Crônica de Ronaldo Rodrigues
Putz! Que susto! Ainda bem!
Leio aqui num blog que o fabricante de plástico-bolha desistiu da ideia de deixar de fabricar esse tipo de embalagem, que serve de calmante pra muita gente. Pra mim, então!
Como seria a minha vida se deixassem de fabricar plástico-bolha? Num mundo cada vez mais fuleiro e escroto, como eu me desestressaria (que termo!) sem estourar plástico-bolha e ouvir aquele santo barulhinho?
Como eu chegaria à noite de um dia duro sem esse consolo, sem essa terapia? Como ouvir os Eduardos Cunhas e Bolsonaros e Malafaias e Felicianos sem essa forma de extravasar a raiva que esses senhores provocam?
Como saber das novas merdas que os Lobões e Gentilis e Diogos Mainardis e Reinaldos Azevedos e revistas Vejas andam despejando? Como aguentar o papo de que a Ditadura Militar seria a saída para o Brasil? Como veria os telejornais com suas notícias sobre intolerância e preconceito e tanta coisa nefasta que está rolando por este mundo?
Como não posso jogar no lixo as pessoas que jogam lixo nas ruas, respiro fundo e vou estourar plástico-bolha. Quando vejo motoristas estacionando em frente à rampa destinada a deficientes físicos, respiro fundo e vou estourar plástico-bolha. Estourar plástico-bolha sempre impediu de estourar minha paciência e desviou minha vontade de estourar esses bolhas que estão espalhados pelo mundo, emporcalhando o planeta. Talvez eu seja um bolha por deixar os outros bolhas cometerem seus crimes diários contra minha consciência.
Mas me deixem ficar feliz por essa notícia boa, que me vai permitir aguentar tanta notícia ruim. O plástico-bolha não corre o risco de desaparecer. Alguma coisa tem que combater a insensatez, que parece que despareceu há muito tempo, e o plástico-bolha é uma opção.
Vamos lá, pessoas que têm o mesmo hábito saudável que eu! Vamos cobrir o som dos idiotas com muito barulho de plástico-bolha! Vamos todos estourar plástico-bolha! E haja plástico-bolha!