O escalpelamento
O escalpelamento de mulheres, crianças, adultos e jovens ocorre há cerca de 60 anos nos rios da Amazônia. O acidente acontece quando as vítimas, ao se aproximarem do motor da embarcação, têm seus cabelos violentamente puxados pelo eixo.
A rotação ininterrupta do motor, ao enrolar os cabelos em torno do eixo, arranca todo ou parte do escalpo da vítima, inclusive orelhas, sobrancelhas e, por vezes, uma enorme parte da pele do rosto e pescoço, levando a deformações graves e até a morte.
Mutirão cirúrgicoA reunião definiu que, em outubro de 2011, as 94 vítimas do acidente no Estado passarão por uma avaliação médica, feita por uma equipe de cirurgiões, membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, para especificar que tipo de operação corretiva cada uma delas precisa.
A segunda etapa do mutirão consiste na execução dos procedimentos, com data ainda a ser definida, mas ainda no segundo semestre deste ano. O governador afirmou, por meio da Sesa, que dará todo o apoio necessário à ação.
Oportunidade de trabalho
Outro ponto acordado na reunião foi a reinserção das vítimas do acidente no mercado de trabalho, já que essas pessoas sofrem preconceitos e lhes falta oportunidade. A medida consiste no levantamento da demanda de mão de obra especializada e a capacitação das vítimas de acordo com o mercado. A ação será efetuada por meio da SIMS e Defensoria Geral da União no Amapá.
Também foi definido que a Setec, em conjunto com a Coordenação de Erradicação ao Escalpelamento, promoverá um concurso para buscar novas concepções de embarcações, com o objetivo de modernizar e deixar os barcos mais seguros. O modelo será padrão e necessário para o ribeirinho ter acesso a uma linha de crédito para a construção da nau, no valor de até R$ 40 mil, proveniente de recursos da Marinha do Brasil.
O pleito será aberto a engenheiros navais, arquitetos, estudantes e artesãos, que acompanharão os requisitos da Marinha do Brasil para formular projetos de naus em madeira, fibra de vidro e alumínio. O intuito é criar um tipo de barco padrão, que possua tecnologia, modernização e segurança.
Para a coordenadora, a reunião foi extremamente produtiva para a prevenção do acidente no Amapá. Luciene Strada também ressaltou a boa vontade do governador em apoiar as medidas acordadas na reunião.
“Celebraremos uma parceria com o governo do Estado. Alinharemos nossas ações para que possamos trabalhar em prol da população da região Amazônica. Agradecemos ao governador Camilo Capiberibe, que se comprometeu em dar total apoio para o combate ao escalpelamento no Amapá”, pontuou Luciene Strada.
Reunião definiu que, em outubro deste ano, as 94 vítimas do acidente no Estado passarão por uma avaliação médica.
O combate ao escalpelamento na Amazônia deve-se a iniciativa da deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP), autora da Lei Federal 11.970/2009, que vigora desde julho de 2010, em todo território brasileiro. A resolução parlamentar consiste em ações de prevenção contra este tipo de desastre e melhoria da qualidade de vida das vítimas do mesmo.
Ao final dos encaminhamentos, o governador afirmou que também luta há anos pela prevenção do acidente, já que a Lei Estadual nº 1.168, sancionada em 2008, é de sua autoria, quando era deputado estadual. Camilo Capiberibe assumiu o compromisso de trabalhar para combater o escalpelamento no Estado.
“Segurança na navegação fluvial é fundamental para evitar o escalpelamento. Mas, quando essa tragédia acontece, é preciso que a vítima receba o tratamento adequado. Essa parceria oportunizará tais ações e também a inserção produtiva das mulheres escalpeladas. Daremos total apoio para a implantação dos cuidados necessários para a prevenção deste tipo de acidente”, disse o governador.
Elton Tavares
Assessor de comunicação
Secretaria de Estado de Comunicação