Negros e negras amapaenses viram foco de exposição fotográfica

Até o dia 20 de dezembro os amapaenses amantes de fotografia podem desfrutar da exposição fotográfica “Identidade”, Preces, Louvores e Batuques do Quilombo do Curiaú revelam a identidade amapaense através dessa exposição fotográfica.

Após despertar a atenção, curiosidade e interesse de espectadores nas cidades de Recife-PE, Rio de Janeiro-RJ e Fortaleza-CE, por onde circulou através do projeto Preces, Louvores e Batuques do Quilombo do Curiaú, que foi selecionado no Edital de Ocupação das Unidades da Caixa Cultural 2019-2020, o fotógrafo Paulo Rocha traz ao Amapá o projeto.

A ideia é proporcionar a sociedade amapaense um mergulho em sua própria ancestralidade. A exposição faz parte de um projeto de difusão da cultura presente no Quilombo do Curiaú, evidenciando a visualidade contida nas manifestações do Batuque e do Marabaixo, seus ritos sagrados e profanos, seus mestres e mestras, sua identidade, seu lugar.

No foco das lentes de Paulo Rocha, negras e negros amapaenses se colocam na condição de protagonistas da história do Amapá, fortalecendo narrativas acerca de sua contribuição na religiosidade, na culinária, na cultura, enfim, no modo de ser do povo daqui.

Através das artes visuais é evidenciada a fé de um povo que pela grande repressão e assédio que sofreram e ainda sofrem, até bem pouco tempo atrás não se assumia enquanto quilombola, negra e adepta de religiões de matrizes africanas. Para isso, Paulo Rocha acompanhado de suas câmeras, lentes e sensibilidade artística, imergiu por 05 (cinco) anos em festas religiosas e profanas, coletando imagens onde o Batuque e o Marabaixo, travestidos em preces, louvores e batuques, exultam a riqueza cultural presente no Quilombo do Curiaú e sua gente.

Como resultado, o artista consegue fotografias que vão além da imagem, apresentam-se impregnadas de uma poesia que faz transbordar o belo, invisível à primeira espiada. Um belo que contrasta com a própria história retratada, regada à preconceito e desvalorização.

De acordo com o fotógrafo, o desejo desta produção cultural é ressaltar a beleza e a diversidade advindas da negritude que miscigenou este país, oprimida pelas culturas de massa com o passar dos anos, transformando o projeto em um processo de autoafirmação. “Aqui, a cultura negra apresenta-se em festa, e para tanto, contaremos com o que temos de melhor, nossa fé e nosso respeito aos saberes e fazeres ancestrais. Vale ressaltar que o Curiaú foi o primeiro quilombo reconhecido no Estado do Amapá e o segundo do país.

Lá, apenas 8 quilômetros da Cidade de Macapá, cerca de 489 famílias remanescentes de quilombolas lutam para manter viva a história dos seus antepassados, seja por meio da oralidade de mestres griôs, por suas festas religiosas ou pela sonoridade do marabaixo, ritmo usado pelos escravos para amenizar o sofrimento nos porões dos navios negreiros e considerado a maior expressão cultural amapaense. Este projeto visa aumentar a autoestima dos moradores do Quilombo do Curiaú, ao reafirmar sua importância histórica para o desenvolvimento regional, que hoje influencia a produção artística local em diversos segmentos artísticos e culturais”, destaca, Paulo Rocha.

Segundo o curador, Claudio Silva, o projeto ressalta a importância do Batuque e do Marabaixo no processo de desenvolvimento social, artístico e cultural do Estado do Amapá, catalogando, divulgando e salvaguardando ritos profanos e sagrados que compõem seus ciclos, através de uma exposição fotográfica que nos possibilite imergir na identidade cultural do estado, ampliando a compreensão acerca do pensamento artístico e do gosto pela arte. “Olhando de fora para dentro, esperamos com a execução deste projeto, possibilitar um amplo conhecimento acerca das culturas populares, tradicionais e identitárias, presentes no Estado do Amapá, inserindo-a no cotidiano da sociedade amapaense, despertando nestes, o sentimento de pertencimento às causas e questões por ela levantadas. Olhando de dentro para fora, esperamos elevar a autoestima de nosso povo negro, evidenciando a beleza intrínseca a seus ritos, sagrados ou profanos. A beleza da fé expressa em cada um deles. A beleza do conhecimento e do respeito à ancestralidade. A beleza da pele negra e do cabelo crespo.”

Além da Galeria D’Paulo&Oliete, no Centro Comercial de Macapá, a exposição também percorrerá espaços culturais da zona norte e do Curiaú com apoio da Secretaria de Estado da Cultura, onde o projeto foi contemplado através do Edital Circula Amapá.

Serviço:

Exposição fotográfica: IDENTIDADE (14 a 20/12/2022)
Artista: Paulo Rocha
Local: GALERIA D’PAULO&OLIETE – Sala Oásis (Av. Padre Júlio Maria Lombaerd, 252. Centro – Macapá – Amapá)
Entrada gratuita – Agendamento através do telefone 96984124600

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *