Poema de agora: BILHA VIVA – Fernando Canto

Foto: Blog da Floresta

BILHA VIVA

Não morro mais de banzo
Nem sofro nos silêncios.
Nem choro por espiralados ventos de memórias.
Sou como fui sempre, parte da tua angústia
E peça-carne do teu sofrimento.
Vínculo de ferro/elo de candura
Âncora/ferrugem/tempo oxidado
Limo esverdeado, se me queres
Pronúncia silabada que sepulto
Em teu armazém de água:
– Bilha viva e intransportável
Que me sacia a sede
À revelia do baque do cipó timbó
Que me cicuta artérias
Que nada sei, eu sei.

Apenas venho inaugurar silêncios
Romper murmúrios e espúrios sons
E desnudar-me diante de ti
Antes de fundir-me em ti em espírito.

Fernando Canto

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