Ibama veta estudos de empresa para exploração de petróleo em área de corais no rio Amazonas

Corais recém-descobertos estão próximos de áreas de perfuração (Foto: ©Greenpeace)

Por John Pacheco

O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) rejeitou pela terceira vez os estudos de licenciamento ambiental apresentados pela empresa Total, vencedora da licitação para estudo e exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, na costa Norte do Amapá.

Entre as recomendações listadas em despacho na noite de segunda-feira (28), o Ibama cobrou mais esclarecimentos sobre as ações efetivas para evitar impactos na região com possíveis vazamentos de óleo, que podem atingir a imensa área de corais recém descoberta na região, que tem cerca de 9,5 mil quilômetros quadrados, iniciando no Amapá e seguindo até o Maranhão.

Em nota, a francesa Total informou que está avaliando o pedido do Ibama recebido pela empresa nesta terça-feira (29). A petroleira completou que atualmente o processo de licença ambiental segue em andamento.

Estruturas podem ser encontradas a 100 quilômetros da costa do Amapá (Foto: ©Greenpeace)

As recomendações com dez pendências no estudo de impacto foram assinadas pela própria presidente do Ibama, Suely Araújo. O não prenchimento das solicitações pode impedir a emissão da licença para atuação nos blocos, localizados no litoral dos municípios de Calçoene e Oiapoque.

“A modelagem de dispersão de óleo, por exemplo, não pode deixar qualquer dúvida sobre os possíveis impactos no banco de corais e na biodiversidade marinha de forma mais ampla”, destacou a presidente do Ibama, acrescentando riscos à países vizinhos como Guiana Francesa, Guiana, Venezuela e Suriname.

A Total é a empresa do consórcio, junto com a Petrobras e a inglesa BP, que têm blocos mais próximos dos recifes amazônicos. A petroleira tem ao todo cinco áreas para exploração.

Corais existem na costa do Amapá (Foto: Divulgação/Greenpeace)

Corais da Amazônia

Identificados em 2016, o ecossistema considerado único está localizado há 100 quilômetros da costa, podendo ser percebido há 220 metros de profundidade. A estrutura do recife é formada por esponjas, corais e rodolitos, além de um grande paredão de carbonato de cálcio.

Como são de água barrenta, eles têm características próprias até então nunca vistas na ecologia marinha. A extensão dos corais é cerca de 20% maior que a região metropolitana de São Paulo.

Para o Greenpeace, que realizou uma expedição submarina na região no início de 2017, os recifes estão ameaçados pelo fato de estarem localizados dentro dos lotes a serem explorados pelas petrolíferas. A viagem da entidade foi a primeira a descer na área.

Fonte: G1 Amapá

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