CÉREBRO

CÉREBRO (por John Scott)

 

Universo,
Eco,
Oco do inverso.
Massa cinzenta,
Jamais serás atômica
E tão pouco desvendada.
Explosão,
Distorção,
Criação da confusão.
Veias,
Vias,
Rodovias: artérias que se entrelaçam.

Que passam,
Se arrastam nos túneis.
Negros buracos?
Quando irão entender-te?
Incógnitas,
Incógnitas,
Incógnitas,
Como o cosmo!

NOTA DO AUTOR: “Cérebro” é uma composição poética dedicada às pessoas portadoras do distúrbio de autismo e de Alzheimer. Autismo, que desenvolve comportamento não comum no indivíduo ao ponto de ensimesmar-se (isolar-se no seu próprio mundo) e, Alzheimer, que é a doença degenerativa do cérebro, que produz atrofia progressiva, perda da memória, etc.
Esse órgão do corpo humano é tão misterioso quanto os buracos negros existentes na Via Láctea. Poesia escrita em 1993, em Belém do Pará, minha cidade natal.

A quentchura da Amazônia

                                                                                 Por Graciliano Galdino

Toda a quentura de Manaus
O mormaço de Belém
Sol a pino em Macapá
Tudo isso me cai bem

Mas a tal da malaria
E uma muriçoca diminuta

Me deixaram cuma quentura
Por demais filha da puta
Minha draga aposentou
Minha cuca tava em chama
Até visage me visitou
Semana tremendo na cama

Bendita seja a medicina
Pras doença tropical
Pois apesar do figo podre
Agora, já tou legal

Desentender

                     Por Camila Karina
Entendo que não entendas

nem eu entendo

é tanto entendo

que as vezes não compreendo

procurar entender demais

as vezes é um problema

há outras formas

que você compreenda

um simples gesto ou olhar

faz com que a gente se entenda

Micros

                         Por Camila Karina
Os micros, os minimos, os pequenos detalhes que formam a grande célula

Co-reação

De um coração (em)

Migalhas

Pedaços

Mil galhos

Quem eles sustentam?

As árvores precisam dos galhos para sustentar as folhas, mantendo-as livres, espallhadas

E as migalhas?

Aos pássaros

Sou de carne e osso, carnívora, sanguinea, quero o pão.

Os farelos são como retalhos

Roupas perdidas e olhares para o chão.

Precisamos, urgentemente

Eu e Lorena -Norte das Águas – 2008
Eu morro de saudades da minha prima, Lorena Queiroz. Dos tempos em que vivíamos juntos, nos bares ou em casa, das conversas, idéias e do sarcasmo dela. Hoje em dia, Loloca está casada com um cara legal, com quem tem uma filha linda e mora em Brasília (DF). Há anos, ela me deu um poeminha. Leiam, só para começar bem o dia:

“Precisamos, urgentemente

Ver

Além dos olhos,

Sentir,

Além do tato

E amar

Além da nessecidade”

(Ronaldo Coelho Teixeira)

Amantes

                                                                                                  Por Lorena Queiroz

Vida louca é essa nossa de amantes

Amando em todos os instantes,

Fazendo jogos de sim e não

E eu te puxando pelas mãos.



Nós, amantes, fazemos jogos de pare ou siga

De vida ou sina.

Nós rimos quando queremos chorar

Partimos quando queremos ficar

Desistimos quando deveríamos tentar

E mentimos quando vamos embora.



Nós jogamos com a aparência

Nunca mostramos nossa insuficiência.

Jogamos monopólio

Só para delimitar nosso território

E quando verdadeiramente te procuro

Só te acho com sinceridade em meus pensamentos



Lá te amo em todos os momentos

Mesmo sempre te dizendo que não

Mas se fores esperto e me prestares atenção

Saberás o quanto habitas o meu coração.

Acabou !

                                                                                  Por Lorena Queiroz

Jim Morrison, líder da banda The Doors

Quando você foi e não voltou, arrancou o que tinha de bom em nós, quebrou até o meu vídeo do The Doors.

Você só deixou escombros no meu coração, cerrou os meus ouvidos ao som de sua voz, cegou a luz dos meus olhos e insultou meu corpo com suas mãos.

Hoje, na constelação particular do meu quarto, não cabe mais lugar para dois sois, pois nem retratos sobraram de nós.

Sejamos práticos

                                                                                            Por Lorena Queiroz

Minha prima “Lolouca”
Sejamos práticos
Estou muito ocupada para o depois.
Sejamos práticos e aproveitemos só isso.
Se unir para sempre é desperdiçar tempo.
Se unir por um tempo é dor de cabeça.
Se unir só por instantes é a coisa certa.
Só o agora para não ter nada para esquecer.
Só este instante para ter o que lembrar.

Choques

                                                                                               Por Camila Karina

Camila e Dan, mulheres com conteúdo.
Que flechas são estas em minha direção, encontrando com meus músculos e sangue à queima roupa?

Que pedras são estas em meus ouvidos que pesam nos tímpanos e impedem de ouvir o tom da voz que me agrada?

Que estacas são estas que cravam nos pés, esmagando os dedos, causando formigamentos que espetam minha pele como agulhas?

Murros de sílabas, marcas felinas de patas

Corro para me esconder? Enfrento para entender? Aceito para aprender?

Meu corpo e mente mostram-se doloridos de tantos choques, de várias direções.

Eis a luta, a batalha para adaptação.

Ao abrir os olhos, as pupílas denunciam que não passam de óticas distintas

Uma visão atenta

Outra visão filtrada

Por dentro cada fera tem seu instinto defensivo

Mas cada fera também procura um abrigo.