Moedas e Curiosidades: “A Tomada de Caiena” – Por @SMITHJUDOTEAM

Por José Ricardo Smith

Recentemente adquiri uma peça produzida pelo saudoso Pedro Pinto Balsemão, um gravador bastante conhecido no meio numismático por fazer réplicas de moedas raras e famosas, é uma copia feita em madeira, de uma linda medalha produzida para homenagear a tomada de Caiena pelos portugueses em 1809.

Em 1° de maio de 1808, a família real portuguesa já estava instalada no Brasil, a nova sede do Reino de Portugal, que pretendia ser “um império poderoso, cheio de prestígio e que garantisse a segurança de seus súditos”, D. João VI declarou guerra a Napoleão e os franceses, e considerou nulos os tratados assinados anteriormente com a França. Com o objetivo de ampliar seu império na América, eliminar a ameaça francesa e, ao mesmo tempo vingar-se da invasão napoleônica em Portugal, D. João VI resolveu ocupar a Guiana Francesa, incorporando-a aos seus domínios.

Para tanto, enviou uma força militar com o objetivo de restabelecer os limites entre o Brasil e a Guiana Francesa. Recebendo reforço naval da Inglaterra, as forças portuguesas partiram para o ataque.

O primeiro combate entre as forças terrestres portuguesas e francesas ocorreu em 15 de dezembro de 1808, nas margens do rio Aproak, que resultou na tomada de duas embarcações de carga francesas. Nas semanas seguintes são tomadas todas as fortificações francesas do rio Maroni, uma após outra, sempre com grande resistência.

A 6 de janeiro de 1809 a coluna portuguesa ocupa o forte “Diamand”, e em 7 de janeiro o forte “Dégard des Cannes” e no dia 8, cai o forte “Trió”, todos na ilha de Caiena.

Estabeleceu-se então o cerco à capital da Guiana Francesa, onde o governador Victor Hugues tinha reunido todas as suas forças, numericamente comparáveis às portuguesas, contando com 500 soldados de linha, auxiliados por dezenas de civis armados e algumas centenas de escravos libertos e armados no último momento pelos seus senhores franceses. Os franceses esperavam resistir na capital da colônia o máximo de tempo possível. Mas Hugues estava isolado, sem reforços e nem apoio da sua cidade, e em 12 de janeiro de 1809 os franceses se renderam, quase sem ter chegado a combater, é assinado em Bourda a sua rendição. Esse conflito é considerado como “batismo de fogo” do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil.

Essa ocupação permitiu o acesso do governo português, a mudas e sementes de especiarias de grande valor econômico para a época, e que eram cultivadas pelos franceses. Da mesma forma, foi trazida de Caiena uma nova espécie de cana de açúcar, muito mais produtiva do que as usadas pelos portugueses e que se tornou base de boa parte da economia colonial.

Em 1817, Portugal e França restabeleceram acordos diplomáticos que incluíram a devolução da Guiana.

* José Ricardo Smith é professor e numismático.

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