Minha vida sempre foi um mar de rosas

Crônica de Ronaldo Rodrigues
 
Minha vida sempre foi um mar de rosas. Plantado no sertão de minhas noites. Fincado no coração de meus dias. Um mar de rosas que me afoga em suas mulheres. Desertos que atravesso e esqueço após o sono. Só para continuar um outro sonho, quando acordo.
 
Minha vida um mar de rosas. Rochas róseas, ígneas, indecifráveis. Perdido na infância doce dolorosa. Na tranquilidade das tormentas. Rasgando os versos que como com o pão matinal. Sorvendo a brisa que vem do mar de rosas que minha vida me deu de mão beijada e ainda me cobra o devido crédito.
 
Contando com o tempo que ainda tenho para melhor viver esse mar de rosas, que chega até a janela da casa que não possuo, no sítio que não habito, no tempo em que não me encontro, e bate e não obtém resposta.
 
Minha vida um mar de rosas pétreas, um mar de rosas revoltosas revoltadas devotadas, ainda não derrotadas, ainda não ceifadas, mas seladas com o timbre da morte que um dia/uma noite virá transformar esse mar de rosas em tempo nenhum. Minhas cinzas num cofre, meus olhos num horizonte de labirintos, minhas certezas e dúvidas passeando de mãos dadas num jardim completo de chegadas e repleto de despedidas. Minhas pegadas na areia que o vento leva para o espaço tempo talvez quando agora já onde porque como quando sei lá.

 

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