Ainda nem é de manhã


Eu nem tinha caneta nem papel pra começar isso. Já era de manhã quando iniciei, após me levantar da cama sem ao menos ter dormido um segundo. Entre anseios, problemas, inquietações e virgulas, meus pensamentos corriam mais que um atleta queniano, mas minha vontade de redigir em um papel estava mais morta que as pernas de stephen hawking. No meio dos pré-socráticos, camisinhas, copos sujos, um disco de uma banda punk que não gosto e um livro costurado de um amigo, encontrei minha vontade perdida. Já nem sei que horas são, daqui onde estou não dá pra ver a luz, pois o vizinho tapou a janela colocando uma parede, maldito vizinho, se pudesse o matava. Minha cabeça faz mais barulho em meio ao silêncio dessa casa. A dicotomia do sim e do não duelam entre o café fervendo. Os pensamentos conflitantes me incomodam mais que panelas das donas de casas acordando. Se eu tivesse algo pra me orgulhar não estaria escrevendo, ainda não sei o que é vencer, nem chegaria ao pódio com essa letra feio e um texto sem nexo com pontuação incorreta. Ontem um briga, camas separadas, falsos sorrisos, a tristeza nunca escreveu nenhuma mentira, mas eu já menti. Ainda é de manhã e eu nem dormir, mas a única coisa que quero é acordar pra alguma coisa e voltar ao mesmo lugar pra repousar.

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