Por Abinoan Santiago
Um abaixo-assinado criado pela ONG Associação Educacional e Cultural Essência (AECE) pretende chamar atenção do governo do Amapá para manter a entidade no prédio onde a ONG oferece gratuitamente aulas com orquestra, coral e centro de informática à comunidade carente do bairro Santa Inês, na Zona Sul de Macapá. De acordo com o presidente da AECE, Elias Sampaio, a associação foi obrigada a sair do espaço por “motivação política” e impedidos de entrar no prédio, de propriedade do estado. O governo nega e diz que cedeu outro imóvel para a ONG.
“A Secretaria de Juventude queria o nosso projeto consolidado e uni-lo à política pública da gestão, mas com a mudança do nome da associação e tirando a identidade da AECE para o chamado ‘Jovem Qualificado’, o que a gente não aceitou. Sofremos retaliações depois disso, com prazo de cinco dias para retirar nossos pertences“, contou Elias Sampaio, acrescentando a possibilidade de firmar parcerias entre o projeto e o governo, mas “sem mudança na identidade” da associação.
A Associação Educacional e Cultural Essência ganhou repercussão em nível nacional e internacional com prêmios a projetos que oferecem serviços a comunidades carentes. Uma das iniciativas da ONG, a orquestra Essência, chegou a ser tema de reportagem especial no Fantástico. Além de aulas de música, a proposta oferece cursos de canto e informática. São 350 atendimento semanais, segundo Sampaio.
O governo do Amapá negou o despejo do projeto social nesta quinta-feira (4), mas confirmou que pediu para a associação se retirar do prédio para um outro, no bairro Nova Esperança, na Zona Oeste de Macapá. A medida teria sido tomada para ceder o espaço usado pela associação para comportar os atendimentos médicos do posto de saúde da região, previsto para entrar em reforma.
“A prefeitura pediu espaços no prédio do governo para iniciar uma reforma na UBS [Unidade Básica de Saúde] que fica ao lado, e como a disponibilidade dos atendimentos de saúde é um serviço essencial, nós tivemos que cedê-los para população não ser afetada”, disse Telma Miranda, secretária adjunta da Secretaria de Governo (Segov).
A AECE reclama não ter participado da escolha do novo espaço e frisa que mesmo com a saída do prédio, a orquestra pretende continuar. “Nem que a projeto funcione dentro da minha casa, o projeto não vai parar. Teremos dificuldades, mas queremos vencê-las”, disse Sampaio.
O governo do Amapá informou que vai solicitar uma nova reunião com os membros da AECE para que a saída da ONG acontece de maneira amigável, sem necessidade de ações judiciais. A proposta também é ceder apoio logístico para mudança dos pertences da associação.
Fonte: G1 Amapá
Meu comentário: este blog divulga e apóia toda manifestação cultural no Amapá. Sempre foi assim e sempre será. Ao abordar o assunto, não quero que seja dada nenhuma conotação política para o tema aqui tratado e sim sobre cultura.
Sempre divulguei a Associação Educacional e Cultural Essência (Aece) por gostar de música e pela importância da instituição. Não tenho bandeira política, sou somente um profissional de comunicação (alguns não entendem o que é não ter cor partidária, acham que é algum tipo de inimigo).
Pois bem, em 2012, Aece lançou Orquestra Quilombola do Curiaú, formada por crianças afrodescendentes. Foi a 1ª orquestra quilombola inaugurada no Brasil.
Em 2013, a Associação recebeu o Prêmio Anu Dourado 2013, idealizado pela Central Única das Favelas (Cufa). A premiação ajuda a identificar ações que colaboram diretamente com a melhoria de vida dos moradores de uma comunidade, que busca a concretização de uma sociedade mais justa e mais saudável.
Em 2014, a Aece promoveu oficinas de música em pontes, baixadas e passarelas da periferia de Macapá. No mesmo ano, o renomado jornalista Marcelo Canelas passou alguns dias em Macapá. O repórter da TV Globo produziu, com a ajuda de colegas da TV Amapá, uma reportagem sobre o projeto Sistema de Bandas e Orquestras do Amapá, realizado pela Aece.
Enfim, o projeto cultural e social da Aece ajuda na inclusão social de crianças, adolescentes e jovens por meio da Música. Já escrevi muitos posts sobre o Sistema de Bandas, entrevistei seus idealizadores e fiquei feliz pelo sucesso da Associação. Por tudo isso, assinei o manifesto e torço para que a Aece continue a trabalhar e transformar a vida de muitos jovens. É isso!
Elton Tavares