Há 12 anos, morreu Moreira da Silva


Há 12 anos, morreu um dos grandes malandros do Brasil, o sambista Moreira a Silva. O criador do Samba de Breque faleceu no Rio de Janeiro, aos 9 anos, em 06 de junho de 2.000. 

Antônio Moreira da Silva nasceu no dia internacional da mentira: 1º de abril. Por profissão, concluía, teria de fazer graça. Rir do mundo. Ou, contando melhor: Moreira da Silva nasceu, na verdade, num dia 15 de junho. Depois, mudou a data para 1º de abril, piada sua que virou verdade. 

Filho mais velho de Bernardino de Sousa Paranhos, trombonista da Polícia Militar e de dona Pauladina de Assis Moreira.Carioca da Tijuca, criado no Morro do Salgueiro, só iniciou os estudos aos nove anos, mas abandonou a escola aos onze anos, quando o pai faleceu. Foi empregado de fábricas, tecelagens e chofer de praça e de ambulância.

Considerado o criador do samba-de-breque, Moreira da Silva iniciou sua carreira em 1931, com Ererê e Rei da Umbanda. Em 1992, foi tema do enredo da escola de samba Unidos de Manguinhos. Em 1995 gravou “Os 3 Malandros In Concert” com Dicró e Bezerra da Silva, aos 93 anos de idade.

Em 1996, foi tema do livro Moreira da Silva – O Último dos Malandros. Com 98 anos de idade, ainda se apresentava em shows. Participou do histórico disco de Chico Buarque de Holanda, a “Ópera do Malandro” de 1979, fazendo dueto com o próprio Chico.

Andava sempre com a indumentária de malandro, personagem mítico de um Rio de Janeiro que já não existe há meio século mas que ele ajudou a consolidar: terno de linho (obrigatoriamente S-120, o melhor) branco, camisa colorida, eventual gravata escura, lenço saindo do bolsinho superior do paletó, lado do coração, chapéu panamá, com faixa escura, de cetim, sapatos brancos, eventualmente bicolores.

Transformava-se. Fazia valer aquilo da identidade secreta que os quadrinhos exploram: ao vestir o uniforme do malandro, virava ­ breque ­ Kid Morengueira, pronto para defender as mocinhas e desacatar os rufiões. 

Apesar da fama de malandro, Moreira trabalhou desde cedo. Perdeu o pai aos 13 anos e parou de estudar para ajudar no sustento da família. Estava aposentado do serviço público desde 1959 e orgulhava-se de não ter faltado ao trabalho nem um dia por causa da boemia, mesmo se dividindo entre programas de rádio e shows nos anos 40 e 50. O fato é que Moreira da Silva sempre teve emprego fixo. Não confiava na música para sobreviver.

Em 1995, gravou um disco engraçadíssimo, com Dicró e Bezerra da Silva: “Os Três Malandros in Concert”, uma gozação com os três tenores ­ Pavarotti, Domingo e Carreras. 

Opiniões de Moreira da Silva:

Nem aço nem pau de fogo. Arma branca só gilete, para fazer a barba. Arma de malandro é a saliva, o papo, a baba do quiabo.”
(“Veja”)

Esse negócio de pagode só vale o balanço. As letras são muito fracas, é só essa conversa mole de cama, parece prostituição.
(“Folha de S. Paulo”)

Acho que vou cantar até fazer a minha passagem. Só no além é que se descansa. Mas não é nada disso, minha gente, eu estou de habeas corpus preventivo contra o Zé Maria (morte) até o ano 2000, gastando óleo 60, porque comigo não tem fit nem nick, because I am wich, but not sick. Minha pressão é 12 por 7 e meu colesterol, more or less.”
(“Última Hora”)

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