Poema de Quintana, o mestre!


XCVI. DOS HÓSPEDES

Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia…


XCVII. DA CALÚNIA

Sorri com tranqüilidade
Quando alguém te calunia.
Quem sabe o que não seria
Se ele dissesse a verdade…


XCVIII. DA EXPERIÊNCIA

A experiência de nada serve à gente.
um médico tardio, distraído:
Põe-se à forjar receitas quando o doente
Já está perdido…


XCIX. DAS DEVOTAS

Depois de todos os encantos idos,
Lhes chega a Devoção, em vôo silencioso,
Coruja triste que só faz o pouso
No oco dos velhos troncos carcomidos…


[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]

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