Hoje é dia da Maria. Da Maria Izabel – Por Telma Miranda – @telmamiranda

Por Telma Miranda

Falar de Maria Izabel, ou simplesmente da BEL, é falar de uma mulher que sempre esteve à frente de seu tempo, feminista quando sequer se ouvia falar do termo, empreendia antes do verbo ser tendência, trabalhava, criava, transitava e brilhava, quando a regra era a mulher estar atrás ou se deixar subjugar.

Durante MUITO tempo eu fui filha dela, que só tinha um filho, o Aurélio, dois anos mais velho que eu. Apresentadora na TV Amapá, eu criança amava ir junto quando ela ia apresentar o jornal e ver a mágica acontecer, que era o que minha cabeça infante imaginava ser o processo de capturar a imagem e transmitir nas televisões.

Cerimonialista requisitada, eu acompanhava a produção dessa mulher linda, por dentro e por fora, a maquiagem, as roupas glamourosas, o cabelo sempre impecável e sonhava crescer e ser como a BEL, que apresentava bailes e eventos diversos e que sempre fez tudo que se propõe a fazer, muito bem feito.

Jornalista, feminista, sempre antenada com a moda, tanto que estudou designer e desenhou coleções de repercussão nacionais, sempre valorizando as raízes amazônicas. Exigente, principalmente consigo, sempre procurou/procura ler, estudar, se aprimorar, melhorar cada vez mais, como se o diamante que é precisasse de mais lapidação.

Com ela aprendi TANTA coisa. Aprendi a ser dona de mim mesma, que tenho voz e vez, aprendi que tenho o direito de tentar até conseguir, aprendi que posso subir e descer, entrar e sair, sempre com gentileza, elegância e educação, aprendi a ser vaidosa, aprendi que a vida é feita de cores e nuances que eu mesma devo usar onde eu quiser.

Aprendi que posso mudar de ideia. Aprendi que mulheres sempre serão julgadas e diminuídas e que precisamos nos unir sem julgar, e sua preocupação com a causa era tanta que fundou Instituto de Mulheres do Amapá, primeira instituição que tive contato ainda criança com conceitos que foram determinantes pra a formação de meu juízo de valor como mulher.

Aprendi que posso ser vaidosa, bonita, inteligente, feminina e ao mesmo tempo forte, determinada, aguerrida e feminista. Aprendi tanto que quem a conhece, a enxerga em mim, nos meus gestos, jeito e trejeitos e quando isso acontece eu me encho de orgulho pois parecer com ela me honra muito.

Aí veio a Mari e eu “fiquei pro canto”, mas a felicidade dela, mesmo com tantas dificuldades diante da fragilidade de sua então bebê, era linda de se ver. E a Mari tá aí cada vez mais linda, fazendo par com o Au, deixando essa mulher que sempre foi plena e completa, ao lado do Paulo, seu marido, mais realizada ainda.

Hoje é dia da Maria, como eu a chamo carinhosamente para pegar no pé dela. Hoje é dia da Maria Izabel, minha tia, irmã amada da minha mãe, Miranda raiz, cheia de amor, cuidado, que sempre acarinha e com quem já tive grandes conversas e enormes lições.

Hoje é dia dessa mulher que eu amo muito e me orgulho de ser sobrinha, de quem já fui filha emprestada e que sempre terá um espaço especial na minha vida e história. Te amo MUITO, Maria! Um abraço quente pra ti, aí em Curitiba, pra aliviar o frio e aquecer teu coração.

* Telma Miranda é advogada, fã de literatura, música e amiga deste editor.