Um museu de grandes novidades

Texto de Renato Flecha, publicado no Caderno Batuque, do jornal “Correio do Amapá” – Edição de 26.09.2010

Alexandre Brito, o administrador que fez o MIS funcionar
A promoção de cultura no Amapá acelera a passos largos e em todas as suas vertentes. Em 2010, o setor audiovisual do Estado ganhou força. O Museu da Imagem e do Som do Amapá (MIS-AP), que foi fundado em 2007, intensificou suas ações.

O Museu funciona no segundo piso do Teatro das Bacabeiras, no centro de Macapá, e tem como missão preservar, mapear e divulgar registros audiovisuais referentes à história e cultura do Amapá, por meio de ações de educação patrimonial, eventos que promovam elementos de nossa cultura e ações de formação de produtores audiovisuais.

Parafraseando o poeta Cazuza, no MIS “eu vejo um museu de grandes novidades”. O Museu é aberto à visitação pública, de segunda à sexta, no horário comercial, de 9h às 12h e de 14h às 18h.
O responsável pelas ótimas ações do MIS é o diretor do Museu, o fotógrafo, jornalista e professor universitário, Alexandre Brito. Durante sua gestão, que iniciou em novembro de 2007, o administrador tem buscado realizar ações mais contundentes, que permitam ao MIS, se tornar um museu mais conhecido e, consequentemente, mais útil aos cidadãos amapaenses. O MIS é, dos museus existentes no Amapá, o único que disponibiliza seu acervo na internet, para que a cultura amapaense seja conhecida e minimamente pesquisada por qualquer pessoa que tenha acesso à rede mundial de computadores.
De acordo com Alexandre Brito, essas ações afirmativas passam, inevitavelmente, por um tratamento adequado do acervo, como: catalogação, digitalização e facilitação do acesso às fotografias, slides, vídeos, filmes e áudios que compõem a reserva técnica do MIS-AP. Segundo ele, as ações do MIS buscam cuidar da memória de nosso Estado e estimular a sociedade a conhecer-se melhor e a registrar suas práticas cotidianas como uma forma de valorização de seus saberes.
“E aqui estamos nós, buscando, diariamente, atingir essas metas. A tarefa não é fácil, mas também reconhecemos como extremamente necessária. Imagens e sons possuem a propriedade de carregar consigo muitas memórias. A preservação e difusão delas representam a possibilidade de levar às gerações futuras a chance de conhecer os modos de viver, fazer e pensar de seus antepassados”, explicou Alexandre Brito.
Enfatizou ainda, “Cuidar dessas memórias é uma das finalidades de um Museu da Imagem e do Som. Partindo da interação com essas lembranças, memórias ou registros audiovisuais, temos a oportunidade também de entender melhor nosso próprio presente, fortalecendo nossos laços e vínculos identitários e, ao mesmo tempo, adquirir maiores referências para agir ativamente no processo dinâmico da história e da cultura”.
Acervo
O acervo do MIS é composto por uma infinidade de suportes. Alguns deles estão em excelente estado de conservação e outros precisam de um cuidado especial, por estarem em processo de desgaste avançado. Por isso, é necessário que a digitalização aconteça da forma mais ágil possível. É nessa fase que a equipe está trabalhando nesse momento.
A prioridade estabelecida é para a digitalização das fotografias. Isso se justificativa pelo fato de ser ela o item do MIS mais procurado por pesquisadores e alunos dos ensinos Médio e Superior. Após essa etapa, o MIS iniciará a digitalização dos VHS, segundo item das demandas encaminhadas para o Museu.

