O condenado mês de junho


O mês de junho é um tanto condenado, ou se entra de vez no clima romântico ou adere ao estilo Chico Bento de ser.

A coisa é toda comercial. Não vamos entrar no mérito do capitalismo selvagem, tão pouco da apologia hipócrita de se opor a isso. 

Focalizemos o raciocínio no “amor romântico” que vende bem nessa época. As boas relações amorosas (que estão cada vez mais raras) devem ser cultivadas diariamente. Sabe aquele filme com Adam Sandler e Drew Barrymore, “Como se fosse a primeira vez”? Então, isso realmente é o que se espera do tal conceito para este discurso. 

O longo e infinito “saia da rotina”. Só que ninguém sinceramente pode viver conquistando o mesmo alguém. Esse gerúndio infinito deve anular o outro. Talvez, mas só talvez, seja por isso que muitas pessoas tem um comportamento considerado volúvel. Conquistou, provou, pulou fora, antes que estrague.

Enfim, é impossível. Mas, parece fidedigno.  Que tal a tentativa?

Não custa usar uma roupa íntima nova sempre que sair para namorar. Esse negócio que não será notado ou usar o truque de apagar luz não cola de jeito nenhum!  Depilação só no verão, jamaaaais! Ficar bonita para si mesma é se amar acima de todas as coisas, básico antes de amar o outro. Então, precisa estar com isso sempre atualizado. Isso vale para o resto também, unhas, cabelo. Vale para o homem também, banho, barba, roupas limpas. Não dá para ir atrás de propaganda de tênis, e achar que todas as mulheres curtem um cheiro de suor.

Se joias, roupas, calçados, carrões e coisas do gênero fossem provas de amor a Elise Matsunaga seria a mulher mais feliz e bem casada do mundo.

O problema é que existe o monopólio das relações, e falo isso com conhecimento de causa, já fui assim, possessiva, ciumenta, não sei se ainda não sou. Só não tenho mais paciência pra começar nenhuma relação do zero. Nem esquentar a cabeça com velhas bobagens.

Aquele início todo perfeitinho, acompanhado de um meio chato e encerrado com um final patético, não rola mais.  Era nesse ponto que queria chegar, ufa! O estar sozinho parece ser incômodo para muita gente. Algumas pessoas lamentam não ter alguém especial principalmente nesse período. Como passar o dia dos namorados só? Óh, que trágico!

Daí rola aquele monte de frases de efeito: “Antes só do que mal acompanhado” – “Antes só do que um mala do meu lado”. Para quê? É necessário provar alguma coisa para alguém?

Em contrapartida, tem os amigos e amigas que não se conformam com a sua solteirice, e tendem a empurrar qualquer coisa para “ocupar a vaga”. Particularmente, o encaram como intimidação. 

Os solteiros ameaçam os comprometidos com seu excesso de liberdade. Não ter que se preocupar em dar satisfações a ninguém, empatar os fins de semana com programas obrigatoriamente especiais, reuniões de família (na casa do par), abdicar de viagens e afins, despertam um considerável nível de invídia. 

Arrumam qualquer pessoa para provar a si mesmo que não é tão desinteressante se tornou quase estratégia de combate aos possíveis constrangimentos.  O melhor seria abandonar essa catarse e lembrar que em junho tem 30 dias e além do dia 12 temos mais 21 dias de comemorações para os mais diversos temas e gostos.

Ah, sobre o estilo Chico Bento de ser, quer pular fogueira pule, só não vá se queimar.

Hellen Cortezolli

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