Dieta do ovo

                                       Por Régis Sanches
Após um longo e tenebroso verão equatorial, hoje, finalmente, criei coragem e subi numa balança de farmácia. Estou com exatos 87 kilos. Trocando em miúdos: 17.000 gramas além do meu peso normal, se é que existe peso anormal. Mas, pensando bem já estava na hora de eu tomar uma atitude, senão o acúmulo de cervejas e tira-gostos vai me levar a uma inesperada obesidade mórbida.

Subir numa balança de farmácia é o primeiro passo para começar a pensar em perder alguns quilinhos. Mas, se tomarmos essa tal OBESIDADE MÓRBIDA ao pé da letra é possível imaginar que o obeso mórbido é aquele cidadão gordo que tem a estranha obsessão de matar pessoas usando apenas o peso do seu corpanzil.

Como este ainda não é o meu caso, o segundo passo para emagrecer é escolher uma dieta. E a variedade é enorme. De Beverly Hills, da Lua, Mediterrânea, passando pela mais simples delas: beber dois copos d’água antes das principais refeições. O grande perigo é o efeito sanfona, que não tem nada a ver se o emagrecente em questão é músico ou não.

Mas, por curiosidade andei vasculhando as dietas exóticas. Descobri uma, usada por índios nativos do Parque Montanhas do Tumucumaque. Trata-se da DIETA DO OVO DE OSGA. A receita é simples: come-se APENAS um ovo de osga por dia. Pode ser frito, mexido ou pochê.

Para os interessados, existem vários tipos de osgas: a osga-moura (Taurentola mautitanica) é nativa de Portugal. Portanto, esqueçam. Como produto importado, seus ovos devem custar mais caro que bacalhau do Porto. Quem quiser emagrecer de forma rápida e segura deve consumir ovos da Hemidactylus frenatus, a nossa vulgar osga-doméstica, ou ainda da Hemidactylus mabouia, uma sofisticada osga-tropical. Nós, macapaenses, devemos nos contentar com ovos de Gonatodes humeralis, uma osgazinha amazônica.

Na verdade, está parecendo papo de aranha, mas trata-se de assunto sério. Usei o ovo de osga apenas como pretexto, pois meu objetivo, mesmo, é emagrecer. Isso não quer dizer que parei de tomar cerveja ou comer tira-gosto de boteco. Vou manter a mesma voracidade gastronômica. Para compensar, vou encarar longas caminhadas, natação e uma academia de ginástica. Mas aí já são outros 500. Não, não estou fazendo campanha para o Randolfe. É apenas força de expressão.

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