Poema de agora: Véu – Luiz Jorge Ferreira

Véu

Que pano é esse que carrego na cara como uma mortalha ímpar.
Que dor é essa que domina o medo, que cria segredos, que quero contar, e calo.
Que ausência é essa que a noite queda, e de dia perambula, estranhamente só.
Porque entre todos os que como em Procissão
vagam por seus pensamentos, e em cada momento, se escondem detrás do olhar.
Eu também me mantenho longe e anônimo.


Não reconheço o vento, a chuva, o orvalho, que como eu vagam.
Não tenho sorriso para espalhar ao Sul, ao Norte, ao Sudeste, só procuro ser Ontem.
Só procuro por mim, aonde não estou, só caminho feliz, para onde não vou.
Não há sonhos, não invejo a luz da luz, só organizo passeatas no silêncio, pintado de cinza , nas pisadas cicatrizadas, secas e estilhaçadas, que a nada levam.


Um Marionete esticado entre noites silentes, e olhares plantados no espelho cego, que me reproduz, sem luz, uma cópia, uma chama opaca atras da máscara pregada na cara, essa que grudei atônito na pele da face, e ela impregnou profundamente na alma.

Luiz Jorge Ferreira

 

* Osasco.São Paulo – Dezembro/2020

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