocupam cargos públicos. Sim, eles são afiados nessa ladainha sobre coisas e pessoas que nomeiam “importantes”.

O pobre soberbo conhece todo figurão ou seus filhos, por estudar anos a fio suas fisionomias, nas inúteis colunas sociais. Aí ele espera só uma oportunidade para “puxasaquear” o tal fulano e aplicar o seu marketing pessoal, pleiteando algum tipo de status.

Ah, quando um pobre soberbo consegue alcançar algum lugar dentro da sociedade, de acordo com sua percepção, fica pior do que os verdadeiros ricos, nojentão total. Conheci várias pessoas assim. Lembro de um figura, nos anos 90, que disse para mãe que iria se matar, se ela não comprasse um carro para ele. Lembro das meninas da faculdade dizendo: “É um Fulano do carro tal” ou “é o Cicrano, filho do Beltrano”.

Outra característica dos pobres soberbos é dizer o preço das coisas que usa: “Saca este sapato, dei R$ 500 nele”. Essas pessoas são de uma superficialidade incrível.

Estes figuras são cheios de falsas certezas. Basta o mínimo de percepção para arrancar suas máscaras. A maioria só faz figuração na vida. Parafraseando Arnaldo Jabor: “eles assumem a verdade das suas mentiras”.

Dos pobres soberbos, que não são pobres só de posses, mas de espírito, eu só sinto pena e desprezo. Deles, só quero distância.

Elton Tavares

*Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, de minha autoria, lançado em novembro de 2021.

Governo do Amapá realiza Concurso de Redação para estimular o conhecimento da cultura afro-amapaense

Com o tema “Educação, Cidadania e Sustentabilidade; Identidade negra amapaense, sob o olhar do meu lugar”, o Governo do Amapá anunciou na segunda-feira, 22, o lançamento do edital para o Concurso de Redação que comemora o Dia Internacional da África e a III Semana da África. Podem participar estudantes regularmente matriculados no ensino médio das escolas públicas estaduais.

CONFIRA O EDITAL

O envio das redações para a comissão avaliadora acontece até 4 de maio. A iniciativa, coordenada em parceria com a Academia Amapaense de Batuque e Marabaixo (AABM) e Secretaria de Estado da Educação (Seed), busca estimular a reflexão, o conhecimento e o reconhecimento da identidade e cultura afro-amapaense entre os estudantes do estado.

Durante a primeira etapa do concurso, cada escola deverá enviar a redação mais bem avaliada para os organizadores. Na segunda fase, uma comissão composta por cinco membros indicados pela Academia de Batuque e Marabaixo e pela Seed, será responsável pela avaliação das redações enviadas pelas instituições.

As redações devem seguir os seguintes critérios, de acordo com o edital:

Ser realizadas em sala de aula
Ser redigidas à mão, de forma legível, no formulário padrão disponibilizado
Ter no mínimo 20 e no máximo 30 linhas
Obedecer ao gênero textual dissertativo-argumentativo e abordar o tema proposto
Ser realizadas individualmente
Ser inéditas e originais

Confira o cronograma completo:

22 de abril – Lançamento do edital
22 de abril a 3 de maio – Período de construção e avaliação das redações nas escolas
29 de abril a 4 de maio – Envio das redações para a comissão avaliadora
6 a 15 de maio – Avaliação das redações
17 de maio – Resultado preliminar das redações classificadas
21 de maio – Resultado final e premiação

Texto: Marcio Bezerra
Foto: Lidiane Lima/Seed
Secretaria de Estado da Comunicação

Governo do Amapá divulga lista de aprovados para compor coral do Centro de Música Walkíria Lima

Nesta quinta-feira, 25, o Governo do Amapá divulga a lista de aprovados no processo seletivo para compor o coral Oscar Santos, projeto organizado pelo Centro de Educação Profissional de Música Walkíria Lima, em Macapá. Para os 31 selecionados no certame, as matriculas iniciam na sexta-feira, 26.

