Eu sei que vou te amar. (Crônica de Ronaldo Rodrigues)

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Crônica de Ronaldo Rodrigues

Eu sei que vou te amar, mas nem tanto assim. Estou me referindo a dinheiro. Começo a achar que a maioria das pessoas é que tem razão. Dinheiro é tudo. Já ouvi uma piada que diz que dinheiro não é tudo, existem também diamantes e propriedades e ouro etc. Dinheiro não traz felicidade. Espero um dia ter muito dinheiro a ponto de provar que essa teoria é fajuta. Também já ouvi esta outra piada: dinheiro não traz felicidade, manda buscar de avião.

Descobri que dou pouca importância a dinheiro, mas a necessidade de ganhá-lo é fundamental. Eu não gosto de dinheiro, mas o açougueiro, o dono do mercadinho, o meu senhorio adoram dinheiro. Então eu me sujeito a fazer essa coisa degradante que é trabalhar para sustentar essa corja.

Eu poderia estar roubando, matando, participando de altas jogadas em Brasília, mas não. Estou trabalhando honestamente para pagar as minhas contas e enriquecer o patrão. Às vezes vendendo a minha dignidade para manter-me digno. Já tentei me prostituir, mas ninguém ficou interessado.

Vou repetir uma velha piada, mas de minha autoria. Meu pai poderia ter deixado casas e terrenos e carros, mas preferiu deixar de herança uma coisa horrível chamada honestidade. Nunca vou perdoá-lo por isso. O pior é que honestidade nem dá para vender, ainda que seja um artigo raríssimo. Mas falando sério sobre honestidade, dignidade, probidade, altruísmo, essas coisas fora de moda, creio que um dia essas palavras e sentimentos farão a grande diferença neste mundo tão devotado ao consumo, à mesquinharia, ao sucesso a qualquer preço.10947577_10200141246771496_338687590_n

Continuando a choradeira por falta de merreca: deposito toda a minha esperança no Capitão Açaí, meu personagem mais conhecido. Adoraria que ele se transformasse num Snoopy da vida. Ou numa Mônica. Ainda espero que algum empresário frio e calculista, que pensa noite e dia em faturamento, me contrate só para criar histórias do Capitão Açaí e fazê-lo cumprir sua verdadeira missão: me tirar da merda. Já pensou eu me transformando num Mauricio de Souza do meio do mundo com o bolso cheio de dinheiro? Melhor nem pensar. Acho que vou morrer de overdose ou ter um coma alcoólico se algum dia colocar a mão num dinheiro muito alto.

Mas, como sou um cara otimista, vou continuando essa vidinha de empregado, funcionário, subalterno, assalariado, me sentindo muito feliz por ter um emprego num momento em que as vacas estão magras. Por falar nisso, acabo de tomar uma decisão: vou pedir demissão. Não, não! Tenho que resistir a essa ideia e ir enrolando, escrevendo esta crônica, até o fim do expediente e sair pra tomar umas cervejas. Nessas horas de bebedeira, a vida nem é tão escrota assim. Saúde pra nós!

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