Por Paula Monteiro
O artista Ronaldo Rony, 54 anos, diverte a todos com o personagem “Capitão Açaí”, uma paródia de super-herói que reforça seus poderes com uma cuia de açaí com farinha. Além de cartunista, ele também é chargista, quadrinhista, ilustrador e artista plástico.
A superforça do açaí vem acompanhada de um supersono, que faz o super-herói dormir e, em princípio, deixar de atender quem precisa da sua ajuda. No fim das contas, tudo dá certo e ele, mesmo atrapalhado e preguiçoso, acaba resolvendo as situações.
“No início, eu não pensei em fazer o personagem voltado para o público infantil, mas o Capitão Açaí caiu no gosto da criançada. Aí eu passei a ter mais cuidado com as histórias e sempre procuro deixar alguma mensagem positiva, de respeito, de cidadania, de solidariedade. Neste período de pandemia, por exemplo, o Capitão Açaí foi muito acionado para alertar sobre os cuidados que se deve ter”, conta.
O personagem foi lançado em formato de fanzine tradicional, uma revista feita sem auxílio de computador, desenhada direto no papel e reproduzida com impressão xerográfica.
Nascido em Curuçá (PA), o artista se criou em Belém e há 23 anos mora em Macapá. “Quando criança, tive atração por vários gêneros de desenho e as histórias em quadrinhos tiveram extrema importância, inclusive aprendi a ler num gibi. Criei personagens que iam de caubói a herói espacial, passando por craque de futebol e troglodita”, lembra.
Ele conta que começou a desenhar, repetindo o caminho da maioria dos desenhistas: copiava as histórias e personagens, como Batman e Homem-Aranha, tentando desenhar dentro do mais profundo realismo. Com o tempo, Ronaldo Rony passou a se interessar pelo desenho mais solto, caricato, com boneco narigudo e temas voltados ao humor.
“Passei a desenhar cartum, charge e fazer quadrinhos de humor, o que me levou a ser cartunista. Apesar de desenhar desde muito cedo, considero o marco inicial da minha carreira a publicação de uma charge na Xibé, página dominical do jornal A Província do Pará, que publicava desenhos de humor. Essa foi minha estreia, em 1986, aos 20 anos de idade”, disse.
“Tenho várias referências e uma das mais fortes é o Henfil, cartunista mineiro já falecido, que tinha um traço bem particular, original. Ele atuou durante o período da ditadura militar e fez uma resistência bem lúcida à censura e à falta de liberdade que existia na época”.
Atuação em movimentos e coletivos
Em Belém, o cartunista participou de diversos projetos independentes de fomento à cultura, como o Galrar Cultural (1988), que envolvia diversas modalidades artísticas; o Marambuzá, que acontece regularmente e tem o mesmo viés: mostrar o maior número de artes e dar espaço para quem está iniciando. Em Macapá, ele participa do Grupo Urucum, Catita Clube, Espaço Caos, Festival Imagem-Movimento (FIM), AP Quadrinhos e Cartunistas Amapá.
Ronaldo Rony ainda participou de salões de humor de Piracicaba (o mais tradicional do Brasil), Rio de Janeiro, Volta Redonda, Ceará, Pernambuco, Belém e vários outros. Fora do Brasil, foi selecionado nos salões da Sérvia e do Uruguai. Ganhou o prêmio de primeiro lugar no Salão de Humor Ri Guamá-Pará (1992), e o Salão de Humor de Bragança/PA (2004), ambos prêmios em dinheiro.
Livros e outras publicações
Ronaldo Rony já teve páginas e espaços em diversos jornais e revistas de Macapá, como Identidade Marginal, Gilete no Pulso!, Feliz Natal é o Caralho!, as revistas do Capitão Açaí e Mixtureba Comix (publicação do coletivo AP Quadrinhos). Em Belém, lançou as fanzines Pai d’Égua!, Humor Sapiens e PUM!
O cartunista possui três livros lançados: Ícaro, Liberdade Ainda Que Nunca! (história em quadrinhos); A Chave da Porta da Poesia (literatura infantil em parceria com a poeta paraense Roseli Sousa); e Papo Casal (cartuns sobre relações amorosas).
Projetos futuros
“Tenho um projeto de publicação de um livro em parceria com os cartunistas Paulo Emmanuel (de Belém) e Junior Lopes (paraense que mora em São Paulo). Livro este ainda em fase embrionária. Tenho o desejo de lançar dois livros futuramente: MusiCartum, com o tema música, e Livro Livre, sobre pássaros e liberdade”, adianta.
Fonte: Portal Égua, mano!