Defina: dança (sobre o filme Wall-E) – Crônica/resenha de César Cardoso

Crônica/resenha de César Cardoso

Muito mais que “bonitinho”, Wall-E é, pra mim, um filme que fala muito sobre transformação. Transformação de pensamento, comportamento e vida. Acho que é essa a parte mais interessante: as pequenas transformações que ele vai causando nos personagens ao longo da história. Assim como o robozinho, certas pessoas que passam pela nossa vida, acabam por ocasionar pequenas revoluções. Gestos simples que aparentemente não fazem o menor sentido em um primeiro momento, mas que depois de um tempo nos mostram que a vida é sempre maior do que imaginamos e, portanto, sempre nos guarda uma surpresa e nos deixa com aquela sensação de “pqp! como eu não sabia disso!?”. Acho que deve ser por isso que não gosto de dormir. A impressão que tenho é que, de alguma maneira estranha, estou perdendo algo importante.

De repente, Wall-e pede passagem para uma moça que estava em sua cadeira e ela, ao ter o seu monitor quebrado, descobre que dentro da nave tem uma piscina. Assim como, mais tarde, ela descobre quantas estrelas pode ver da janela e um mundo novo se abre diante dos seus olhos. Assim como abre a cabeça do comandante que, ao descobrir que o planeta terra é o seu verdadeiro lar e, portanto, algo que vale a pena lutar para ter de volta. Ele descobre também que, assim como todos os habitantes da nave, ele não vivia. Era apenas uma amostra de seres que sobreviveram e seguiram adiante depois de uma catástrofe ambiental ocasionada pelo excesso de lixo. 700 anos não foram suficientes para a limpeza do planeta, mas foram para uma mudança de comportamento. Antes tarde do que mais tarde.

Talvez as pequenas mudanças de comportamento sejam mesmo responsáveis pelas maiores revoluções em nossas vidas. Uma música que ouvimos, a palavra de um amigo, um cara estranho que nos dá um “bom dia” ou nos dá passagem… Esses pequenos “Wall-E’s” estão todos aí e raramente nos damos conta disso. Isso me lembra que, há um tempo atrás, escrevi aqui sobre quais foram os meus.

Quais formam os seus?

Fonte: Retratismo do Cotidiano.

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