Em parceria com Exército Brasileiro, docentes da Unifap e da UFG realizam grande trabalho de campo na fronteira franco-brasileira

Grupo de docentes da missão na frente da aduana francesa na Ponte Internacional. Da esquerda para direita: Jadson Porto, Camilo Pereira, Rosilene Furtado, Yurgel Caldas e Gutemberg Silva. Fonte: Trabalho de Campo, 2022.

Já não é novidade que o trabalho de campo, ou seja, aquele momento no qual discentes e docentes vivenciam realidades práticas do universo acadêmico em que convivem, é uma importante ferramenta pedagógica. Entre os dias 21 e 28 de abril do corrente ano, os docentes da Universidade Federal do Amapá (Unifap) Gutemberg Silva (coordenador da missão), Yurgel Caldas, Rosilene Furtado e Jadson Porto, em parceria com Camilo Pereira Carneiro, docente da Universidade Federal de Goiás (UFG), realizaram – em parceria com o Exército Brasileiro (EB) – duas atividades de campo na fronteira franco-brasileira. Além das atividades com os discentes, os docentes Gutemberg Silva e Camilo Pereira tinham atividades de pesquisa para realizar para projetos de pesquisa do Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Tecnológica (CNPq) e do Observatório Homem Meio Ambiente da Guiana Francesa (OHM-Oyapock), destacando os efeitos da pandemia de COVID-19 na circulação de pessoas e produtos na fronteira franco-brasileira.

Ônibus da missão percorrendo trecho não asfaltado da BR 156. Fonte: Trabalho de Campo, 2022.
Início da missão de observação ao longo do rio Oiapoque. Fonte: Trabalho de Campo, 2022

Duas turmas de graduação em Relações Internacionais e discentes convidados dos cursos de História, Geografia e Ciência da Computação, totalizando 40 alunos, percorreram o trajeto de Macapá ao Oiapoque em ônibus da Unifap com uma caminhonete de apoio, numa trajetória que, por si só, já mereceria um relato bastante amplo. Dois relatos merecem destaque: em Calçoene, houve um problema técnico: um dos pneus estourou, ficando imprestável, o que nos rendeu duas horas de atraso e uma logística para conseguir substituir pelo estepe a fim de seguir viagem, o que ocorreu com a agilidade da Unifap em Oiapoque, resolvido através de uma chamada telefônica a partir do local do fato; segundo destaque foi o almoço para um grupo tão grande (40 alunos e cinco pesquisadores – num total de 45 pessoas) – com toda a agilidade possível, que somente se concretizou com o acordo entre o grupo e a dona Selma, proprietária do restaurante Sabor Regional, em Calçoene, que forneceu alimentação para o referido grupo.

Todo o grupo da missão com a pick-up da UNIFAP e a banner para destacar a participação da UFG. Fonte: Trabalho de Campo, 2022.

Ao chegar em Clevelândia do Norte, sede do Comando Especial de Fronteira (CEF), e onde todo o grupo foi alojado, recebemos as informações gerais de nossa programação por meio de nosso anfitrião, o capitão Silva Pinto. No dia seguinte, iniciaram-se as atividades com muitas palestras e reflexões acadêmicas em Saint-Georges, na Guiana Francesa, e em Clevelândia do Norte, no auditório do próprio CEF.

• As atividades em Saint-Georges

No dia 22 de maio, pela manhã, as atividades foram concentradas nesta cidade francesa. O grupo teve a oportunidade de cruzar, a pé, a ponte binacional e realizar vários registros fotográficos. Naquela oportunidade, reunimo-nos com vários agentes de segurança da França (Gendarmerie, Polícia de Fronteira, Aduana), os quais expuseram suas competências, as grandes demandas de combate e controle na fronteira e as proposições para a cooperação com o Brasil.

Palestras com representantes de segurança da França na Guiana Francesa. Fonte: Trabalho de Campo, 2022.

