Filme amapaense retrata a realidade da violência contra a mulher

‘Marcas da vida’, é um filme genuinamente amapaense, que trabalha com a perspectiva e o tema de combate a violência contra a mulher. A película é feita de forma independente por artistas locais e nacionais e também utiliza atores não profissionais nas filmagens.

O filme é todo rodado na cidade de Laranjal do Jari, no sul do estado e conta entre muitas histórias um caso de violência contra a mulher.

O diretor do filme, Dios Furtado, falou sobre o tema principal e como partiu a ideia de fazer um filme no Amapá, e como sua gravação durou mais de cinco anos e todas as dificuldades já vivenciadas.

“Estamos na batalha desde 2018 com a proposta de gravar um filme que viesse com as temáticas de combate a violências. Até então, tínhamos o tema violência doméstica. Em 2018, depois que conseguimos juntar a turma toda, Wanderson Viana, Kássia Modesto, que abraçaram a causa conosco. Na época, Marcelo Luz também estava junto conosco. Partimos para Laranjal do Jari para fazer um projeto totalmente independente, sem recursos, sem parceiros, com o mínimo da maquinaria cinematográfica. Conseguimos realizar, eu digo, mas um projeto piloto, como o Wanderson falou, conseguimos juntar muito material. Ficou meio como um projeto de laboratório. E devido à escassez, na época para nós, dessa maquinaria básica do cinema, nós resolvemos não lançar o filme, E já agora, em 2023, iniciamos uma retomada com marcas da vida, veio a proposta com todo um roteiro, onde eu me descabelei junto com o Wanderson, para que a gente, então, conseguisse, em tempo, terminar o roteiro. Que foi muita correria desde abril que eu estou assim focado”, contou.

A atriz amapaense Kássia Modesto, que dá vida a uma das principais personagens da trama, contou como foi dar vida a uma mulher vítima de violência e como a vida de seu personagem pode ser um alerta para muitos casos.

“Então a Patrícia, ela me traz muitas memórias afetivas. Eu vou dizer, assim, não posso dar muitos spoilers, mas eu vou dizer que tinham cenas muito fortes, aonde eu terminava e não era um contato direto que eu tinha. O feminicídio, a violência doméstica nunca esteve presente na minha vida, na minha rotina, mas era incrível quando terminavam as cenas mais fortes, eu precisava de um tempo pra eu me desvencilhar daquele sentimento, daquela emoção. Porque o personagem, ele trazia, eu tentava brincar um pouquinho com memórias, tentava trazer coisas, eu não digo memórias afetivas, mas memórias que, de fato, me levassem pra um lugar que fosse brindar, digamos assim, coroar as cenas da Patrícia, né? Então, trazer um pouco de memórias. Memórias que não fossem minhas, reais, porque eu não gosto de trabalhar muito dessa forma, mas trazer situações que me remetessem a esse momento mais delicado, mais tenso e tal. Mas ainda que não fossem memórias minhas, a coisa demorava muito pra desprender, porque era uma coisa que tava na carne, na pele, sabe? Essa coisa de você saber que você tá interpretando uma coisa que pra ti é falso, pra ti não faz parte da tua história, mas pra milhares de mulheres é a vida, é a rotina delas, assim, então pra sair daquilo depois era um pouquinho mais difícil, sabe? Vinha de fato, quando eu falo da pele, é porque eu sentia na pele, a pele arrepiava, a pele doía de fazer essas cenas mais intensas da Patrícia” , contou.

Equipe envolvida no filme – Foto: Divulgação

O filme contou com a participação do ator da Rede Globo Waldo Piano, que deu vida ao personagem Joel da novela VAI NA FÉ, e do ator da Rede Record Mario Cardona Jr, que atualmente da vida ao personagem Rei Umma, na SERIE REIS, mas também contou em sua maioria com atores não profissionais, o filme atualmente está em fase de pós-produção, o projeto foi beneficiado pela lei Paulo Gustavo de incentivo à cultura, foi todo rodado em Laranjal do Jari, sul do estado do Amapá.

Marcelo Guido Jornalista.

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