Juventude amapaense busca destaque dentro da COP 27 no Egito

Acontece entre os dias 06 e 18 de novembro a 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas, a COP 27. O evento busca debater medidas para reduzir as mudanças climáticas e suas consequências. A mitigação e adaptação aos efeitos da crise climática estão entre os objetivos principais do encontro, mas a grande meta deste ano é passar da fase de negociação para a implementação de ações concretas. A conferência abre portas para que jovens amapaenses levem até Sharm el-Sheikh, no Egito, propostas para fortalecer a discussão e a participação nas tomadas de decisões sobre os seus territórios.

As mudanças climáticas vêm nos afetando gradativamente todos os dias. O crescimento das ocorrências de ondas de calor, alagamentos, secas, derretimento das calotas polares, aumento do nível do mar, chuvas espaçadas ou intensas, são fenômenos que refletem a instabilidade do clima. Além disso, as mudanças climáticas impactam também a produção de alimentos, influenciando nos preços e agravando a insegurança alimentar, como explica a ativista ambiental Hannah Balieiro e diretora executiva do Instituto Mapinguari.

“Nós estamos lutando para que esse aumento não ultrapasse 1,5ºC de temperatura. Devido a instabilidade climática e a reação em cadeia que vai acontecendo com o aquecimento do planeta. Ou seja, as mudanças climáticas influenciam na geração de energia e na produção de alimentos. Hoje, agricultores já sentem a dificuldade no cultivo de algumas espécies devido a imprevisibilidade do clima, implicando no desabastecimento dos alimentos”, comenta a ativista.

A preocupação em como nós estaremos inseridos dentro desse contexto um tanto caótico, leva todos os anos, cientistas, governos, ativistas e empresários a se reunirem para encontrar soluções urgentes para a humanidade. As COPs são esses espaços, onde a juventude vem ganhando ainda mais protagonismo a cada ano.

Entre os objetivos discutidos neste ano na COP 27, o foco está na mitigação, ou seja, aliviar os efeitos das mudanças climáticas na vida social. Criar ações em que impeça que a temperatura ultrapasse 1,5ºC. Atrelada à mitigação, está outro objetivo da COP 27, discutir a adaptação, a infraestrutura, o modo de vida e dos sistemas naturais à mudança do clima e seus efeitos. Nesse sentido, Hannah fala sobre a necessidade da Amazônia nessa discussão.

“A região amazônica, assim como o Brasil, sofreu uma ocupação colonial. O que a gente tem de infraestrutura urbana foi inspirado em regiões de fora daqui. Quando observamos a aplicabilidade delas, acabamos por perceber que nem tudo deu certo. Pois não se aplica ao relevo, clima e geografia local. Por isso é tão importante para nós, enquanto pessoas da Amazônia, que possamos ser capazes de pensar soluções para a nossa região”, diz Hannah.

Em 2021, o Instituto Mapinguari esteve na COP 26, em Glasgow, na Escócia. Realizou, junto a 46 instituições da PanAmazônica, o lançamento do ”Manifesto Jovens Vozes da Amazônia para o Planeta”, um documento que defende a autonomia dos povos da floresta e a sociobiodiversidade. Também esteve envolvido nas agendas do movimento negro, assinou a carta manifesto “Para Controle do Aquecimento do Planeta Desmatamento Zero: Titular as Terras Quilombolas é Conservar” da Coalizão Negra por Direitos.

Neste ano, o Instituto Mapinguari volta à COP levando a discussão sobre a atuação da juventude nas tomadas de decisões dentro de áreas protegidas. Alcançando o propósito de empoderamento climático por parte dos jovens amapaenses, adotando medidas para fortalecer a educação, conscientização e participação de todos nos debates sobre o meio ambiente.

A juventude também pode estar inserida dentro da discussão sobre o financiamento climático, cobrando que sejam aprovadas políticas públicas que promovam o fortalecimento comunitário. Nesse objetivo, segundo o Acordo de Paris, os países desenvolvidos deverão prover financiamento para os países em desenvolvimento desenvolverem ações de mitigação e adaptação climática.

“As eleições foram um passo importante para debater questões de clima, conseguimos eleger um representante que possui grande reconhecimento internacional. A confirmação da presença do presidente eleito na COP 27 traz esperança sobre o que será decidido para a Amazônia. Ou se a gente conseguirá acessar um financiamento climático que vai se traduzir em política pública alinhada com a nossa realidade”, alerta Hannah.

Outro ponto importante que o Instituto Mapinguari busca levar para a COP 27 diz respeito a importância da criação de áreas de proteção ambiental como medida de mitigação da crise climática. Mostrando o potencial do Amapá como o estado mais conservado e o que menos emite gases do efeito estufa, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG). O Governo do Amapá já se posicionou quanto à participação na conferência do clima deste ano. Fará parte do bloco composto por outros governadores da região norte no Consórcio da Amazônia Legal.

Segundo o governador do Amapá, Waldez Góes, presidente do consórcio, as temáticas levadas para a COP 27 foram construídas em parceria com organizações. “O esforço é que o posicionamento dos estados da Amazônia tenha unidade, uma vez que, ao relacionarmos agendas comuns, é prudente que nós nos apresentemos como Consórcio, defendendo as temáticas centrais, alinhando nossa abordagem”, ressalta Góes.

Dentre as temáticas que serão levadas pelo consórcio da para o evento estão: as medidas de prevenção e controle do desmatamento e incêndios florestais; políticas de clima, adaptação e mudanças climáticas; financiamento climático, mercado de carbono e recursos para fortalecer as políticas estaduais; políticas de produção sustentável e fortalecimento da bioeconomia; conservação e restauração florestal/biodiversidade; e salvaguardas socioambientais.

Fonte: Diário do Amapá.

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