• As atividades em Clevelândia do Norte

Após a incursão na França, à tarde concentramos nossas atividades em Clevelândia do Norte. Neste momento, diversas agências de atuação brasileiras na fronteira expuseram suas competências e as questões atinentes ao trabalho na fronteira. Estiveram presentes representantes da Polícia Militar, da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros Militar do Amapá, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, do IBAMA, do ICMBio, da Marinha do Brasil e – é claro – do Exército Brasileiro.

Palestras com instituições de segurança pública e de controle e fiscalização ambiental em Oiapoque. Fonte: Trabalho de Campo, 2022.

Representantes das instituições que palestraram em Clevelândia. Fonte: Trabalho de Campo, 2022.

No dia 23 de abril, as atividades se concentraram nas observações sobre a dinâmica da fronteira. Pela manhã, o grupo realizou missão no curso do rio Oiapoque, momento no qual se conseguiu: realizar entrevistas e conhecer um pouco da dinâmica indígena na aldeia Ariramba; percorrer – andando – a cidade de Saint-Georges; e deslocar-se para a cachoeira La Rochelle. À tarde, já cansados das intensas atividades, o grupo realizou duas visitas para conhecer um pouco da cidade de Oiapoque: a primeira foi na loja Chocolates Cassiporé, onde foi possível conhecer o processo de produção à base de cacau nativo na região do rio Cassiporé (no município de Calçoene); e a segunda na Chácara do Rona, um conhecido balneário com bar, restaurante e pousada, onde tivemos momentos de descontração.

Palestra na aldeia indígena Ariramba com as professoras Madalena e Fátima. Fonte: Trabalho de Campo, 2022.

Após percorrer as poucas ruas da pequena cidade de Saint-Georges, o grupo registrou a visita com essa imagem na praça. Fonte: Trabalho de Campo, 2022.

• Considerações do primeiro trabalho de campo

Depois de um intenso debate e de profundas reflexões ao longo desses dias, a partir das observações realizadas, o grupo retornou bastante satisfeito com o que conseguiu produzir. No dia do retorno, dia 24 de abril, houve um café da manhã com o Exército, momento em que foi feito um balanço (mais que positivo) da missão.

A discente Sarah Yolanda entrega um presente dos alunos ao Capitão Silva Pinto, momento de despedida do grupo. Fonte: Trabalho de Campo, 2022.

O segundo trabalho de campo (24 a 28 de maio de 2022)

Com o retorno do grupo para Macapá, um destacamento de oito integrantes (três docentes e os demais discentes) permaneceu em Clevelândia do Norte para realizar a segunda etapa da missão: percorrer o rio Oiapoque até Vila Brasil, um distrito de Oiapoque distante cerca de cinco horas de voadeira subindo o rio. Após uma viagem cansativa, mas prazerosa, o grupo realizou entrevistas com habitantes de Vila Brasil e de Camopi, este um município da Guiana Francesa, fundamentalmente composto de população indígena.

Na foto, o grupo que permaneceu em missão e realizou trabalho de campo em Vila Brasil. Fonte: Trabalho de Campo, 2022.

Na foto, o grupo que permaneceu em missão e realizou trabalho de campo em Vila Brasil. Fonte: Trabalho de Campo, 2022.

• Considerações sobre todas as atividades

A primeira reflexão geral que precisa ser destacada é o apoio institucional. Se não fosse todo o aparato fornecido pela Unifap (ônibus, caminhonete, van, motoristas, diárias e ajuda de custo aos discentes) e pelo Exército Brasileiro (alojamento, alimentação, organização, voadeiras, etc.), uma atividade tão complexa como esta não seria possível. A segunda reflexão é a necessidade de mencionar o apoio de todas as instituições envolvidas nas atividades, francesas e brasileiras, pois sem elas as palestras e o entendimento sobre cooperação internacional e Amazônia não seriam possíveis em nossa missão. O balanço geral é de que atividades como esta precisam ser rotineiras, considerando o volume de aprendizado, a cooperação interinstitucional e o trabalho integrado entre docentes de diferentes cursos da Unifap.

Gutemberg Silva ([email protected]), Yurgel Caldas ([email protected]), Camilo Pereira, Jadson Porto e Rosilente Furtado.

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