O acervo do MIS se constitui de 13.000 fotografias impressas; 1.000 horas de vídeo em VHS; 150 horas em MiniDV; Películas super 8mm; Películas 35mm; Slides; Fitas K7; CDs; DVDs; Livros.
Projetos
Entre os projetos do Museu estão o “Histórias Daqui”, “Clube de Cinema”, além da “Digitalização de fotos históricas” do Amapá e Upload do acervo de parte do acervo para internet. O projeto Histórias Daqui busca gravar, com os artistas e moradores mais antigos do Estado, vídeos que possam registrar as memórias dessas pessoas a respeito do cotidiano da cidade e de suas memórias afetivas em relação à nossa cultura. Já o Clube de Cinema do MIS, que acontece em parceria com o Serviço Social do Comércio (SESC-AP), realiza reuniões quinzenais nas quais se projeta filmes para que o público possa refletir sobre cinema e vídeo. Esta ação busca estimular o estudo e a profissionalização dos produtores independentes do Amapá.
Eventos
Vários eventos foram realizados pelo MIS, entre os quais, cursos cinema e vídeo, curso de Fotografia, Produção, Direção, Roteiro e Iluminação para cinema e vídeo. Além das capacitações, o Museu promoveu o II Colóquio Amapaense de Fotografia e a I Maratona Fotográfica do MIS.
Resumo da ópera: o MIS é um espaço de criação, resgate e exposição cultural. Possui profissionais capacitados e comprometidos com o audiovisual local. Setor de grande relevância e eficiência, que ascende dentro de vários segmentos no Amapá. Faça uma visita ao MIS e conheça mais de nossa história, através de sons e imagens, uma verdadeira viagem no tempo.
As informações sobre o MIS estão disponíveis no blog do Museu, no endereço eletrônico: www.museudaimagemedosom.blogspot.com e e-mail para contato é: [email protected].

Grupo Pilão, 35 anos de música

Texto de André Mont’Alverne, publicado no caderno “Caderno Batuque”, do jornal “Correio do Amapá” – Edição de 26.09.2010

Grupo Pilão: Foto: Sônia Canto
Desde 1975, quando surgiu no III Festival Amapaense da Canção – FAC, realizado no auditório da Rádio Difusora de Macapá, o Grupo Pilão iniciou um percurso de valorização e divulgação da música local que influenciou diretamente na criação da identidade musical do Estado.

Naquele dia 23 de setembro de 1975, o Grupo Pilão nascia envolvido em polêmica, se apresentando ao público amapaense usando um pilão como instrumento de percussão na música “Geofobia”, que foi a canção preferida do público, porém ela foi ignorada pelo júri do Festival e desqualificada gerando forte matéria jornalística sob o título “Festival terminou com vaias ao júri caduco e alienado” (Jornal do Povo, Ano I, nº 82, de 27.09.75).

Após 35 anos o Grupo Pilão já realizou inúmeros shows, gravou três discos e divulgou a cultura amapaense no Brasil e no exterior. Hoje, poucos se lembram das músicas ganhadoras do histórico III FAC, no entanto “Geofobia”, que compõe o CD “Na Maré dos Tempos” de 1996, faz parte do imaginário musical amapaense.

Fundado por Fernando Canto, Bi Trindade e Juvenal Canto, atualmente o Grupo Pilão conta também com os músicos, Orivaldo Azevedo, Eduardo Canto e Leonardo Trindade. Com esta formação o grupo se mantém desde 1996.

A maioria das letras das músicas gravadas pelo Grupo Pilão é de autoria de Fernando Canto. Outros compositores como Bi Trindade, Eduardo Canto, Sílvio Leopoldo e Manoel Cordeiro têm músicas gravadas nos três CDs que compõem a discografia do Grupo.

É importante frisar a presença do maestro Manoel Cordeiro, responsável pelos arranjos superatuais e pela direção musical dos 3 CD’s que compõem a discografia do Pilão. Cordeiro, com sua vasta experiência em gravação de CD’s, deixa um legado instrumental empático que torna as músicas mais ricas.

A idéia do Grupo sempre foi a de valorização da cultura local e popular em todas as suas manifestações e algumas trazem um teor ideológico de natureza política que reflete a preocupação de seus componentes com os diversos momentos da ocupação amazônica e as transformações econômicas, ambientais e sociais que o Estado do Amapá enfrentou. Um exemplo disto são as canções “Pedra Negra” (Fernando Canto) sobre a exploração do manganês na Serra do Navio e Tumuc-Humac (Fernando Canto) sobre a preservação do meio ambiente.

