Poema de agora: [[DE] COMPOSIÇÃO DO SILÊNCIO] – Marven Junius Franklin

Imagem: Sandro Barbosa

[[DE] COMPOSIÇÃO DO SILÊNCIO] 

I

Há lembranças que chegam com o silêncio – trazidas
pelos meus mortos que – volta & meia –
se atrevem em meu jantar

(sabemos – querida irmã – pois as deixamos esquecidas
dentro de nossos olhos & de nossos armários
de incoerências).

II

A solidão chega pelos espelhos cavos
& em nuances doentias
que se decompõem na bruma & nos brincos-de-princesa.

III

É madrugada agora!
Sentado no alpendre do apartamento
fico a ver navios

(lembrando deusas – travestidas de brisa – dimanando
esplêndidas pelo rio).

Meu pai dizia
que a morte desce dos quadros distendidos
em paredões de envelhecidos casarios portugueses
do Boulevard Castilho França & evaporam [solenes]
defronte ao Solar da Beira

(assim – cara irmãzinha – adormeço
para ver se os querubins sobrevoam minha cabeça de pedra).

Marven Junius Franklin

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