ALMAS MALVADAS
O mundo está sujo de gente má
Oh arte me diga pra onde eu fujo?
A gente carece de se abrigar
Poeta é um gauche estapafúrdio
Ao foco embaçado do vil olhar
Do rei desumano do vão repúdio
Senhor do império crepuscular
Algoz contumaz do meu prelúdio
Oh arte qual casa a nos abrigar?
Não temos a sorte do caramujo
Que leva nas costas seu doce lar
Levando consigo o seu refúgio
Mas temos a dádiva de entoar
Doar, dividir entre todo mundo
Canções e palavras lavradas, ó pá!
No livre canteiro fértil fecundo
O mundo está sujo de gente má
E a arte a lavar o bendito-cujo
Com a lágrima rubra a bom rolar
Na face assustada do astro ruivo
Desvia o seu curso para escoar
A lama empoçada do pós-dilúvio
Que almas malvadas, assolará
Regido por asas de anjos plúvios.
Joãozinho Gomes