Já a canção “Quando o Pau Quebrar” (Fernando Canto), participou em1974 do festival do SESC e TV Itacolomi em Belo Horizonte-MG e ficou em 2º lugar, simbolicamente é um desejo de luta contra a opressão que naquele momento histórico (1974) era representada pelo regime ditatorial dos militares. No contexto histórico estavam a Guerrilha do Araguaia e o episódio do “Engasga-Engasga” em Macapá, no qual ele foi envolvido e detido para interrogatório no quartel do Exército. A música também é uma expressão de raiva e esperança do compositor.

Todavia, a grande contribuição do Grupo Pilão para a música amapaense foi, certamente, a pesquisa de ritmos do folclore amazônico, como os do Marabaixo e do Batuque, de origem africana; do Coatá e das Folias ritualísticas que permitiu a realização do mapeamento musical do Estado do Amapá, bem como a difusão da cultura original de cada uma dessas manifestações.
Depois de ter sobrevivido por mais de três décadas, lutando bravamente em prol da nossa música, o Grupo Pilão prepara seu retorno em um grande show, com novas canções, a ser realizado no Centro de Cultura Negra, no início de dezembro. A apresentação será uma espécie de prestação de contas aos seus fãs mais fiéis e a todos aqueles que gostam da boa música regional.

Dudé Viana, o “andarilho da canções”

Texto de Renato Flecha, publicado no “Correio do Amapá” – Edição de 19.09.2010
Capa do CD “Papo Show”
O cantor e compositor potiguar, Dudé Viana, realizou ontem (18), no Centro de Cultura Franco Amapaense, o show “Papo show – Isso só acontece comigo!”. Durante a apresentação, que durou cerca de 1h e 30 minuitos, o artista tocou e cantarolou canções de sua autoria, tipicamente nordestinas. O diferencial da apresentação foi a irreverência de Dudé, que, entre uma música e outra, contou histórias sobre situações inusitadas que lhe aconteceram ao longo dos 38 anos de carreira, tudo com muito bom humor. O objetivo do evento foi difundir a cultura musical e o entretenimento dos cidadãos macapaenses. A entrada da apresentação foi gratuita.

Segundo o compositor, que está na capital amapaense visitando familiares, seu show é uma espécie de monólogo sobre suas experiências. Conforme o músico, a ideia do “Papo Show” surgiu em 2007, depois que o artista se apresentou em Brasília (DF), em novembro de 2007, onde realizou um “talk show”, a pedido de jornalistas que admiram o seu trabalho.

Dudé já tocou nas principais capitais do Brasil, entre elas o Rio Grande do Norte, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e em Belo Horizonte. Também realizou shows internacionais, no Paraguai, Chile e Argentina. O músico iniciou sua carreira em 1972. Durante sua trajetória, gravou cinco discos, dois vinis e três CDs, além de duas coletâneas.
Por causa de suas melodias, Dedé recebeu o título de “Cidadão Fluminense”, da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, junto com o cantor Martinho da Vila. No alto dos seus 60 anos, o artista manteve, durante seu show, o público em contato com as boas vibrações de seu violão e sua voz.

Conforme Viana, que recebeu o apelido de “andarilho das canções”, musicará uma letra de Marabaixo, composta por seu primo, o servidor público Paulo Gurgel. Dudé, que canta e encanta, além de compositor, cantor e instrumentista, é um poeta em aprimoramento constante, um artista sedento pela cultura musical dos locais que visita e se apresenta. Ah, ia esquecendo, o homem é uma simpatia, fala manso e tem um papo muito agradável. É muito bom conhecer gente talentosa e boa praça.
“Minhas músicas são nordestinas na essência, mas, em minhas andanças, observei a musicalidade de cada cidade por onde passei, sorvendo cultura. Tanto é que, tenho composições em homenagem a cada uma delas e com o Amapá não será diferente. Pois o meio do mundo merece. Musicarei uma letra de Marabaixo, com um toque do nordeste, uma forma de interação musical e, consequentemdente, cultural. Esta canção entrará no meu próximo CD, que se chamará “O andarilho das canções”, assinalou o artista.