CONFIRA O RESULTADO FINAL

Os candidatos passaram por etapas de avaliação vocal, afinação e outros itens. Os interessados precisavam ter mais de 16 anos de idade e experiência em canto. A seleção contou com as inscrição de 100 pessoas.

Para a matrícula, os classificados devem apresentar: cópia de RG, CPF, comprovante de residência, classificador transparente e foto 3×4.

Próximas etapas:

25 de abril – Divulgação da lista dos classificados
26 e 29 de abril – Período de matrícula
30 de abril – Início das aulas
Os ensaios acontecem às terças e quintas, a partir das 18h30 no Walkiria Lima, e seguem até 20h.

Oscar Santos

Oscar Santos é um dos mais importantes nomes da música amapaense. Paraense de nascimento, veio para o Amapá jovem. Aprendeu, graças à sua afinidade com instrumentos, a tocar percussão, bateria, saxofone, clarinete e flauta transversa. Aos 17 anos, já participava de banda e compunha música.

Foi o responsável pela Academia de Música Oscar Santos, preparando várias gerações através da prática de bandas. Da orquestra Oscar Santos saíram os primeiros grupos musicais do Amapá, entre ele ‘Os Cometas’. Este homem revolucionou a educação e a cultura musical, no então território federal, ensinando todos os instrumentos na área de sopros.

Faleceu em 1976, deixando um legando para gerações. Por isso, o coral do Centro Walkíria Lima recebe o seu nome.

Texto: Cássia Lima
Foto: Maksuel Martins/GEA
Secretaria de Estado da Comunicação

Rock and Roll: banda Toxodonte apresenta Especial Sistem of Down no Pub On, na terça-feira (30)

Na próxima terça-feira (30), véspera do Dia do Trabalhador (1º de maio), a partir das 23h, vai rolar Rock And Roll no Pub On. A casa recebe o público a partir das 20h e a abertura fica por conta da turma do Club do Rock AP. Na sequência, a banda Toxodonte apresentará o Especial Sistem of Down.

Sim, roquenrou gringo cover que é sucesso de público e crítica. A noite contará ainda com som da banda Club do Rock AP, que abrirá o evento e ainda vai rolar o som do DJ Pablo Sales, com muita música eletrônica até às 4h da manhã.

A Toxodonte é formada pelo multi-instrumentista Sousa Singer (vocal), José Rafael (contrabaixo), Alex Soares (guitarra) e Ivan Dias (batera). A banda está bem ensaiada e promete uma apresentação em alto nível. Tá aí uma boa pedida. Só não irei porque estarei fora do Amapá, mas recomendo!

Serviço:

Especial Sistem of Down, com a banda Toxodonte
Data: 30/04/2024
Hora: 23h (mas o bar abre às 20h)
Local: Pub on, na Rua General Rondon, Nª 1816 – Centro de Macapá.
Os ingressos do primeiro lote custam R$ 10,00 e podem ser adquiridos via Sympla: https://www.sympla.com.br/evento/rock-mod-on-5/2428934?share_id=whatsapp

Elton Tavares, com informações de Sousa Singer

Poema de agora: Um dia chamado hoje…um momento chamado agora – Luiz Jorge Ferreira

Um dia chamado hoje…um momento chamado agora

Meu coração é uma Melodia com asas.
Muda o ritmo das suas incursões aladas…mas termina quase sempre no chão.
Meu coração é um desenho fosco.
Sem detalhes coloridos,
Cheio de entalhes mal definidos.
Que apenas ocupa a meia metade do esquerdo peito…que carrego comigo a um tempão.
Há dentro de mim e perto dele um espelho para que ele se veja, e não se sinta só.
Ele se reflete a si mesmo.
Quando o encontro vermelho, é sinal que chorou.
Aí, eu declamo Pessoa, ele imagina que sou eu, e zomba.
É quando saio para chorar tristonho , junto aos Anjos da terceira esquina.

Luiz Jorge Ferreira